Pressionado até pelos senadores governistas, Amilton Gomes de Paula se emociona e diz que queria apenas 'vacina para o Brasil'
O reverendo
Amilton Gomes de Paula, fundador da ONG Senah (Secretaria
Nacional de Assuntos Humanitários) e citado como um intermediador entre o
governo federal e empresas que ofereceram vacinas sem comprovar a entrega dos
imunizantes, chorou dia 03 de agosto em depoimento à CPI da Covid.
Pressionado pela cúpula da comissão, ele acabou desabafando
logo após ser duramente questionado pelo senador governista Marcos Rogério
(DEM-RO). "O maior erro que eu fiz foi abrir a porta da minha casa em Brasília.
Eu abri a porta da minha casa num momento em que eu estava enfrentando a perda
de um ente querido da minha família. E eu queria vacina para o Brasil",
afirmou. "Eu tenho culpa, sim. Eu peço desculpa ao Brasil."
Sem explicar exatamente qual foi seu erro, Gomes de Paula
afirmou que o que fez "não agradou, primeiramente, aos olhos de
Deus".
'Dúvida cruel'
Marcos Rogério, que é presbítero da Assembleia de Deus,
tentou isentar o reverendo de responsabilidade e afirmou que Amilton poderia
ter sido induzido por sua boa-fé. "Eu não fiz essa ponderação com relação
a (Luiz Paulo) Dominghetti e com relação a Cristiano (Carvalho)",
referindo-se a dois representantes da Davati que prestaram depoimento à CPI,
"porque ali me pareceu absolutamente se tratar de dois trambiqueiros, mas
em relação a vossa excelência não quero fazer essa presunção, eu quero crer na
sua boa-fé, e que vossa senhoria tenha sido vítima dessa situação toda".
"De que paraquedas o senhor caiu nessa mediação? Estou
numa dúvida cruel, eu não sei se vossa senhoria foi enganado, ludibriado, ou se
vossa senhoria, com todo respeito, é parte de uma tríade de golpistas. Eu
lamento muito ter que fazer isso aqui, porque eu defendo o governo, mas não
defendo qualquer prática que faça parte de alguma suspeita de
irregularidade."
Simpatizante do governo
Na primeira parte de seu depoimento, o reverendo negou ter
proximidade com qualquer pessoa do Palácio do Planalto. Mas disse que era
simpatizante do governo, admitindo ter participado da campanha do chefe do Executivo.
No entanto, os membros da CPI questionaram a facilidade com que ele chegou ao
Ministério da Saúde para tratar sobre a venda de vacinas.
Amilton relatou três reuniões no ministério: em 22 de
fevereiro, 2 de março e 12 de março. Na última, foi recebido pelo
ex-secretário-executivo da pasta, Elcio Franco. A justificativa do reverendo
para tentar facilitar a compra de vacinas com o Ministério da Saúde foi a
tentativa de fornecer vacinas para o Brasil, uma "iniciativa
humanitária".
(R7 com informações do Estadão Conteúdo)
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