O futuro papa poderá, segundo a tradição, escolher o nome que carregará por todo o seu pontificado: uma forma latinizada de seu nome de batismo, o nome de um predecessor ou o de um santo são as opções possíveis para o 266º soberano pontífice da história.
De acordo com a regra, o sucessor ao trono de Pedro deve escolher seu nome logo após ser eleito pelo colégio de cardeais reunido em conclave. O nome do novo Papa é então proclamado à multidão romana da varanda da Basílica de São Pedro pelo cardeal protodiácono após a célebre frase em latim: "Habemus Papam".
João Paulo I, eleito em 1978, e cujo pontificado durou apenas 33 dias, foi o primeiro a escolher um nome composto - uma escolha inédita em toda a história do papado - expressando assim a sua gratidão e ligação com a herança deixada à Igreja pelos pontífices João XXIII e Paulo VI.
João Paulo II, que o sucedeu em outubro de 1978, explicou sua escolha em sua primeira encíclica "Redemptor hominis", de 4 de março de 1979, pela vontade de se inscrever simbolicamente no caminho traçado por seus mais próximos antecessores. "Esse pontificado (de João Paulo I) durou apenas trinta e três dias, cabe a mim não só continuar, mas, de certa maneira, partir do mesmo ponto", escreveu em sua encíclica.
"João XXIII e Paulo VI representam uma etapa a qual desejo ter como referência direta, como um limite a partir do qual quero, em companhia de João Paulo I, por assim dizer, continuar a caminhar em direção ao futuro, me deixando guiar, com confiança ilimitada, por obediência ao Espírito que Cristo prometeu e enviou a sua Igreja", prosseguiu em "Redemptor hominis".
Quanto a Joseph Ratzinger, este escolheu o nome de Bento XVI em referência a Bento XV, o papa da paz durante a primeira guerra mundial. Várias possibilidades se abrem a seu sucessor para escolher o nome que carregará durante seu pontificado.
Poderia optar por uma forma latinizada de seu próprio nome de família, escolher o nome de um Papa ou ainda o nome de um santo. Ele também poderá determinar sua escolha em função do significado do nome, por exemplo Pio (piedoso) ou Inocêncio.
Considerações pessoais podem igualmente serem levadas em conta, como foi o caso do Papa João XXII que escolheu seu nome em referência a seu próprio pai.
Originalmente, os Papas mantinham habitualmente seu nome de batismo até o final do primeiro milênio. O costume mudou em 996 quando Gregório V abandonou seu nome de batismo, Bruno. Cento e trinta e um de seus 133 sucessores fizeram o mesmo, incluindo João Paulo II.
Antes do século X, apenas seis Papas trocaram seus nomes por diferentes razões. A primeira exceção foi João II em 533. Batizado Mercúrio, ele não quis manter o nome de um deus pagão.
Desde Simão Pedro, o primeiro Papa morto em martírio no ano 64 após Jesus Cristo, nenhum Papa ousou adotar o nome de Pedro. João XIV (983), que se chamava Pedro, não quebrou o que se transformou em um verdadeiro tabu. Assim como Sérgio IV (1009).
O primeiro nome a ser escolhido por diversos pontífices foi o de Sisto, em 257 como o Papa Sisto II. Desde então, os nomes mais comuns adotados foram João (21), Gregório (16), Clemente e Bento (15), Leão e Inocêncio (13) e Pio (12).
Esta contagem não leva em conta os "antipapas" (Papas considerados pela Igreja como eleitos de forma irregular, como o Papa João XXIII em 1410) e algumas anomalias: como Bento IX (que foi três vezes Papa entre 1032 e 1048), Bento XI em 1303, e o Papa João XX que não existiu.
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