Jovem de 14 anos também estava no ônibus e sofreu escoriações leves.
Além do casal, pelo menos outras nove pessoas morreram no acidente.
O filho de um casal que morreu no grave acidente com um ônibus na Rodovia
Rio-Teresópolis (BR-116), na segunda-feira (22), ainda não sabe que os pais
morreram no acidente. De acordo com Sandro Henrique da Silva, 36 anos, primo do
casal Edes Moraes da Silva e Lúcia Florindo Turques da Silva, o menino de 14
anos, que viajava com os pais, sofreu escoriações leves e está internado em um
hospital de Teresópolis. “Vamos ter que preparar ele”, afirmou Sandro. Segundo
ele, a família tinha passado o final de semana em
Itaperuna,
no Norte do Estado, e voltava para casa em São João de Meriti, na Baixada
Fluminense, quando aconteceu o acidente que matou 11 pessoas.
De acordo com Sandro, a família ainda não pensa em quais medidas tomar a
respeito do acidente. “Isso a gente não vai pensar agora, nós primeiro queremos
consolar as outras pessoas”, afirmou. Segundo o rapaz, Ilma da Silva Florindo,
que também morreu no acidente, pertencia a família. Segundo a Polícia Civil,
seis corpos já foram identificados e retirados do IML por familiares. São eles:
José Neves Mota, Edes Moraes da Silva, Charles Estellita André, Maria Aparecida
Mota Neves; Ilma da Silva Florido e Lúcia Florido Turques da Silva. Também
foram divulgados os nomes de Jussara Nelon Magacho e Osvaldo Wilson Dias da
Costa, que continuam no IML.
Segundo informações da viação 1001, 18 pessoas continuavam internadas na
manhã desta terça. Das vítimas, 16 estavam no Hospital das Clínicas de
Teresópolis, seis delas em estado grave. Outros dois feridos estão internados
no Hospital Miguel Couto e o passageiro que foi encaminhado para o Hospital de
Guapimirim
já recebeu alta.
No momento do acidente, segundo a diretora do Hospital das Clínicas de
Teresópolis, Rosane Rodrigues Costa, muitas pessoas estavam em pé dentro do
ônibus. “Eles contam que sentiram um cheiro de borracha queimada e aí ficou um
pânico no ônibus. Os que estavam na frente, saíram, levantaram e foram para a
parte do meio e final do ônibus, em pé. Na hora do impacto, as pessoas estavam
em pé, estavam soltas, e isso agravou ainda mais o acidente”, contou.
Técnicos tiveram dificuldade para retirar ônibus do local
Doze horas depois do acidente, técnicos ainda trabalhavam na Rodovia
Rio-Teresópolis para retirar o ônibus da ribanceira. O ônibus só foi retirado
no final da madrugada desta terça-feira. A operação cuidadosa, que envolveu
cerca de 40 pessoas, começou depois da remoção do último corpo, o do motorista.
A rodovia Rio-Teresópolis permaneceu com meia pista interditada e técnico
desceram na mata para fixar cabos de aço ao veículo. Foi necessária a força de
três guinchos grandes para começar a puxar o ônibus lentamente.
No caminho, árvores foram serradas para facilitar os trabalhos. A violência
do acidente deixou o veículo totalmente destruído e os técnicos precisaram
reposicionar os guinchos várias vezes. Foram mais de 40 minutos de tentativas,
até que a rodovia foi fechada nos dois sentidos e o ônibus voltou a ser puxado
para a pista.
O trabalho dos técnicos ficou ainda mais difícil porque as rodas traseiras
estavam travadas e, em função disso, eles não conseguiam arrastar o ônibus. O
problema só foi resolvido perto das 4h da manhã. Agentes ainda limparam a
pista, antes de ser totalmente liberada.
Falha no freio
Peritos de Polícia Civil investigam se o ônibus, que caiu em uma ribanceira,
teria perdido o freio antes do acidente. A falha técnica também é uma das
hipóteses da causa do acidente, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF). A
outra possibilidade é a de o motorista, que também morreu, ter passado mal.
A linha de investigação da PRF é baseada em relatos de
testemunhas, que viram o ônibus, da empresa Auto Viação 1001, descer a serra na
contramão, com o alerta ligado. A técnica de enfermagem Sônia Tambara e o
aposentado Sebastião Tambara seguiam de carro para Teresópolis quando viram o
ônibus descer a serra na contramão. Sebastião diz que desviou, mas mesmo assim
o ônibus bateu na lateral do seu carro. O casal fez o retorno para ir atras do
ônibus e tentar pará-lo, mas não achou mais o coletivo na estrada.
"Descemos a serra até a delegacia e ao chegar lá fomos saber do
acidente", contou Sônia. "A gente ia bater de frente. Descemos
rezando o terço juntos."
Segundo peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli,
o tacógrafo, que registra a velocidade do ônibus, marcava 80 km/h. A velocidade
máxima permitida é de 60 km/h. A polícia também afirmou que não há marcas de
freio.
O ônibus será levado para o pátio da empresa e lacrado ate a polícia ir ao
local fazer uma perícia mais aprofundada. O caso foi registrado na 67ª DP
(Guapimirimx).
A 1001 informou que faz manutenção constante nos veículos e que vai
investigar se o veículo acidentado havia tido o freio inspecionado
recentemente. A companhia disse que vai divulgar o nome dos mortos nesta
terça-feira (23) e disponibilizou para os parentes das vítimas telefones (0800
941 3334, (11) 5060-5610 e (11) 5069-1177) para informações sobre o estado de
saúde dos internados.
O ônibus saiu da cidade de Itaperuna, no Noroeste Fluminense do Rio, às 9h
da manhã desta segunda-feira (22) com 29 pessoas, segundo a 1001. A assessoria
disse ainda que, na hora do acidente, o número de passageiros poderia ser
maior, já que o ônibus parou em outras cidades, como Miracema, Santo Antonio de
Pádua, Pirapetinga e Além Paraíba. O destino do veículo era o
Rio de
Janeiro, com chegada prevista para 16h.