O insucesso no projeto de reeleição ainda está sendo
assimilado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). após a proclamação do resultado
da eleição pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele segue recluso no Palácio
da Alvorada, sem perspectiva de um pronunciamento reconhecendo a vitória de
Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo interlocutores, Bolsonaro ainda define
a melhor estratégia para o discurso e o tom a ser empregado.
O silêncio do presidente é atribuído por interlocutores a um misto de decepção
e análise de cálculo político. A maioria de seus auxiliares mais próximos
defende que ele reconheça o resultado da eleição, mas outros alertam para a
melhor forma de fazer isso, principalmente após os protestos organizados por
caminhoneiros em rodovias de vários estados do país.
A manifestação dos caminhoneiros é claramente política. Ao ponto
de líderes da categoria afirmarem que uma condição para a desobstrução de
trechos em rodovias é um pedido formal de Bolsonaro. Segundo interlocutores do
governo, porém, os protestos não serão estimulados pelo presidente, que teme
pelos impactos dos atos à economia.
Contudo, esses transportes e uma parcela da base ‘raiz’ do
presidente relutam em aceitar o resultado das urnas e criticam posturas de
aliados do governo que reconhecem a derrota, a exemplo das críticas e reações
negativas aos posicionamentos feitos por integrantes que atuaram na campanha de
Bolsonaro.
Inclusive, havia uma expectativa de que Bolsonaro fizesse um
pronunciamento ainda no dia 31 de outubro, mas a Secretaria Especial de
Comunicação Social (SECOM) desmentiu logo em seguida.
O senador Flávio Bolsonaro (PL_RJ), que exerceu a função de
coordenador geral da campanha, se manifestou no dia 31 de outubro, e foi
criticado pela militância nas redes sociais. “Vamos erguer a cabeça e não vamos
desistir do nosso Brasil”, escreveu ele.
Ainda na noite do dia 30, o ministro das Comunicações, Fábio
Faria, foi outro a se manifestar e a ser criticado. “Você resgatou o nosso
orgulho de ser brasileiro. Obrigado, Jair”, comentou. O mesmo ocorreu com a
senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF), após se posicionar nas mídias.
“Perdemos uma eleição, mas não perdemos o amor pelo nosso país”, disse.
Cientes da rejeição do eleitorado, uma corrente política
próxima ao presidente sugere que ele deve permanecer em silêncio no aguardo do
relatório das Forças Armadas sobre as urnas eletrônicas. Mas, o discurso
majoritário é de reconhecimento do resultado, reforçam interlocutores.
O clima no governo após a derrota nas urnas, segundo alguns
interlocutores do governo, é “clima de velório” nos Palácios do Planalto e da
Alvorada, onde Bolsonaro tem se reunido com poucos auxiliares. O presidente
ficou abalado com a derrota e recebeu poucas pessoas.
Com as informações: Gazeta do Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário