Dois jornalistas brasileiros e dois jornalistas venezuelanos foram presos neste sábado (11) pelo Serviço de Inteligência venezuelano, denunciou a ONG Transparência Venezuela. Os jornalistas Leandro Stoliar e Gilzon Souza, da Rede Record, investigavam denúncias de suborno por parte da construtora brasileira Odebrecht no país vizinho.
Eles foram soltos após quase 10 horas, segundo a ONG - que classificou as prisões como "sequestro" e exigiu a libertação imediata dos quatro detidos. Os venezuelanos presos foram Jesus Urbina e María José Túa, coordenadores da Transparência Venezuela na cidade de Maracaibo, no estado de Zulia, no oeste do país.
"Nossa equipe de Zulia e os jornalistas brasileiros estavam coletando informações sobre as obras da Odebrecht", informou a ONG pelo Twitter.
Eles faziam uma matéria sobre a ponte de Nigale, prometida em 2005 pelo então presidente venezuelano Hugo Chávez, morto em 2013, e até hoje não concluída pela Odebrecht. Ela seria uma segunda opção para passagem de veículos sobre o Lago de Maracaibo.
Na semana passada, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, se comprometeu a concluir as obras da construtora.
Funcionários do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin) ordenaram que os quatro jornalistas se dirigissem, escoltados, até a sede do órgão no estado para uma "entrevista", segundo o secretário-geral do Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa da Venezuela (SNTP), Marco Ruiz. "Eles mandaram os jornalistas irem em seu próprio carro, depois comunicaram que iriam rumo ao Sebin e retiraram os celulares deles".
US$ 98 milhões em propina
Em acordo de leniência firmado com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, derivado das investigações da Lava Jato, a Odebrecht admitiu ter pago em propina US$ 788 milhões entre 2001 e 2016 a funcionários do governo, representantes desses funcionários e partidos políticos do Brasil e de outros 11 países da América Latina - entre os quais a Venezuela. Para o órgão dos EUA, é o "maior caso de suborno internacional na história".
Só no país vizinho, a construtora brasileira confessou ter pago US$ 98 milhões em propina a funcionários e intermediários do governo entre 2006 e 2015.
Na semana passada, o Parlamento venezuelano, comandado pela oposição ao governo Maduro, aprovou investigar a Odebrecht, em um debate que contou com a presença de legisladores da bancada governista. A Comissão da Controladoria convocou os representantes legais da empreiteira na Venezuela a prestar esclarecimentos.
Em 26 de janeiro, o Ministério Público do país confirmou ter pedido informações sobre o caso ao MP brasileiro e solicitou uma ordem de captura internacional contra uma pessoa que estaria ligada ao escândalo, mas que não teve a identidade revelada.
Fonte: G1
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