História de vida
Ariane em busca de um
sonho
Minha
mãe me teve aos 27 anos. A principio uma gravidez normal, porem indesejada por
parte do meu pai biológico que me rejeitou mesmo antes de eu nascesse. Quando
minha mãe falou com ele que estava grávida a primeira palavra dele foi , “se eu
tivesse dinheiro te levaria para tirar”. O susto foi tão grande e a decepção,
que minha mãe saiu chorando e quando chegou a casa sua mãe vendo que ela estava
em estado de choque, perguntou o que estava acontecendo, pois, nem ela e minha
avó não sabiam ainda. Mamãe contou para ela e também levou um choque pela
reação dele, já que vovó também gostava muito dele. E falou para minha mãe você
não vai tirar. Deixa minha neta nascer e depois a gente vê como vai ficar, pois
é sua filha afirmou minha mãe (vovó). E mamãe falou como à senhora pode afirmar
que será neta ninguém sabe ainda - E ela me respondeu sei pode escrever e vá
procurar um médico para começar seu pré- natal.
Assim minha mãe fez. Tudo estava correndo bem conosco apesar da pressão da
mamãe ser muito baixa, mamãe levou minha gestação com muito otimismo só que no
3º para o 4º mês minha vovó, mãe dela faleceu de repente, pois ela era
hipertensa e diabética e já havia sofrido um AVC, estava com uma pequena seqüela,
mas se recuperava com a fisioterapia, e então começou os problemas, porém
segundo os médicos, mamãe segurou a barra bem, fez muitos exames para ter esta
comprovação já que elas duas eram muito ligadas. Então a medica marcou um
ultrasom e a cesariana para a mamãe. Ai então que começou o meu sofrimento
segundo minha mãe.
A maternidade era escola e o medico que
fez o ultrassom desmarcou a cirurgia por achar que por ser o 1º filho teria que
tentar o parto normal primeiro e depois ver se faria ou não a cirurgia. Fez o
exame e achou que eu estava muito quieta mesmo o meu coraçãozinho batendo
normal pegou um aparelho tipo buzina encostou na barriga da minha mãe e deu um
buzinaço e eu comecei a pular. Então ele disse este moleque vai ser jogador de futebol,
ta tudo bem agora mãe quando estourar a bolsa tiver sinal ou passar mal venha
para a maternidade.
Minha mãe passou mal com muita contração
no dia que nas contas dela e de minha vozinha falecida fizeram e a cesariana
seria feita mais ou menos uma semana
antes.
Chegando lá fizeram toque e até lavagem
só que ela estava só com 2 de
dilatação, não estourou a bolsa e nem sinal.
Horas depois aplicaram um remédio no soro que colocaram para aumentar a
dilatação para tirar a dor e mandaram-na ela voltar para casa. Assim ela fez
sozinha e não sabia de nada, ficou mais ou menos uns quinze dias até ter o
bendito sinal muita contração e nada da bolsa estourar. Volta para a
maternidade outro período de sofrimento para nós duas, duas horas até ser internada,
pois a dilatação era a mesma dois. Foi para a sala de pré-parto as 19h e 45 min.
com os mesmos 2 de dilatação colocaram a no soro para que a dilatação aumentava,
mais ou menos ás 23hs ela estava com 5 de dilatação estouraram a bolsa que
segundo minha mãe parecia um creme não água (mal comparando parecia uma mousse
de morango), foi para a sala de parto as 01hs do outro dia, após muita força e
enfermeiros subindo em cima dela e após cortarem ela demais ela ouviu o médico
falar: - pegue o forcepes ou levamos para cesariana?
Como ela sabia que estava toda cortada por
baixo o no nervoso que todos estavam e
ela também - gritou já estou toda cortada puxe com a mão o nesta tensão vocês podem matar meu bebe que já
não tem força para nascer e cessaria já era demorar demais e ser muito
mais arriscado. Com isso ela teve um
principio de eclampse quando eu estava sendo
puxada e nasci às 2hs e 48 min. dessa manhã sem dar sinal de vida motor somente
meus órgãos vitais. Não chorei e não tinha sequer um movimento, minha parte
motora toda comprometida. Minha mãe nem sequer me viu, pois, fui direto para o
balão de oxigênio e incubadora no berçário e minha mãe implorando para me ver e
não me via. Quando a
enfermeira chegou ao quarto da enfermaria ela perguntou de novo por mim, ela
disse é uma menina só esta na incubadora mais tarde a trago para você, ela é
linda e cabeluda, e indagou-a é filha de português e eu perguntei por que ela a
disse é tão branquinha que até as veias
aparecem. Mamãe falou não e qual o tamanho
dela? 50 cm e 3 kg e 50gms.
