Os vilões nem sempre buscam senhas bancárias, mas sim dados pessoais, como música mais ouvida e tipo de literatura
Rio - Há um mês, o Google foi afetado pela vulnerabilidade do heartbleed, uma falha de protocolo que expôs usuários do Gmail e outros serviços da gigante. Na época, foi recomendada a troca imediata das senhas. Os brasileiros também sofreram com a invasão de privacidade que, na verdade, é um assalto aos dados de consumo do internauta. Mas existem certos cuidados que podem e devem ser tomados para garantir a proteção.
Os vilões nem sempre buscam senhas bancárias, mas sim dados pessoais, como música mais ouvida e tipo de literatura de cabeceira. Vão de simples ladrões de sua intimidade até sequestradores de dados e de fotos constrangedoras.
“Os ataques estão direcionados aos hábitos de navegação. Antigamente, o usuário descartava qualquer e-mail de banco em que não tinha conta porque sabia que isso era um golpe. Hoje, na maioria dos casos, chegam e-mails que usam ilicitamente o nome da instituição bancária em que se é correntista”, diz Alexandre Freire, professor da UFRJ e especialista em Segurança da Informação.
Ele explica que o perfil é traçado a partir do mapeamento do histórico de navegação e que essa prática é um procedimento normal feito pelo Gmail, Facebook, Outlook, Microsoft e Google, e demais serviços e empresas.
“É um mecanismo intrusivo e muitos sites instalam programas que podem ser usados para o bem ou para o mau. Há muitos produtos sofisticados que induzem o usuário ao erro. Estar conectado 24 horas por dia, seja por rede wi-fi ou por rede móvel (do smartphone) tem como consequência o fim da privacidade”, revela Freire.
Mais do que instalar antivírus ou demais tipos de programas para impedir o uso ilícito de dados pessoais, é imprescindível mudar o comportamento de navegação. “O usuário final precisa se adequar aos novos meios de ataque e redobrar a atenção. Cuidados básicos com a senha são deixados de lado e facilitam a atuação de hackers”, defende.
Baixar aplicativos no smartphone também exige cuidado. A orientação é que se faça downloads somente de programas e desenvolvedores confiáveis. Segundo Freire, alguns aplicativos podem roubar dados ou fazer monitoramento do uso do aparelho, como ligações telefônicas, microfone e câmera.
Segundo o especialista, a atenção também tem que ser redobrada quanto ao uso dos aplicativos do Facebook compartilhado entre os perfis. “Muitos hackers criam aplicativos que podem conter elementos que tornam o usuário vulnerável a ataques”, explica.
COMO PROTEGER SEUS DADOS
SEGURANÇA.Analista de segurança de dados da MV Security, Marcos Velasco explica que as portas e os cadeados de computadores podem estar abertos de diversas maneiras: softwares desatualizados, sistema operacional e uso de navegadores antigos, falta de antivírus e firewall (dispositivo com regras de segurança), sites inverídicos e e-mails falsos que são enviados aos milhares todos os dias.
REPETIÇÃO DE SENHA. Velasco também orienta evitar a repetição de senhas em mais de um serviço. Exemplo: use uma senha para o e-mail e outras para cada rede social: Facebook, Twitter, entre outros, além do Skype. “Não é que isso proteja mais. Contudo, dificulta um pouco o trabalho de um hacker, já que ele teria que conseguir várias senhas para acessar todos os serviços. Se o usuário tem uma única senha, ele poderá perder o acesso a todos os serviços de uma vez e dificultar ainda mais a recuperação”, adverte.
REDE SEM FIO . Quem usa redes sem fio abertas pode ter os dados “roubados” facilmente por meio de sniffers (programa de captura que analisam pacotes trafegados na rede), principalmente senhas de e-mails e bancos, explica o analista. “Usar o wireless aberto é o mesmo que gritar a sua senha em um megafone. Portanto, muito cuidado”, recomenda.
EXPOSIÇÃO. Velasco ressalta que o excesso de informação divulgado pode comprometer as vidas virtual e a real. “Não é bom dar detalhes de rotinas, como viagens. A família pode retornar para casa e ter surpresa desagradável”, alerta.
ANTIVÍRUS PODEROSOS E GRÁTIS
1) www.psafe.com. 2)bitdefender.com.br/solutions/free.html. 3) cloudantivirus.com/pb. 4) www.avira.com/pt-br/download?product=avira-free-antivirus. 5) avast.com/pt-br/index. 6)avgbrasil.com.br/avg-free-antivirus-gratis.
É IMPORTANTE EVITAR A EXPOSIÇÃO
Especialista em Segurança da Informação da Módulo Security Solutions, Maurício Taves explica que o usuário pode a qualquer momento consultar a política de privacidade dos serviços, sempre que houver dúvida. Contudo, o usuário tem que fazer a “sua parte” tomando cuidados básicos.
Segundo Taves, é importante sempre que, antes de publicar qualquer informação na internet, questionar se aquele dado é relevante ou não e se pode trazer algum problema no futuro: “Quando se divulgam rotinas como horários de academia, cursos, eventos e viagens o próprio usuário está desenhando um perfil que pode servir de informação para terceiros. Ou seja, não adianta instalar antivírus se a pessoa não dosar o grau de exposição.”
O especialista lembra que a curiosidade ainda é um problema que faz o usuário cair em armadilhas. “Não se deixar levar pela curiosidade. É necessário pensar duas vezes antes de clicar e desconfiar de algumas informações que são apresentadas. Esses gestos são simples e poderiam evitar a vulnerabilidade dos dados pessoais”, cita Maurício Taves .
Complemento da matéria por Márcia Mendes:
Segundo o especialista, a atenção também tem que ser redobrada quanto ao uso dos aplicativos do Facebook compartilhado entre os perfis. “Muitos hackers criam aplicativos que podem conter elementos que tornam o usuário vulnerável a ataques”,
Veja abaixo o que diz no artigo 307 do código
penal: "Atribuir a si ou a terceiro falsa identidade para obter vantagem,
em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outros. Pena: detenção, de
três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de crime mais
grave.
Qualquer pessoa que atribua uma falsa identidade comete um crime e ou o lesado diretamente pela conduta como por exemplo a pessoa que teve o seu perfil, seu blog, seu e-mail, sua página pessoal clonada numa rede; ou ainda que descobriu um perfil falso com a sua identidade, é a vítima.
Vale ressaltar que o Estado também é lesado, uma vez que o crime de Falsa Identidade está inscrito entre os crimes contra a fé pública.
Outro aviso importante aos que acham que podem se livrar desse crime e não serem descobertos é que não adianta usar o endereço IP (internet protocol) anônimo pois nada é impossível para o órgão competente chamado Polícia Federal.
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