Santa Missa de 7º dia de falecimento de Helena Cozendey
Eccard
Aconteceu no dia 15 de agosto de 2022, a missa de sétimo dia
de Helena Cozendey Eccard.
Jesus nos propõe a segui-lo, nele encontramos a vida e a
liberdade, mas precisamos ser humildes, pois todo o chamado exige uma opção
pessoal, e quem escuta a voz do mestre se faz humilde.
“Hoje, de uma maneira especial, os nossos diáconos que estão
conosco, amigos e irmãos de caminhada do Diácono Higor Eccard, nesta noite
vamos nos unir em oração elevando o santo sacrifício da santa missa pela alma
da Helena e também pela sua família. Que Deus possa fortalece-los nesta
caminhada que eles têm pela frente”, assim iniciou a missa celebrada pelo Padre
Fagner Ribeiro.
O Pároco deu sequência à Santa Missa dizendo “Celebrando
essa santa missa, o Senhor coloca diante de nós a nossa vida, que passa como um
sopro e nessa vida somos chamados a amar a Deus com todo o nosso coração. Neste
ato penitencial, renove seu amor por Jesus. O amor que leva a vencer toda a
dor, todo o pecado. O amor que é mais forte do que a morte. Vamos clamar a
misericórdia do Senhor sobre nós, colocando nossa vida, não na nossa vontade,
mas inteiramente na vontade do Senhor” – Dando início a homilia, o Padre Fagner
Ribeiro disse: “A palavra de Deus hoje vem iluminar de forma muito perfeita o
que estamos celebrando nesta noite. Creio que o grande número de pessoas que
temos aqui, além, é claro do carinho pela família, pelo diácono Higor, pela
Thalita Cosendey e pelas crianças. Ao meu coração vem trazer uma realidade
profunda de que quando nós abraçamos a cruz, esta cruz gera frutos de
santidade, e a cruz de Cristo atrai as pessoas.
Quando vivemos essa cruz de Cristo, nós de maneira que não
entendemos, e só no céu vamos entender, a cruz nos atrai, ela nos abraça; como
o Senhor nos diz em sua palavra: Quando eu for elevado, eu atrairei todos a
mim. E o evangelho de hoje nos mostra a história do jovem rico, que no primeiro
momento é um jovem bom, maravilhoso, que está na caminhada de busca do céu e
vive os mandamentos, como nós. Essa palavra nos faz entender que a vivência dos
mandamentos é importante, mas é o estágio inicial da nossa caminhada, do nosso
encontro com Deus. Nós ouvimos desse jovem, não sabemos o seu nome. Ele eternamente
será conhecido como ‘jovem rico’.
Todos aqueles na palavra de Deus que tiveram um encontro com
Jesus, e conseguiram dar o próximo passo, que é o passo que Jesus chama aquele
jovem e ele não consegue, não quer dar – Todos aqueles que dão esse passo, na
Palavra de Deus conhecemos o seu nome, vemos Pedro, Tiago, João, temos Maria
Madalena que teve um encontro com Jesus e sua vida transformada; e tantos
outros na história da Palavra de Deus que à partir desse encontro com Jesus,
deram o passo da perfeição que todos somos chamados a dar.
Esse jovem rico, será conhecido como jovem rico porque nós
vamos conhece-lo por aquilo que ele tem e não por aquilo que ele é. E por que
isso? Santo Agostinho escreve algo muito interessante: ‘Senhor eu não
existiria, eu nada seria se não tivesses em mim, ou melhor dizendo: Não
existiria eu, se não estivesse em ti’, João Paulo II diz isso maneira
diferente, diz que ‘somente Jesus Cristo pode revelar o homem que ele realmente
é’. Aquele jovem rico vai ser eternamente conhecido pelas coisas que ele tem,
mas ele não conseguiu se reconhecer e se encontrar em Cristo, se revelar em
Cristo.
Em Cristo nós descobrimos quem somos, nós nos descobrimos,
como Santo Agostinho vai se descobrir, por isso, nós não sabemos o nome desse
jovem. Ele vive os mandamentos, não mata, não rouba, não peca contra a
castidade, e então surge a primeira pergunta: Nós vivemos os mandamentos? E
depois, meus irmãos, nós entendemos que por mais que esse jovem viva os
mandamentos ainda lhe falta alguma coisa, porque essa perfeição não é não
pecar. A grande maioria de nós, como diz santa Tereza, vai passar a vida na
porta do castelo, vai entrar na primeira morada e vai sair, porque vamos passar
a vida inteira lutando contra o pecado. Esse jovem não luta contra o pecado
mais, ele vive os mandamentos. E o Senhor o chama a dar um passo a mais e, esse
é o passo da perfeição, podemos ver isso muito claramente na vida da Helena.
