Federação Nacional dos Jornalistas registrou 428 casos de violência, mais do que o dobro do ano retrasado. Aumento está associado à 'sistemática ação do presidente da República, Jair Bolsonaro', segundo o relatório
O ano de 2020 registrou 428 casos de ataques à liberdade de imprensa, de acordo com a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). Foi o ano mais violento desde o início do levantamento na década de 1990, de acordo com o relatório Violência Contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil, publicado nesta terça (26).
De 2019 para 2020, o número dobrou. Eram 208 ocorrências, o que representa um aumento de 105%.
Total de ataques
Tanto em 2019, quanto em 2020 houve dois assassinatos e dois casos de racismo. O relatório afirma que “o registro de duas mortes de jornalistas, por dois anos seguidos, é evidência concreta de que há insegurança” para o exercício profissional.
Os jornalistas assassinados foram Léo Veras, que denunciava o crime organizado na fronteira com o Paraguai, e Edney Neves, que trabalhava na campanha à reeleição da Prefeitura de Peixoto de Azevedo, no Mato Grosso, e relatou que recebia ameaças.
Distribuição por casos:
- Assassinatos – 2
- Agressões físicas – 32
- Agressões verbais/virtuais – 76
- Ameaças/intimidações – 34
- Ataques cibernéticos – 34
- Atentado – 1
- Censuras – 85
- Cerceamentos à liberdade de expressão por meio de ações judiciais – 16
- Descredibilização da imprensa – 152
- Impedimentos ao exercício profissional – 14
- Injúrias raciais/racismo – 2
- Sequestro/cárcere privado – 2
- Violência contra a organização dos trabalhadores/sindical – 6
O relatório destaca ainda o aumento de censura (750%) e de agressões verbais/ataques virtuais (280%) de um ano para o outro. Estas, segundo o levantamento, cresceram com o incentivo do presidente.
“Jornalistas passaram a ser agredidos por populares nas ruas e os ataques virtuais, por meio de redes sociais e aplicativos de mensagens, tornaram-se comuns. Apesar do aumento significativo, é muito provável que ainda haja subnotificação dos casos, porque muitos profissionais não chegam a denunciar o ataque sofrido”, diz o relatório.
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FONTE: G1.COM