Sacerdote leva assistência a
viciados na droga que vivem à beira da Avenida Brasil
O DIA - MARCOS GALVÃO
Rio - ‘Bem-vindos ao inferno”. A frase aparece
pichada na parede de um muro, logo na entrada da cracolândia da Vila do João,
próximo à Avenida Brasil, e ainda mexe com os brios do padre italiano Renato
Chiera, 71 anos. Conhecido pelo trabalho de resgate das ruas de crianças e
adolescentes na Baixada, o padre, fundador da Casa do Menor, em Nova Iguaçu,
decidiu abrir uma nova frente de luta: o resgate dos dependentes de crack. “Não
é o crack que mata, mas sim a falta de amor e de oportunidades”, sintetiza o
padre.
Há cerca de um ano, ele incorporou a sua rotina uma
visita semanal — às quartas-feiras — aos dependentes químicos que habitam as
margens da Avenida Brasil. “Nunca, em 35 anos de luta ao lado dos excluídos, vi
uma degradação deste tamanho”, emociona-se, ao falar do que encontra.
Diante do questionamento de atuar fora da área de
abrangência da Diocese de Nova Iguaçu, à qual pertence, o padre responde de
bate-pronto: “Não faço esta seleção. Os dependentes do crack são os leprosos de
hoje. Ninguém os visita, são caçados por todos”, diz ele.
Acompanhado de equipe de voluntários, que inclui
médico, técnicos de enfermagem e psicólogos, o padre acolhe um a um. “Eles
querem ser abraçados, não têm família. Neles, eu vejo Deus”, diz.
Padre Renato Chiera lamenta que haja poucas
instituições capacitadas a receber os dependentes do crack. “É também
necessário criarmos uma rede de amparo, que depois do tratamento ele possa ter
uma profissão, uma família”, explica.
Há uma semana, o assunto passou a ser tema de
discussão da Rede Legado Social, grupo de entidades católicas que se reúne na
Cúria Metropolitana do Rio e busca parcerias para enfrentar o problema. A Casa
do Menor São Miguel Arcanjo, que possui um sítio para tratamento de menores
dependentes químicos, também participa.
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