A subvariante da Ômicron BA.2.12.1, que tem provocado um
aumento de casos de Covid-19 nos Estados Unidos, foi identificada em 4 amostras
na cidade do Rio de Janeiro no mês de abril. As informações são do processo de
vigilância genômica da rede de saúde integrada Dasa, obtidas com exclusividade
pelo GLOBO. Na última semana, a sublinhagem já havia sido identificada pela primeira
vez no Brasil, em Belo Horizonte, por pesquisadores da Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG).
Além disso, o Laboratório de Vírus Respiratório e Sarampo (LVRS) da Fiocruz
informou à Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro, nesta sexta-feira,
que 4 casos da subvariante BA.5, que tem provocado uma nova onda na África do
Sul, também foram identificados na cidade. É a primeira vez que essa
sublinhagem é detectada no Brasil.
A BA.2.12.1 foi identificada pela primeira vez no mundo no início de abril pelo
Departamento de Saúde do Estado de Nova York, que estimou uma
transmissibilidade 27% maior que a BA.2, subvariante da qual ela é derivada.
Segundo dados mais atualizados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos
Estados Unidos (CDC), ela foi responsável por 47,5% dos novos casos no país na
última semana – e está em ritmo de crescimento para se tornar prevalente. Na
região de Nova York, por exemplo, já é responsável por cerca de 73% dos casos.
Esse aumento da proporção da sublinhagem acontece no momento em que o país vive
um crescimento nas infecções pelo coronavírus. De acordo com a plataforma de
dados da Universidade John Hopkins, Our World in Data, os Estados Unidos vivem
uma alta de casos desde o início de abril, embora o número de mortes não esteja
subindo no mesmo ritmo.
— Os casos no Rio foram detectados a partir de amostras coletadas em abril. No
sequenciamento do mês, a gente identificou a maioria, cerca de 90%, de BA.2,
uma parte ainda de BA.1 e, pela primeira vez, casos da BA.2.12.1. Hoje é
difícil saber se o que está acontecendo nos Estados Unidos, que vive uma nova
onda, vai acontecer aqui também, mas há essa possibilidade — explica o
virologista da Dasa, José Eduardo Levi.
Segundo Levi, foram analisadas cerca de 320 amostras do Rio de Janeiro, o que
faz com que os casos da nova subvariante representem cerca de 1% do total no
estado.
Já a BA.5 foi registrada inicialmente na África do Sul, em fevereiro, onde já é
prevalente junto à BA.4, detectada pouco antes. Ambas juntas são responsáveis
pela maioria dos novos casos na região, que estavam subindo desde abril. Porém,
desde o último dia 11 os números começaram a apresentar uma tendência de queda.
Maior potencial de reinfecção
As três subvariantes da Ômicron têm acendido o alerta de
autoridades de saúde pelo mundo pela capacidade de reinfecção. A Organização
Mundial de Saúde (OMS) publicou diretrizes em que orienta os países a
monitorarem os casos das três sublinhagens, explica o virologista da Dasa.
Segundo um estudo de pesquisadores israelenses, em análise na plataforma de
pré-prints (pesquisas ainda não revisadas por pares) MedRxiv, a BA.2.12.1, BA.4
e BA.5 demonstraram uma capacidade “substancial” de escapar dos anticorpos produzidos
tanto pela vacinação como pela infecção prévia, mesmo naquelas de outras
sublinhagens da Ômicron, como a BA.1 e a BA.2.
— A BA.2 já tinha uma capacidade elevada de escapar dos
anticorpos da BA.1. A BA.2.12.1 tem apenas uma única mutação específica dela, o
resto é muito parecido com a BA.2. Então seu comportamento deve ser muito
parecido, mas com maior transmissibilidade — afirma Levi.
Essa capacidade explica o aumento de casos mesmo em países com altas taxas de
imunização ou que vivenciaram ondas recentes da doença, como o Brasil. Ainda
assim, o crescimento de diagnósticos não tem sido acompanhado na mesma
proporção pelas hospitalizações e mortes.
Não há ainda informações sobre possíveis mudanças na gravidade do quadro da
doença pela BA.2.12.1, BA.4 e BA.5, ou se ela consegue levar mesmo pessoas
vacinadas a cenários de hospitalização com mais facilidade.
Fonte: Jornal Extra
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