Arquiteto carioca, morto em 2012, rascunhou campanário que está sendo erguido em Aparecida (SP)
FRANCISCO EDSON ALVES
Rio - Um dos últimos projetos do arquiteto carioca Oscar Niemeyer, morto em 2012, está saindo de seus famosos e tradicionais rascunhos em papel, para dar forma ao campanário (torre que abriga sinos) do Santuário Nacional de Aparecida (SP). Cabe à empresa Lótus Projetos, erguer uma das mais imponentes obras do gênero na América Latina, orçada em R$ 6,8 milhões.
O principal desafio, segundo o engenheiro Érico Pelogia, da Lótus, é transformar 285 toneladas de concreto e metais — matérias-primas características dos monumentos do mago da arquitetura brasileira —, em singelo formato de mãos postas em oração, para quem contemplar a obra de longe, e que sustentará 13 sinos verticalmente.
A previsão é de que o projeto, já na fundação, no jardim entre a Passarela da Fé e a Capela das Velas, no pátio da Basílica de Nossa Senhora Aparecida, fique pronto em outubro. É quando será aberto o ano jubilar de comemorações pelos 300 anos do encontro da imagem da padroeira do Brasil nas águas do Rio Paraíba do Sul.
Ao todo, o campanário terá aproximadamente 40 metros de altura, apoiado numa base, também de concreto, de 9m por 20 m, o equivalente a um prédio de 13 andares.
Numa de suas idas a Aparecida no início da década, Niemeyer, a pedido dos bispos locais, rascunhou numa folha, assinada por ele, a estrutura para abrigar os sinos gigantes, confeccionados por especialistas na Holanda. A concepção artística do campanário, e suas dimensões, assim como os próprios sinos, é do artista sacro Cláudio Pastro.
De acordo com ele, o eco das badaladas do sineiro deverá ser ouvido por toda a cidade e municípios vizinhos no Vale do Paraíba paulista.
“O material utilizado para a confecção dos sinos é o bronze, metal conhecido como a voz da divindade. O som de outros tipos de materiais entra e sai pelos ouvidos, mas o bronze toca o coração das pessoas”, justifica Pastro, adiantando que o primeiro e maior sino ficará a uma distância de oito metros do chão, pesando duas toneladas e meia. O último, o menor, pesa 162 quilos.
om poderá ser manual ou mesmo reprodução musical personalizada
Os sinos chegaram de Asten, na Holanda, onde foram fabricados pela empresa Petit & Fritsen B.V., soberana na confecção de sinos desde 1660, em um navio, em dezembro. Desde então, estão em exposição para os fiéis na Basílica de Nossa Senhora.
As 13 peças serão batizadas em nome de apóstolos, de Nossa Senhora e São José. Eles são líderes católicos que tiveram ligação com a história do encontro da imagem, com a chegada dos Missionários Redentoristas a Aparecida, e a construção do Santuário Nacional, além da Campanha dos Devotos, que financia o projeto.
O som dos sinos poderá ser acionado de duas formas: por toques manuais ou reproduções musicais personalizadas pelo Santuário, através de teclado próprio. Para os toques tradicionais, badalarão movidos por motores eletromagnéticos. Já para a reprodução musical permanecerão “parados” e martelos internos produzirão os sons.
Padre Daniel Antônio da Silva, administrador do Santuário, está empolgado. “É um sonho iniciado em 1999. Através dos sinos os romeiros se sentem também abençoados”, justifica Daniel.
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