Na primeira oração pública desde que retornou ao Vaticano
após passar 10 dias em um hospital, onde foi submetido a uma cirurgia no
intestino grosso, o Papa Francisco afirmou ao povo cubano que está "perto
nesses momentos difíceis" e fez um apelo ao "diálogo e à paz"
após milhares de pessoas ocuparem as ruas para protestar contra o governo
cubano.
— Estou também perto do querido povo cubano nesses momentos
difíceis, especialmente das famílias que mais sofrem — disse Francisco na
janela do palácio apostólico na praça São Pedro. — Rezo ao senhor para que
ajude a construir com paz, diálogo e solidariedade uma sociedade cada vez mais
justa e fraterna.
Há quase uma semana, Cuba teve seus maiores protestos desde
1994. Milhares de pessoas foram às ruas contra o governo e a crise
socioeconômica na ilha, em meio ao agravamento da pandemia da Covid-19 e à
escassez de alimentos e remédios. O episódio é raro, tendo em vista que o
regime de Partido Comunista único considera a oposição organizada ilegal.
Durante o discurso no Vaticano, o Papa também disse ao
público presente que eles deveriam fazer uma pause e se desligar do estresse da
vida moderna:
— Vamos parar a correria frenética ditada por nossas
agendas. Vamos aprender a como fazer uma pausa, desligar o celular.
O Papa Francisco havia deixado a Policlínica Gemelli, em
Roma, na última quarta-feira, após passar por uma cirurgia. O procedimento
buscou corrigir um "estreitamento intestinal (estenose) diverticular
sintomático do cólon". Neste domingo, Francisco também expressou sua
"solidariedade" às pessoas afetadas pelas enchentes na Europa que já
deixaram mais de 180 mortos.
A operação à qual o Papa foi submetido ainda sofreu uma
drástica mudança no centro cirúrgico, já durante sua realização. O plano
original era realizar uma cirurgia robótica, técnica sofisticada e pouco
invasiva. Poucos minutos depois do início, no entanto, a equipe identificou que
o problema — um estreitamento no intestino provocado por diverticulite — era
mais grave do que o previsto e tiveram de optar na hora pela operação chamada
"a céu aberto", quando a barriga é cortada.
A diverticulite que levou o Papa a passar pela cirurgia é
uma inflamação na parede do intestino grosso que causa espessamento do órgão,
que fica mais estreito — o que é chamado de estenose, em linguagem médica. É um
problema comum em idosos e que provoca dores ao evacuar.
Ela é corrigida com a remoção da parte afetada e a junção
das pontas do intestino que ficaram soltas. O Papa teve metade do cólon
removido no procedimento, que foi anunciado no próprio dia da cirurgia, 3 de
julho, e, segundo o Vaticano, já estava agendado com antecedência.
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