A Helena não tinha os pecados pessoais, como nós temos e
então ela já podia ir para o próximo nível. E que próximo nível é esse? É essa
perfeição que Jesus chama esse jovem: Se queres ser perfeito, ou seja, a
perfeição consiste na oferta total da nossa vida – Essa é a mais difícil!
Essa perfeição é amor, é amar a Deus e então voltamos no
início da ciência da cruz, que eleva a alma até Deus. Helena não precisou viver
esse primeiro estágio, mas ela amou a Deus com a sua cruz e nós que
acompanhamos a sua história, acompanhamos o amor com o qual sua família cuidou
dela; a dedicação com o qual seus pais e os irmãos deram a vida por ela.
Nós podemos ver claramente na sua cruz, de tantas cirurgias,
tantas idas e vindas a hospitais, que ela carregou a sua cruz com e por amor a
Deus e aqui está a perfeição do ser humano que é amar a Deus de todo coração e
esse amor implica sofrimento, implica abraçar a cruz. Não é um amor romântico,
mas um amor que oferta.
Eu pude testemunhar isso também, seus últimos momentos,
quando fui ao hospital para dar a unção, conversava com seus pais e eu sentia
neles essa confiança de entrega nas mãos de Deus e no momento em que vivemos
lá, enquanto a Helena estava recebendo a unção, não sei se eles perceberam, mas
enquanto eu rezava, os dois estavam com as mãos nela e naquele momento Deus os
chamava para fazer, talvez a oferta mais difícil. A vida de vocês, oferta-la,
entrega-la à vontade de Deus e isso é próprio de quem ama; de quem descobre que
o céu explica todas as coisas e que como a palavra de Deus diz: O sofrimento
desse tempo não se compara”, por isso nós celebramos essa missa pela alma de
uma pequena guerreira que talvez teve oportunidade de caminhar como todos nós,
mas que viveu a ciência da cruz e alcançou o céu e a eternidade, porque fez a
oferta que talvez muitos de nós não vamos fazer, porque é a oferta do nosso
amor total a Deus.
Que o seu exemplo possa animar a cada um de nós, a também
hoje abraçarmos a cruz. A primeira leitura fala, Thalita e Higor, de algo que
vocês são chamados para viver, a partir desse momento. Vemos aqui o profeta que
perdeu a sua esposa e não pode viver o seu luto e mais, Deus quis fazer da sua
dor um testemunho para tantas pessoas. Que a dor de vocês, porque um pai nunca
deveria enterrar o seu filho, então é uma dor que não se explica – Mas, que a
dor de vocês possa gerar vida em outros corações; o exemplo da vida da Helena,
que lutou até o final e ali com ela no leito, na hora da unção pude ver como
ela estava lutando. Combateu o bom combate da fé! Ela completou a sua carreira,
lutou até o fim e que seu exemplo possa animar a todos nós a não nos deixarmos
seduzir como esse jovem rico do evangelho, pelas riquezas desse mundo.
A palavra diz que esse jovem vai embora triste porque
possuía muitas coisas, era muito rico. Hoje Deus nos propõe com essa Santa
Missa pela alma da Helena e com o evangelho de hoje Deus nos propõe uma única
riqueza, aquilo que São João da Cruz vai
cantar e que vai fazer eco nos seus escritos: “Não quero outra coisa a não ser
a tua cruz”, a maior riqueza que podemos ter nessa vida, por mais que possa
parecer loucura para nós, é abraçar a nossa cruz e com ela nos elevarmos e nos
unirmos a Jesus, como nós partilhamos no dia do velório – Hoje vocês têm um
pedacinho de vocês no céu. Os meninos geralmente dão muito trabalho, então Deus
tem uma menina no céu intercedendo, uma menina que está cuidando. Que Deus
possa fortalece-los e que a celebração de hoje possa unir mais e mais os nossos
corações, como família, como irmãos, como homens e mulheres de fé.
Para terminar eu recordo a você que você não foi feito para
este mundo, o coração do ser humano é grande demais para ser preenchido somente
por essa vida. Deus tem uma vida maior, algo mais sublime e só entende isso
quem abraça a cruz, quem faz a oferta da sua vida, do seu amor ao Senhor. E
nessa missa vamos unir os nossos corações ao coração de toda família e ao
coração de Deus, ofertando nosso sacrifício de amor nesta santa eucaristia para
que o Senhor possa nos fazer também vencer as lutas desta vida. Como diz a
palavra, há uma carreira a vencer, há um combate proposto a cada um de nós.
