Determinação da Anvisa é comum e faz parte de monitoramento para garantir segurança e eficácia de medicamentos que circulam no país
A Anvisa determinou, nesta quinta-feira, a interdição e recolhimento de determinados lotes dos medicamentos com princípio ativo da Losartana, utilizados para tratar hipertensão arterial e insuficiência cardíaca. A determinação não é algo novo, já que parte do papel da agência é monitorar os remédios que circulam no país e tomar, quando necessário, medidas para garantir a segurança e eficácia dos produtos. Em outras vezes, por exemplo, medicamentos famosos como amoxicilina, paracetamol e omeprazol já foram recolhidos, de forma obrigatória ou voluntária, por suspeita de contaminação em alguns lotes ou erros na fabricação – o que não afeta a integridade do produto disponível hoje nas farmácias.
A decisão desta semana, em relação à Losartana, foi realizada neste sentido, de prevenção. A agência informou que, desde setembro de 2021, quando anunciou o recolhimento voluntário, avaliava a possibilidade de contaminação de lotes do remédio. Agora, a medida obrigatória foi estabelecida “devido à presença da impureza ‘azido’ em concentração acima do limite de segurança aceitável", comprovada após análises das próprias farmacêuticas. São impurezas que têm potencial mutagênico e, por isso, oferecem riscos.
A Anvisa ressalta, no entanto, que trata-se de um movimento para prevenir possíveis eventos adversos, que ainda não foram relatados, e que aqueles que fazem uso do medicamento não devem interromper o tratamento, "ainda que estejam usando um dos lotes afetados". Isso porque a medida é de extrema cautela e não há risco imediato em relação ao uso.
Um dos produtos amplamente utilizados que já teve seu recolhimento decretado é a amoxicilina, um antibiótico. Em 2016, por exemplo, lotes do Hincomox, um dos remédios com amoxicilina, do laboratório Teuto, foram suspensos pela agência.
De acordo com laudos de análises fiscais emitidos pela Fundação Oswaldo Cruz, os dois lotes do medicamento Hincomox apresentaram resultados insatisfatórios nos ensaios de aspecto, por apresentar pó internamente, e falhas em obtenção de suspenção homogênea”, informou a Anvisa na época.
Em 2018, a amoxicilina era parte de uma série de medicamentos de 124 lotes suspensos pela Anvisa da Brainfarma. A lista contava ainda com remédios como dipirona, epocler e polaramine. O recolhimento foi solicitado pela própria empresa, que não informou publicamente os motivos.
Já em 2020, a agência recolheu um lote da amoxicilina distribuída pela farmacêutica Prati-Donaduzzi após serem encontradas partículas de vidro em unidades do produto. Todas as decisões foram em caráter preventivo.
O paracetamol, um dos analgésicos mais utilizados no país, também já foi alvo de recolhimentos. Em 2017, por exemplo, um lote do medicamento fabricado pelo laboratório Prati-Donaduzzi teve sua distribuição e comercialização suspensas após ser reprovado no ensaio de aspecto, uma das etapas de avaliação do padrão de qualidade do produto. Na época, a própria empresa identificou o problema e realizou o recolhimento voluntário.
Em 2017, a Anvisa suspendeu um lote do medicamento genérico Omeprazol, utilizado para tratar problemas gástricos, da Eurofarma. A agência identificou um erro nos rótulos do produto desse lote, indicando a presença de uma substância que não havia no remédio.
Um problema parecido levou à suspensão de lotes do pantoprazol, medicamento semelhante, em 2018. Na época, a Anvisa suspendeu lotes de diversos medicamentos da farmacêutica Sandoz. Segundo o laboratório, houve "um erro de identificação nas embalagens, que apresentam um carimbo de 'Venda proibida ao comércio', não sendo essa informação correta para vendas no varejo".
Nessa leva, além do pantoprazol, foram recolhidos lotes de amoxicilina e azitromicina (antibióticos) e outros medicamentos. O recolhimento, em ambos os casos, não foi por apresentar riscos à saúde dos consumidores, mas sim por erros de logística.
O Vioxx chegou a ser um dos antiinflamatórios mais vendidos no Brasil, porém foi retirado do mercado no mundo inteiro pelo laboratório Merck (MSD no Brasil), em 2014. Isso porque o uso contínuo da substância, chamada de Rofecoxib, foi associado em um estudo a um risco dobrado de infarto e acidente vascular cerebral (AVC).
Em 2020, a Anvisa alertou às farmacêuticas que as nitrosaminas, impurezas que, a longo prazo, podem aumentar o risco de câncer, não poderiam estar presentes em medicamentos. O anúncio levou a Medley e a Aché a recolherem 225 lotes do remédio Ranitidina, indicado para úlceras de estômago ou de duodeno. Isso porque testes dos laboratórios indicaram a possibilidade de contaminação dos lotes pela substância.
Neste ano, a Pfizer anunciou o recolhimento voluntário e preventivo de cinco lotes do medicamento para hipertensão Accupril (quinapril) depois de encontrar níveis elevados de nitrosamina, o potencial agente causador de câncer que levou à suspensão da ranitidina em 2020.
O medicamento já foi comercializado no Brasil, mas, de acordo com a farmacêutica, não é mais. A Anvisa confirmou que não há registro válido para este medicamentos no país desde 2015.
Fonte: G1.com/ O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário