O corpo do artista mexicano Roberto Gómez Bolaños, famoso
por ter criado e interpretado os personagens Chaves e Chapolin, será levado
para a Cidade do México para
que seus fãs possam se despedir de seu ídolo, no domingo (29), no estádio
Azteca.
O ator estava aposentado há dez anos, mas isso não impediu que
se adaptasse aos meios de comunicação mais modernos e se tornou um grande fã
das redes sociais, tornando-se o mexicano com mais seguidores no Twitter - mais
de 6,6 milhões.
Após sua morte, a televisão mexicana emitiu mensagens de
luto com um "Obrigado para sempre, Chespirito (seu apelido no
México)", como despedida a um comediante que engrandeceu sua história com
os personagens da vila do Chaves e as aventuras do heroico Chapolin Colorado.
Enquanto isso, muitos fãs, tanto mexicanos como
estrangeiros, estão se aglomerando em frente à casa do comediante, famoso por
frases como "foi sem querer querendo" e "palma, palma, não
criemos pânico".
"Era autêntico, engraçado", disse - com o rosto
coberto de lágrimas - Sonia, uma turista chilena que chegou até a casa,
localizada na região hoteleira de Cancún, após saber da morte do artista.
Sonia contou aos jornalistas que assistia às séries de
Bolaños desde os 9 anos e lembrou a sala de aula do Professor Girafales, a vila
do Chaves e o barril onde o personagem morava.
O menino pobre do barril, que usava boné com tapa orelhas,
foi lembrado por muitas personalidades mexicanas, desde o presidente do país,
Enrique Peña Nieto, até seus companheiros de viagem na vila, Édgar Vivar
(Senhor Barriga), María Antonieta de las Nieves (Chiquinha) e Rubén Aguirre
(Professor Girafales).
"Roberto, não se vá, você permanece em meu coração e
nos corações de todos aqueles a quem você levou alegria. Adeus ''Chavinho', até
sempre", disse Vivar.
Aguirre, por sua vez, disse estar 'estarrecido' pela morte
de quem qualificou como o melhor escritor de comédia da televisão mexicana,
enquanto María Antonieta agradeceu Bolaños "por ter feito tanta gente
feliz e pelos maravilhosos momentos que compartilhamos no grupo".
Bolaños nasceu em 21 de fevereiro de 1929 na Cidade do
México. Era filho de Elsa Bolaños-Cacho, secretária, e Francisco Gómez, pintor,
desenhista e cartunista em jornais. Ele estudou engenharia, mas nunca seguiu a
carreira.
Começou a trabalhar em uma agência de publicidade aos 22
anos e, muitos outros mais tarde, começou no cargo de roteirista escrevendo
para programas de rádio e televisão, além de filmes para o cinema.
O apelido "Chespirito", um diminutivo
espanholizado do sobrenome do dramaturgo inglês Shakespeare, foi dado pelo
diretor de cinema Agustín Delgado por sua inesgotável imaginação e sua baixa
estatura, de pouco mais de 1m60.
Em 1968, conseguiu seu primeiro espaço próprio na TV, de
meia hora aos sábados à tarde, onde nasceram suas primeiras séries: "Los
Supergenios de la Mesa Cuadrada" e "El Ciudadano Gómez".
Para o ano de 1970, seu espaço se duplicou com a série
"Chespirito", de esquetes de humor. Foi ali que nasceram personagens
como Chapolin Colorado e Chaves.
Tanto o personagem do super-heroi como o do menino peralta
tiveram tanto sucesso que passaram a protagonizar suas próprias séries. Em
1973, os dois programas já eram exibidos em quase toda a América Latina.
Entre os personagens que criou se destacam o Seu Madruga, a
Bruxa do 71, a Chiquinha, Quico, Jaiminho "o Carteiro", o Professor
Girafales, o Botijão, assim como a Dona Florinda e Chimoltrúfia, ambas
interpretadas por sua esposa, Florinda Meza.
Nesta sexta-feira, a centenas de quilômetros de Cancún, uma
vizinha da casa que Bolaños tinha na Cidade do México foi a primeira a se
aproximar do local para expressar seu pesar.
"Sinto como se um familiar tivesse morrido e isso não
aconteceu comigo com nenhum outro artista", afirmou à Efe a senhora, que
preferiu não se identificar e deixou uma mensagem junto a um ramo de crisântemos
brancos com os dizeres: "Se cada flor significasse um sorriso que o senhor
nos presenteou, todas as flores do mundo não seriam suficientes".
Relembre algumas das frases mais marcantes dessas e de
outras criações de Bolaños.
'Ninguém tem paciência comigo' e 'Isso, isso, isso' marcaram
programa.
"Foi sem querer, querendo"
"Ninguém tem paciência comigo"
"Tá bom, mas não se irrite"
"Isso, isso, isso"
"Pipipipipipi"
"Aí pego e zas, depois zas!"
"Já chegou o disco voador"
"Ai que burro, dá zero pra ele"
"Teria sido melhor ir ver o filme do Pelé"
"A vingança nunca é plena, mata a alma e envenena"
"É tudo culpa do professor linguiça!"
"Prefiro morrer do que perder a vida"
"A que parece de limão, é de groselha e tem gosto de
tamarindo. A que parece de groselha, é de tamarindo com sabor de limão. E a que
parece de tamarindo, é de limão com sabor de groselha"
"Volta o cão arrependido, com suas orelhas tão fartas,
com seu osso ruído e com o rabo entre as patas"
"Seu Madruga, o senhor não vai morrer. Vão matar o
senhor!"
"Boa noite meus amigos. Boa noite vizinhança.
Prometemos despedirmos sem dizer adeus jamais"
"Não contavam com minha astúcia!"
"Sigam-me os bons"
"Palma, palma, não priemos cânico"
"Se aproveitam de minha nobreza"
"Suspeitei desde o princípio"
"Todos os meus movimentos são friamente
calculados"
"Pepe, já tirei a vela"
"Politura de chefalícia"
"Sim, eu vooouuu"
"Isso me dá coisas"
"Você tem miolo de porco? Com razão é burro então"
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