Vamos ao banho mãe. Ai então foi ai que
mamãe não conseguiu ficar em pé sozinha estava a puxar da perna esquerda falou
o que aconteceu comigo? A enfermeira disse deve ser o nervoso que você passou e
pegou a cadeira de roda para ela ir pro banho, tomou o banho e voltou para a
enfermaria e a enfermeira mandou que ela me aguardasse. Deu à hora da visita e
chegou minha avó paterna que levou mamãe para internar mais por ser madrugada
não ficou e levou um susto, quando viu mamãe sem mim e disse cadê meu neto ou
neta e mamãe respondeu para ela que neto seu filho não é o pai, eu sou pai e
mãe, pois, pai ela não tem - Vovó falou mais avó ela tem e cadê ela. Mamãe
contou tudo para ela e ela a levou até o berçário então foi que mamãe e vovó
viram que algo muito sério aconteceu comigo.
Quando as enfermeiras viram minha mãe
correram para falar que ela não
podia entrar ali sozinha ela respondeu não
estou sozinha e o que vocês
fizeram com minha filha? A enfermeira retrucou
dizendo nada mãe. Ela
está na incubadora por que engoliu muita
água do parto mamãe disse que
água que não tinha água nenhuma, o que
vocês fizeram:as duas (vó e mãe) fizeram uma arruaça até que eles as tiraram de
lá aplicaram um tranqüilizante na mamãe
para conversar com minha avô que estava apavorada, mamãe não viu mais a vovó
naquele bendito dia 8. Na outro dia cedinho mamãe despertou com uma equipe
médica assistente social, pediatra, psicóloga, ao seu redor para conversar com
ela. Então eles explicaram que eu por ter passado da hora de nascer sofreu com
a falta de oxigênio no cérebro que provocou a tetraplegia, e que ela quando são se dali teria que
começar um tratamento imediato na época era a LBA e que não me tratasse como se
eu fosse uma boneca de brinquedo e sim como se eu tivesse meus movimentos todos
normais e que tudo daria certo. Só que na época minha mãe não entendeu direito
o que eles estavam dizendo, pois, até então ela nunca tinha reparado ou tinha
tido contato com alguém com qualquer tipo de deficiência daquele grau. Já que
naquela época as pessoas na grande maioria ainda escondiam seus filhos ou
parentes especiais por
terem vergonha, ou medo receio, até hoje ela não sabe ao certo o que estas
pessoas achavam ou sentiam, pois, em relação a mim nunca em nenhum momento
houve este tipo de discriminação ou medo, receio da parte dela e nem, dos meus
parentes mais próximos (família). A loucura maior foi quando ela voltou ao
berçário, já que elas não me levaram para ela começou a entender a situação.
Segundo ela eu não chorava parecia um carneirinho baixinho não lacrimejava em
meus olhos, não sugava estava na sonda que ela tirou e a tem até hoje guardada
e pediu pelo amor de Deus que não colocassem mais aquilo em mim, pois ela tinha
muito leite e não seria só para os outros ela me estimulou. Só que na verdade
eu não
conseguia sugar com pressão como até hoje.
Arrumei foi bastante irmão de leite, pois segundo ela, ela parecia uma vaca
leiteira e eu o único movimento que fazia era abrir e fechar os olhos somente.
Os dias foram passando e com sete dias deram alta para mamãe e não para mim e
ela disse sem minha filha não vou, com isso ficamos 45 dias internadas só
saímos porque ela assinou o termo de responsabilidade, pois não via minha
melhora, ela não andava direito ficou puxando da perna e só cheirava cardenal.
Ai sim que após estar em casa, mamãe melhorou um pouco e procurou auxilio em órgãos
competentes para cuidar de mim. Só que foi na época que teve o escândalo do Collor
e sua esposa era algo grande da LBA acho que a presidente estava em extinção
não deu em nada. Eles mandaram ela procurar
recomendação dos médicos
da maternidade e ela sem ciência nenhuma quanto a outra instituição se apavorou
de novo. Porem um anjo caiu do céu. Deus, pois minha mãe para ver a mãe de outra
criança especial como eu, não com a mesma deficiência porem ela deu vários endereços
para minha mãe. E ela
tentou torrencialmente, mas tudo demorava demais para aguardar vaga e ela
queria que eu começasse o tratamento o mais rápido possível foi ai que mamãe
resolveu me mandar
para ficar com minha tia que já tinha visto
na cidade que ela mora e que eu vivo hoje para me tratar na APAE de Pádua que
minha tia já havia visto para mim e que havia vaga a minha espera e nisso já
beirava uns três meses de vida e então aos poucos fui me desenvolvendo,
mamãe compreendendo um pouco mais a minha
deficiência. E estou aqui, pois eles me tiraram o poder de me coordenar minha
parte motora toda, porém Deus não deixou que afetasse tanto minha inteligência.