Combatamos os bons combates da fé, para um dia como a Helena possamos também
ganhar o prêmio reservado não somente para os que vivem os mandamentos, mas
também para aqueles que amam e ofertam a sua vida”, finalizou Padre Fagner
Ribeiro.
Padre Fagner Ribeiro
Em posse da Palavra, o diácono Flávio disse: “Nós vemos hoje
essa assembleia cheia, isso é um pouco do amor que a comunidade tem pela vida
de vocês. A família de vocês emana no coração dessa comunidade, o amor com que
vocês vivem, convivem. Essa passagem da Helena pela nossa vida, a Helena não
era amada, ela é amada. A alma dela goza a eternidade e fica para nós aqui
presentes que no tempo que nos resta possamos combater também o bom combate que
o padre Fagner nos convidou a combater. Não sabemos o dia de amanhã.
Helena é um exemplo de caminhada direto para o céu, e que
possamos em meio a dor que vivemos juntamente com a família, buscar viver
conforme o querer de Deus no dia a dia. Na nossa comunidade fica difícil
externar o amor que temos por vocês, tirando do silêncio dos corações as
orações durante todo esse período de batalha que vocês viveram e também de
muita alegria junto a Helena.
Então um pequeno gesto de nós partilharmos, darmos esse amor
a vocês através de um gesto concreto, convido a comunidade a vir aqui na frente
trazendo um pequeno objeto, externando o que cada um sente por vocês. Que vocês
possam colher, é um pouquinho do coração de cada um que vai chegar até a mão de
vocês: ‘Nossa menina, nossa Chiquitita, nossa branca, nossa princesa, nossa
Helena; fruto do amor de Deus conosco. Helena é aquela que ensinou através do
silencio e na doçura do olhar. Sem palavras ensinava bravamente o amor, a fé e
a coragem de que é luta para viver e deixar um rastro e marcas fortes em nós.
Hoje, nós, resposta do amor que transbordou não poderia
ficar só aqui, porque os bravos, os violentos são necessários no céu. Aqui ela
cumpriu a sua missão.
Nossa resposta será em silêncio e com rosas porque vocês não
estão só, nós estamos com vocês em oração, intercedendo para que essa dor
cicatrize’.
Ao final da Santa Missa, após a homenagem da entrega das
rosas pela comunidade o pai, Higor Eccard agradeceu o singelo gesto de amor
recebido por tantas pessoas, e se expressou dizendo: “Nossa pequenininha lutou
muito, antes de nascer ela já lutava, e lutou muito, antes de nascer. Ao nascer
ela foi para a UTI, onde permaneceu por um bom tempo e com muitas lutas,
vitórias, alegrias, dificuldades, Deus foi presenteando a gente com dois
meninos. Eu e Thalita, dois jovens, Deus nos deu a Helena e com muita alegria
nós a recebemos. Eu lembro de uma vez que estávamos na UTI e ela quase morreu;
ela ficou muito mal, muito mal mesmo, e naquela noite fomos para a casa do Dom
Luiz Henrique, na época era Padre Luiz, e ficamos lá um pouquinho e eu falei com
Deus: Senhor Tu me conhece, eu já vivi o suficiente, então o Senhor pode tirar
a minha vida e ficar com a dela. Deus fez muito mais, fez com que ela vivesse e
me deu a graça de poder estar com ela. Isso não foi uma vez, foram várias vezes
que ela quase morreu, mas viveu. Dessa vez, quando ela começou a já ficar
debilitada em casa, na sexta-feira, o meu coração de Pai e o da Thalita de mãe
já sabia que ela não ia voltar; nós já sabíamos no nosso coração que era a
última vez. Ela lutou muito e nós também; nós nos ofertamos por ela. Dois
jovens, dois meninos e muita gente chega perto de nós dizendo que somos
santos, mas, nós não tivemos mérito
nenhum, não tivemos.
A Helena nos transformou, foi fazendo que a cada passo nós
nos aproximássemos mais de Deus – Foi só ela. Quando fomos para Campos, nós
conhecíamos a comunidade Shalom, comunidade a qual Deus encheu o nosso coração
de alegria, fez com que a gente caminhasse lá.
