Fios e vidas desembolados através de artesanato
Mais um evento de elevação de
auto-estima e ajuda social tem sido oferecido através do Projeto Passo à Frente
da Secretaria de Trabalho. Com apoio da Secretaria de Promoção Social e a parceria
de artesãs voluntárias, diversos cursos são destinados gratuitamente a ensinar
novas técnicas e dar suporte psicológico à população carente. O novo curso,
iniciado em 10 de outubro no Centro de Aprendizagem, é a arte de fazer renda
com fios e nós – a brolha, uma técnica muito valorizada por apreciadores de
artesanato.
A artesã Maria Magdalena Ciscon,
70 anos, moradora do Caeté, dispõe de seu tempo e conhecimento para ajudar a
população porciunculense a ter uma oportunidade de aumentar a renda familiar e
se recuperar de problemas emocionais. Ela é a querida instrutora do curso de
brolha.
Acredita-se que a técnica seja
árabe e que tenha chegado ao Brasil com os portugueses.
Na década de 30, era moda decorar os enxovais das noivas com a brolha. A matéria-prima da brolha pode ser barbante, corda, algodão ou fios de seda. Com ela, é possível fazer bolsas, blusas, toalhas de mesa, de banho e o que mais a imaginação sugerir.
Na década de 30, era moda decorar os enxovais das noivas com a brolha. A matéria-prima da brolha pode ser barbante, corda, algodão ou fios de seda. Com ela, é possível fazer bolsas, blusas, toalhas de mesa, de banho e o que mais a imaginação sugerir.
Apoio emocional e história real de superação
Junto com o emaranhado de fios,
muitas lágrimas, muitas conversas vão transformando nós em arte e problemas e
histórias pessoais difíceis em exemplos de superação.
Uma das alunas mais assíduas, Sirlene
das Graças Correa tem 43 anos de vida e conta que passou 15 deles sentindo-se a
última das mulheres por conta de sua obesidade. Com 310 quilos, humilhada,
diminuída, depreciada e doente, foi encaminhada por psicólogos do Sistema de
Saúde local aos cursos da Secretaria de Promoção Social. Em três anos, segundo
ela, sua vida mudou completamente. Fez cursos de crochê, pintura, bordado,
costura e agora faz o de brolha. “Colegas e instrutores dos cursos tiveram
muita paciência comigo e todos foram muito importantes na minha recuperação. Quando
cheguei, eu era agressiva, depressiva e triste. Depois entrei no ritmo do pessoal,
comecei a brincar, relaxar, fui ouvida pelas colegas e coordenadoras e hoje
estou aqui contando a minha história e podendo agradecer tudo o que fizeram por
mim”.
Paralelo ao suporte emocional, Sirlene
conseguiu a cirurgia de redução de estômago, emagreceu 178 quilos e resgatou a
alegria de viver. “Hoje posso dizer que antes eu vegetava, agora eu vivo. Foram
muitas conquistas nestes últimos três anos: tornei-me independente com a aquisição
de uma moto, ganhei uma casa, me aposentei em virtude de problemas de
circulação nas pernas e ainda arrumei um marido. Mas a maior conquista foi ter
a minha vida e minha dignidade de volta”, diz com um sorriso lindo nos lábios e
os olhos cheios de esperança.
Rosimere Ferreira
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