Matéria pulblicada no dia 14 maio de 2012.
A administração de clínicas de recuperação de dependentes de drogas por instituições com vínculos religiosos pode prejudicar, por exemplo, o tratamento de um ateu. É o que diz a psiquiatra Analice Gigliotti, vice-presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas. Quatro das sete entidades selecionadas pelo governo do Estado para o serviço são ligadas a religiões.
—Como a Sra. Analisa a escolha de instituições ligadas a religiões?
— É questionável. Não sabemos como trabalham as comunidades terapêuticas, como chamamos essas ONGs ligadas a religiões. Este desconhecimento é um problema.
—O paciente ateu não sairia prejudicado neste tipo tratamento?
—Sim, é desconfortável para um ateu estar numa comunidade com a qual não se identifica. Ele pode abandonar o tratamento. O ideal seria um centro de recuperação laico.
—O que justificaria a escolha dessas comunidades terapêuticas?
—Comunidades terapêuticas acabam sendo uma forma mais econômica de tratar dependentes químicos. Todo o dinheiro é pouco para a gravidade do quadro. Temos um problema gigantesco, no Brasil não existe espaço para internar todos os pacientes, nem em clínicas privadas, muito menos nas públicas. O governo não sabe onde colocar essas pessoas. Além disso, não temos gente. Seria preciso tempo para achar profissional e treiná-los, o que é um processo complexo e demorado.
Fonte: O Dia
Thaís Miquelino
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