A Helena me levou ao diaconato, me levou para uma Paróquia
onde tinha um Padre que me convidou. A Helena foi fazendo com que não só eu,
mas que muitas e muitas famílias olhassem e se aproximassem de Deus. A Helena
fez com que muitos nos ajudassem. Quantas e quantas vezes em campanhas, num
carro ganhado para comprar uma cadeira de rodas, Deus sempre foi providente com
a gente. Deus foi misericordioso comigo e com a Talita, Deus nos deu um grande
presente. Só que dia 09, exatamente 11 anos depois que a Helena foi para
Campos; e nós amamos demais a nossa filha, eu daria a minha vida pela dela sem
pensar. Mas, existe alguém além de mim que a amava muito mais que eu; Deus a
amava muito mais e a levou.
As minhas orações nesses dias, porque tem sido difícil rezar
e compreender os mistérios de Deus para esse tempo, mas num dia lá em casa, um
irmão falou algo que me consola e me faz acreditar na vida eterna, onde ela
está hoje. Um irmão me falou: “Higor, hoje ela corre no céu, hoje ela louva no
céu, coisas que o corpinho dela aqui na terra não proporcionou que ela fizesse
e desde esse dia Deus tem me dado graça de eu rezar nessa intenção. Eu falo com
a Thalita que toda vez que meu coração fica vazio eu olho para o céu e vejo a
Helena correndo, ela rindo do jeitinho que ela sabia rir e um dia nós a
empurramos, nós a alimentamos, nós fizemos de tudo por ela, fizemos mesmo, com
todo o amor que nós tínhamos, mas hoje, é ela do céu que nos empurra, que nos
leva, que nos alimenta e intercede por nós.
Lá em casa, eu, a Thalita e as crianças fizemos um
propósito: Nós prometemos ser santos porque um dia queremos estar com ela no
céu e só existe uma forma de estar com ela no céu que é ser santo. E quando a enterrávamos, o Padre Fagner Ribeiro
falou que tínhamos um pedacinho nosso no céu e eu disse para ela: Minha filha,
você conhece o pai que você tem, com todas as misérias, dificuldades, mas, me
ajuda a chegar contigo no céu. Para que um dia lá em cima eu possa te abraçar,
ouvir a sua voz, sentir o seu cabelinho, o seu cheiro novamente; é o que eu
pediria para Deus e eu tenho certeza que ela vai nos ajudar.
Francisco falou assim comigo: Então papai, podemos falar
Santa Helena de Pádua? Eu disse, pode, meu filho, quando você tiver com as suas
dificuldades peça para ela que ela vai te escutar, eu tenho certeza, eu creio
nisso.
Eu quero agradecer a todos, não somente daqui, mas que
rezaram, nossa família, minha e da Thalita, meus irmãos. Quero agradecer de
coração, há uma gratidão eterna por vocês nesse tempo tão difícil; e eu não digo
só esse não porque essa comunidade me acompanha a onze anos, rezando por nós,
se alegram e se entristecem conosco, junto conosco empurram a Helena e estão
juntinhos conosco, bendito seja Deus por isso. Bendito seja Deus por essa
comunidade que um dia Deus colocou na minha vida; bendito seja Deus por essa
comunidade de Santo Antônio de Pádua – Vocês não sabem quantas pessoas nos
param e falam conosco, dizendo coisas maravilhosas que eu fico encabulado de
ouvir. Mas eu louvo a Deus, louvo mesmo. Se não for pedir muito, rezem por nós,
rezem mesmo, porque nós estamos tendo que reaprender a viver, temos três, ela
era a primeira e toda a nossa vida sempre foi em função dela. Então os meninos,
a nossa família, tudo sempre foi em função dela e estamos tendo que reaprender
coisas muito simples dentro da nossa casa – De acordar de manhã, ter uma nova
rotina, mas Deus tem dado grande sustento para nós, de palavras de consolo e de
fortaleza, então rezem por nós, pela nossa família e para que possamos ser
fieis a esse propósito de santidade, porque nunca tivemos que nossos filhos
fossem alguém na vida, a nossa missão sempre foi levar nossos filhos para o
céu. Nunca quisemos que eles fossem nada que não fosse santos e ir para o céu.
Eu dizia que a maior missão do pai é levar filhos para o céu e com a graça de
Deus, conseguimos colocar uma lá – Que Deus me dê a graça de conseguir até hoje
com os meus outros três leva-los para o céu. Ser o sustento com a minha oferta
de vida, minha e da Talita; esse é o nosso sonho que hoje partilhamos com
vocês, nosso projeto de pais é levar os nossos filhos para o céu, somente isso.
E que Deus nos dê força para isso, amém”, finalizou o pai, diácono Higor
Eccard.
Padre Ramiro deixou sua mensagem a comunidade e familiares.
Comunidade católica presente, para levar, mensagens de condolências e de amor.
Fotos: Jornal Sem Limites
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