JORNAL SEM LIMITES DE PÁDUA_RJ: Padre da Baixada atende no Rio a vítimas do crack

sábado, 22 de junho de 2013

Padre da Baixada atende no Rio a vítimas do crack

Sacerdote leva assistência a viciados na droga que vivem à beira da Avenida Brasil



O DIA - MARCOS GALVÃO
Rio - ‘Bem-vindos ao inferno”. A frase aparece pichada na parede de um muro, logo na entrada da cracolândia da Vila do João, próximo à Avenida Brasil, e ainda mexe com os brios do padre italiano Renato Chiera, 71 anos. Conhecido pelo trabalho de resgate das ruas de crianças e adolescentes na Baixada, o padre, fundador da Casa do Menor, em Nova Iguaçu, decidiu abrir uma nova frente de luta: o resgate dos dependentes de crack. “Não é o crack que mata, mas sim a falta de amor e de oportunidades”, sintetiza o padre.
Há cerca de um ano, ele incorporou a sua rotina uma visita semanal — às quartas-feiras — aos dependentes químicos que habitam as margens da Avenida Brasil. “Nunca, em 35 anos de luta ao lado dos excluídos, vi uma degradação deste tamanho”, emociona-se, ao falar do que encontra.
Diante do questionamento de atuar fora da área de abrangência da Diocese de Nova Iguaçu, à qual pertence, o padre responde de bate-pronto: “Não faço esta seleção. Os dependentes do crack são os leprosos de hoje. Ninguém os visita, são caçados por todos”, diz ele.





Padre Renato assume discurso pacifista e diz que não quer atrito com a Prefeitura do Rio ou com o o governo do estado, mas critica o descaso com que o assunto é tratado. “Não adianta colocar a polícia e persegui-los. A Prefeitura os tirou das calçadas da Avenida Brasil porque a imagem deles chocava as pessoas. O problema não acabou. Só esconderam a sujeira para baixo do tapete. É só ir lá”.
Acompanhado de equipe de voluntários, que inclui médico, técnicos de enfermagem e psicólogos, o padre acolhe um a um. “Eles querem ser abraçados, não têm família. Neles, eu vejo Deus”, diz.
Padre Renato Chiera lamenta que haja poucas instituições capacitadas a receber os dependentes do crack. “É também necessário criarmos uma rede de amparo, que depois do tratamento ele possa ter uma profissão, uma família”, explica.

Há uma semana, o assunto passou a ser tema de discussão da Rede Legado Social, grupo de entidades católicas que se reúne na Cúria Metropolitana do Rio e busca parcerias para enfrentar o problema. A Casa do Menor São Miguel Arcanjo, que possui um sítio para tratamento de menores dependentes químicos, também participa.

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