Está faltando remédio nas farmácias?
Apoiando o aumento das reclamações nas redes sociais sobre a falta de medicações, um recente levantamento do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP) diagnosticou este exato cenário de desabastecimento. No entanto, a pesquisa foi feita em maio, o que significa que o desafio pode ter se acentuado nas últimas semanas.
No total, a CRF-SP entrevistou 1,1 mil farmacêuticos, sendo que a maioria é do setor privado, sobre a falta de medicamentos. Segundo o relatório, divulgado em junho, 98,5% dos entrevistados relataram algum tipo de falta de medicamentos no dia a dia. A queixa mais comum era a escassez de antibióticos.
Para quais medicações o risco é maior?
A seguir, confira quais os tipos de remédios são mais afetados pela ausência ou pelo baixo estoque, segundo o CRF-SP:
- Antibióticos: a falta deste tipo de medicamento, em algum momento, foi relatada por 93,4% dos participantes. Os exemplos mais comuns foram amoxicilina e azitromicina;
- Mucolíticos: a dificuldade no acesso foi apontada por 76,5%. Entre os mais citados, estavam acetilcisteína e ambroxol;
- Anti-alérgicos: a falta de medicamentos anti-histamínicos foi apontada por 68,6%. Os exemplos mais comuns foram dexclorfeniramina e loratadina;
- Analgésicos: cerca de 60,5% relataram a dificuldade no acesso de analgésicos, como dipirona, ibuprofeno e paracetamol.
Remédios para uso infantil
A falta de medicamentos afeta especialmente as crianças, já que o problema de desabastecimento é intensificado nas versões pediátricas. “Os relatos mostraram que os medicamentos em falta são principalmente em suas formulações líquidas, o que prejudica em especial, a população pediátrica, já que a maioria dos medicamentos para esse público é na forma líquida por serem mais fáceis de administrar”, explica Marcelo Polacow, presidente do CRF-SP, em comunicado.
Problemas que afetam o abastecimento
Entre as justificativas para o apagão de remédios, profissionais do mercado citam alta na demanda de forma não esperada, falhas do fornecedor e preços muito altos. Na questão da produção, ainda devem ser consideradas outras variantes, como alta dólar, do combustível e da energia, o que eleva o preço geral.
No macro, é preciso lembrar que a Guerra na Ucrânia e a política de tolerância zero da covid-19 na China também impactam a importação de diferentes tipos IFA. Em outras palavras, a matéria-prima nem sempre chega na quantidade ideal para as operações da indústria brasileira.
Vale lembrar que, nos últimos meses, o Brasil também enfrentou uma situação parecida. A produção nacional de vacinas, tanto pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) quanto pelo instituto Butantan, dependiam da importação do IFA. Com os atrasos na entrega, a vacinação contra a covid-19 não avançou conforme o esperado nos primeiros meses de 2021.
Na época, era relativamente comum a produção ser paralisada, enquanto se aguardava a chegada de lotes com o insumo necessário para as vacinas. Atualmente, a Fiocruz completou o processo de transferência de tecnologia e pode produzir, de forma integral, doses do imunizante contra a covid-19.
Fonte: CanalThec