Previsão foi anunciada pelo ministro da Cidadania
O ministro da Cidadania, Ronaldo Bento, disse no dia 17 de
agosto de 2022, que as contratações de
crédito consignado por beneficiários do Auxílio Brasil devem começar até o
início de setembro. Após a edição do decreto que regulamentou a concessão desse
empréstimo, o Ministério da Cidadania trabalha em normas complementares para o
início das operações.
“Já temos quase 17 instituições financeiras homologadas pelo Ministério da
Cidadania aptas à concessão do empréstimo consignado. É um número que mostra o
interesse do mercado em estar disponibilizando o crédito para essa população”,
disse, durante coletiva de imprensa no Palácio do Planalto.
O crédito consignado é aquele concedido pelas instituições financeiras com
desconto automático das parcelas em folha de pagamento do salário ou benefício.
Os beneficiários do Auxílio Brasil poderão fazer empréstimos de até 40% do
valor do benefício e autorizar a União a descontar o valor da parcela dos
repasses mensais.
Extrema pobreza
O ministro Ronaldo Bento estava acompanhando do presidente
do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Erik Figueiredo, que
apresentou um estudo que avalia os efeitos do Programa Auxílio Brasil sobre a
extrema pobreza, o mercado de trabalho e a insegurança alimentar. A nota Expansão do Programa Auxílio Brasil: Uma Reflexão Preliminar,
assinada por Figueiredo, foi divulgada na semana passada.
De acordo com o Ipea, a previsão da Organização das Nações
Unidas (ONU) era que a taxa de extrema pobreza brasileira saltaria de 5,1% em
2019 para 8,8% em 2022, mas segundo Figueiredo, a tendência é contrária, com a
projeção de uma redução da taxa de extrema pobreza para 4,1% em 2022. Em 2021,
6% dos brasileiros estavam na condição de extrema pobreza.
Para chegar a essa previsão, Figueiredo explicou que o Ipea
considerou a adição de 5,7 milhões de famílias no Auxílio Brasil em 2021 e
2022. “Evidente que isso vai ter um impacto na extrema pobreza. Consideramos
esse incremento com base em dados mais concretos”, disse.
O estudo diz ainda que o crescimento da prevalência de
desnutrição e insegurança alimentar no Brasil não tem impactado os indicadores
de saúde ligados à prevalência da fome. “Entre 2018 e 2021, o número de
internações relacionadas à desnutrição protéico-calórica de graus moderado e
leve, à desnutrição protéico-calórica grave, ao atraso do desenvolvimento
devido à desnutrição protéico-calórica, à kwashiorkor [deficiência de
proteínas] e ao marasmo nutricional apresentou queda”, informou o Ipea.
De acordo com o instituto, o aumento do repasse do programa
representou, entre janeiro e agosto, aproximadamente 2,5 vezes a perda de renda
do trabalho das famílias pobres em decorrência da pandemia da covid-19. Além
disso, segundo Figueiredo, o crescimento do programa social impulsionou as
economias locais.
“Em todas as regiões do país, houve uma relação diretamente
proporcional na quantidade de empregos formais gerados e famílias acrescidas ao
Auxílio Brasil. Em média, para cada mil famílias incluídas no Auxílio Brasil,
há a geração de 365 empregos formais”, disse.
Agência Brasil