Comecei a fazer meus movimentos descoordenados mais faço e a cada instante eu
quero mais e pena meus pais não podem, mais tentam tudo o que eu peço e o que
eles vêem ou ouvem a respeito. Meu pai já me levou para fazer tratamento e ser
esportista de bocha na ANDEFE para as Paraolimpíadas só que eu tive que parar
por causa do trabalho da minha mãe, mais voltarei, pois quero muito mostrar que
posso e como gosto de poder ser útil dentro das minhas possibilidades, porque
meu maior sonho é ser independente monetariamente já que fisicamente tenho
muita fé, vontade e esperança mais por enquanto não são possíveis mais a luta
continua. E é nesta luta que eu vou vivendo e curtindo a vida mostrando para
todos que sou diferente mais não indiferente para tudo que a vida tem. Mostro
que quero meu lugar na sociedade, pois gosto e vou aos pagodes, bailes, show,
nos desfiles de escolas de samba na qual participo sambando em minha cadeira
como posso e me
realizando e impressionando as pessoas
com minha alegria de viver. E tudo e todos os eventos que me convidarem meus
pais deixando eu vão e dão tudo de mim com amor e alegria porque o que eu quero
é ser feliz.
Minha professora na APAE comentou sobre
mim na faculdade de Pádua FASAP para alguns formandos e eles foram me procurar
para me entrevistar e saber realmente se eu era aquilo tudo que ela comentou.
Então eu falei que tinha na minha cabeça a vontade de fazer palestras
para deficientes para quem quiser ter mais consciência a nosso respeito e saber
que nós merecemos o mesmo amor, respeito, consideração que os ditos normais e perfeitos
que ninguém é 100% em nada na vida. O que foi morreu por nós Jesus Cristo!!!
Eu sou uma jovem especial e muito, muito mais além de especial, pois apesar da tetraplegia,
não deixo nunca de tentar arranjar um jeito deque eu possa fazer qualquer coisa
que me de vontade de fazer em termos de trabalho ajuda a alguém ou alguma coisa
para qualquer pessoa que eu veja que esta necessitando. Vocês podem até não acreditar,
mais estou aqui para mostrar e confirmar é claro que na maioria das vezes, às
vezes mais outras menos de outra pessoa para que me auxilie o que geralmente é
minha mãe.
Mas acreditem vocês eu lavo minha roupa
se eu quiser, pois mamãe me
ensinou, meus sapatos, tiro pó dos
moveis nas partes baixa, faço
toalhinhas trabalhadas, claro do meu jeito
e mamãe arremata o que eu "falo" o que é e todos adoram não só por
ficar bem, mas pela minha busca de fazer algo sempre e tentar ser
independente financeiramente.
Se precisar fazer uma comida básico tipo macarrão tendo alguém que não saiba
fazer eu sei ensinar, basta me entender. Cuido do meu irmão de 5 anos desde
novo e qualquer outra criança que entenda meus gestos e não deixo correr risco
se for o caso de não me entender por serem nenéns e tiver alguém em casa em
outro cômodo por perto ocupado também dou conta, por que eu balbucio até me
ouvirem e perceberem que vai acontecer algo errado e eles vêem correndo. E até
bijuterias eu já fiz muitas e vendi bastante.
Na 31 Expo de Santo Antônio de Pádua, houve o
show do sorriso maroto e eu fui com os meus pais e meu tio e meu irmão chegando
lá meu pai foi logo providenciando para que eu assistisse o show dentro da área
reservada do palco e assim foi eu fiquei bem pertinho daqueles gatinhos dancei
muito gritei muito,ganhei uma faixa deles para por na minha cabeça e eles me
mandaram água e refrigerante foi ótimo!
Essa é a minha historia para você Márcia,
pedir um auxilio ao presidente do Rotary.Ou algum órgão,empresa, que possa me
ajudar a realizar o meu sonho de ter uma cadeira de rodas motorizada com
controles de mão é normalmente utilizado para as atividades diárias,vou poder
operar uma cadeira de rodas elétrica, usando um controle de cabeça, bastão na
boca ou controle no queixo, se essa realidade acontecer,para mim seria um
presente de Deus!
