Kelly Monique Lopes Caraline de Almeida foi condenada por júri popular por homicídio qualificado por motivo fútil
A ex-policial militar Kelly Monique Lopes Caraline de Almeida foi condenada nesta segunda-feira (6) a 12 anos de prisão pelo assassinato do também policial militar Fábio da Rocha Corrêa, ocorrido em 2022, em Bom Jesus de Itabapoana, no Noroeste Fluminense. A decisão foi proferida após mais de 12 horas de julgamento no Tribunal do Júri, que considerou o crime como homicídio qualificado por motivo fútil, cometido por ciúmes, conforme sustentado pelo Grupo de Atuação Especial do Tribunal do Júri do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (GAEJURI/MPRJ).
Segundo a denúncia, Kelly, inconformada com o fim do relacionamento e ao ver o ex-companheiro com outra mulher, foi até o condomínio de chácaras Vale do Ypê, na zona rural do município, e disparou contra o abdômen da vítima, que morreu em decorrência dos ferimentos. O plenário do júri ficou lotado durante todo o julgamento, em razão da repercussão do caso.
A ex-PM, que respondia em liberdade, foi presa imediatamente após a leitura da sentença, atendendo ao pedido do Ministério Público.
“Essa foi a primeira atuação do Ministério Público na região, e estamos muito satisfeitos com a resposta dada à sociedade e aos familiares, que acompanharam o julgamento até o último minuto e viram a justiça ser feita. A condenação da acusada e a execução imediata da sentença representam a aplicação efetiva das decisões do STF sobre o tema”, afirmou a coordenadora do GAEJURI/MPRJ, Simone Sibilio.
A sessão foi conduzida pelos promotores de Justiça Matheus Rezende e Mariáh Soares da Paixão, com apoio da promotora Rafaela Kasper Braghini, designada para a Promotoria Criminal de Bom Jesus de Itabapoana. Familiares de Fábio Corrêa agradeceram ao Ministério Público pela condenação integral da acusada.
O crime
Em junho de 2022, a Justiça havia convertido em prisão preventiva o flagrante da então cabo Kelly Monique, de 37 anos, lotada no 29º BPM (Itaperuna), acusada de matar o ex-marido, subtenente Fábio Corrêa, de 45, que servia no 36º BPM (Santo Antônio de Pádua).
Durante a prisão, os policiais encontraram duas armas escondidas com a suspeita — uma pistola calibre .380, de uso dela, e uma Taurus calibre .40, pertencente à vítima. Inicialmente, Kelly tentou despistar os agentes, alegando que “homens encapuzados” haviam passado de carro e efetuado disparos contra o ex-companheiro.
A versão foi desmentida pela namorada do subtenente, que presenciou o crime. Ela contou que o casal retirava malas do carro quando Kelly apareceu chamando pelo portão. Fábio se recusou a atendê-la, mas acabou se aproximando. Após breve discussão, a ex-policial ameaçou o ex-marido e disparou um tiro, atingindo-o no abdômen. Em seguida, apontou a arma para a atual namorada da vítima, exigindo que ela não contasse à polícia o que havia acontecido.
Confrontada, Kelly confessou o disparo, alegando que teria agido “instintivamente” porque o ex-marido supostamente sacou a arma primeiro. A vítima chegou a ser levada ao hospital, mas não resistiu.