Um dos políticos mais bem aquinhoados na máquina administrativa estadual, o deputado Rodrigo Amorim será surpreendido na próxima segunda-feira: todos os seus aliados que ocupam cargos de confiança no governo do estado serão exonerados, por ordem direta do governador Cláudio Castro.
No Palácio Guanabara, não há mais tolerância com o comportamento permanentemente hostil do parlamentar em relação a integrantes do governo. Hoje, por mais contraditório que pareça, nenhum outro deputado, mesmo os de oposição, se porta de modo tão crítico ao governo quanto o “aliado” Rodrigo Amorim.
Serão exonerados os ocupantes de todos os cargos indicados pelo deputado na Secretaria do Trabalho, onde seus apaniguados são beneficiados com um total de R$ 150 mil em gratificações especiais; na secretaria de Governo, especialmente na operação Lei Seca; no Detran; e também no Ceperj, abrigo de parte dos militantes de sua base.
Inicialmente, acreditava-se que as críticas de Amorin fossem pontuais, destinadas exclusivamente à secretaria de Administração Penitenciária, onde, segundo ele, se verificava algumas irregularidades administrativas, contra as quais se rebelara. Com o passar do tempo, o sempre estridente parlamentar expandiu seus alvos e passou a mirar em outras áreas, numa feroz escalada de hostilidades não produzida nem mesmo pela bancada do sempre aguerrido Psol.
Ao convocar para depor numa CPI mais dois assessores estratégicos de Cláudio Castro, o secretário da Polícia Militar, coronel Luiz Henrique, e o secretário de Governo, Bernardo Rossi, Amorim cruzou a marca que divide aliados e adversários. Bandeou-se para a oposição, a despeito de deter inúmeros cargos e posições na máquina. O comportamento hostil recalcitrante não será mais tolerado.
A convocação do secretário da Polícia Militar reforça a narrativa alimentada por adversários de que a Alerj planeja controlar a tropa através da indicação de um novo comandante. Não há qualquer tratativa neste sentido; em nenhum momento o presidente Rodrigo Bacellar fez qualquer movimento com este propósito. Contudo, ao tentar intimidar o coronel Henrique com inquirições rudes e agressivas, estilo marcante de sua atuação, Amorim alimenta a versão de que, de fato, o parlamento opera para influenciar a mudança.
A exoneração em bloco de seus indicados na maquina estadual repõe a coerência neste imbróglio parlamentar. Amorim será tratado como adversário – o que efetivamente tem sido nos últimos meses na Alerj.
Tribuna NF
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