Obrigado
Ao receber esta carta fiquei muito emocionada, e
pesquisei na internet sobre o assunto e, mas uma vez encontrei casos repetidos,
historias semelhantes, Assim como Rafinha, Kakau sonha em ter uma cadeira de
rodas motorizada A campanha já é conhecida. O sonho em comum, também. Há poucas
semanas, o jornal Portal de Notícias contou a história de Rafaela Santos da
Costa, a Rafinha, moradora de Butiá, que almejava ter uma cadeira de rodas
motorizada. O presente tão esperado foi entregue para a menina, graças à
solidariedade das pessoas que se empenharam para arrecadar recursos. Hoje, a
história se repete, mas a protagonista agora é Ariane de santo Antonio de
Pádua, moradora no bairro Arraizinho.
Tivemos aqui o Michael que mora na Cidade Nova,
ganhou uma cadeira da prefeitura simples, mas até hoje se encontra em uma cama,
não consegui ajuda necessária para iniciar seu tratamento, onde poderia estar
em condições muito melhores. Com trajetórias de vida semelhantes, ambas com
paralisia cerebral, Kakau aguarda o dia em que terá também sua nova cadeira. As
limitações físicas são o resultado de complicações na hora do nascimento.
- Não tive dores na hora do parto e como acharam
que não estava na hora da minha filha nascer, foram passando outras gestantes na
fila para serem atendidas. Mas vi que tinha algo errado, pois a bolsa não havia
se rompimento. No momento do nascimento, nenhum problema foi diagnosticado –
conta a mãe de Kakau, Ana Paula Wictzorck, 33 anos.
As limitações da menina ficaram aparentes quando
ela completou seis meses de vida.
- Ela não sentava sozinha e a mão e o braço direito
estavam sempre encolhidos. Levei-a ao hospital e me diziam que era normal, que
cada criança tinha o seu tempo para se desenvolver. Em uma série de exames
detalhados, realizados no Hospital Santa Casa, em Porto Alegre, veio o
diagnóstico: paralisia cerebral. Explicaram-me que ela passou da hora de
nascer. Com isso, ficou sem oxigenação no cérebro. Se a bolsa tivesse
estourado, ela teria nascido sem problemas. Na verdade, a bolsa atrapalhou a
passagem do bebê na hora do nascimento – fala.
Mãe solteira, Ana Paula enfrentou muitos
obstáculos. Sem poder trabalhar para dedicar-se a Kakau, foi em busca de todos
os recursos necessários para garantir qualidade de vida para a filha. A
Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) e a Apae (Associação de
Pais e Amigos dos Excepcionais) ajudam Kakau em seu desenvolvimento.
- Por muitos anos me questionei dessa situação. Mas
fui conhecendo a palavra de Deus e agora sei que as coisas acontecem como devem
acontecer. Tinha que ser assim. Decidi seguir em frente. Orgulho-me disso – conta Ana Paula.
As historias não são semelhantes?A mesma situação a
hora do parto.mas o final pode ser diferente.
Assim como Rafinha, Kakau ,Michael,Ariane sonha
em ter uma cadeira de rodas motorizada,e isso depende da solidariedade de
todos.Eu gostaria que todos nós e principalmente
donos de grandes empresas lucrativas parassem para pensar e se colocasse no
lugar de pessoas esses jovens imóvel em
cima de uma cama,ou em uma cadeira de rodas velha.A vida é uma surpresa.
Ninguém sabe o que pode acontecer amanhã. E se um dia, algum deles ficasse como
eles?Se todos pensassem assim, trataria o outro do jeito que gostariam de ser
tratados. Se nunca conseguirmos nos
colocar no lugar das outras pessoas, respeitá-las, amá-las e tratá-las da forma
que gostariam que nos tratassem, nada de bom pode acontecer para nós mesmos. Hoje
domingo (08.12.12) fui à casa de Ariane era só alegria, ela pulou a me ver,
nossa que sorriso lindo. Percebi que existem muito mais coisas entre o céu e a
Terra do que eu imaginava. Senti-me
renovada e ao mesmo tempo envergonhada só de imaginar que se acontecesse comigo,
não sei como reagiria sua história é impressionante .
Essa menina vai conseguir, ela merece!
Não posso deixar de dizer que é um dos maiores exemplos que eu já vi e uma das
maiores lições que tive, porque ela é um exemplo de renovação e fé.
O
que são tetraplegia e paraplegia
A paraplegia é uma incapacitação das funções sensoriais e motores nas
extremidades inferiores. Quando os braços também são afetados pela paralisia, o
termo correto é tetraplegia. Paraplegia e tetraplegia são geralmente resultado
de lesão na medula espinhal ou de uma condição médica congênita chamada spina
bífina, a qual afeta elementos neurais no canal espinhal. A área do canal
espinhal afetada na paraplegia pode ser a torácica, lombar ou sacral. Se os
braços também forem paralisados a pessoa terá tetraplegia. Pessoas com
paraplegia são denominadas paraplégicas, e com tetraplegia, tetraplégicas.