O prefeito de Santo Antônio de Pádua, Paulo Roberto, fez duas transmissões ao vivo nesta quarta-feira (3), para tratar da instalação de um sistema de “pare e siga” na divisa entre os municípios de Pádua (RJ) e Pirapetinga (MG), que estaria funcionando sem autorização do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Rio de Janeiro (DER-RJ).
A primeira live foi transmitida na manhã de quarta (03), diretamente do local da instalação, na divisa entre os estados. Em tom crítico, o prefeito afirmou que o dispositivo foi instalado de maneira unilateral por iniciativa de Pirapetinga, e estaria causando diversos transtornos à população paduana, sobretudo aos moradores dos bairros Divisa, Ibitinema e Chalé.
O prefeito destacou que o fluxo intenso de veículos, especialmente de caminhões pesados, compromete a segurança dos moradores e afeta a mobilidade urbana de forma grave. Segundo ele, nenhuma autorização do DER-RJ foi solicitada ou concedida, e o município de Pádua não foi informado previamente.
Live à noite reforça cobranças e críticas à falta de transparência
Já às 20h30, em uma nova live transmitida nas redes sociais, Paulo Roberto voltou ao assunto e revelou que passou o dia buscando informações e mobilizando sua equipe para lidar com a situação. Durante a transmissão, o prefeito pediu que os caminhoneiros evitem a rota, ao menos temporariamente, enquanto a prefeitura tenta um diálogo com os órgãos competentes.
Ele alertou ainda que, caso o DER-RJ venha a liberar oficialmente o funcionamento do “pare e siga”, será necessária a presença de uma fiscalização estadual para garantir que o controle de tráfego não coloque em risco a população local.
Arrecadação milionária sem retorno à população
Um dos pontos mais destacados pelo prefeito foi a arrecadação gerada pela cobrança de pedágio na região. Paulo Roberto estimou que mais de 2 mil caminhões passam diariamente pela estrada, além de carros e outros veículos. Segundo ele, isso representa uma média de R$ 200 mil por dia em arrecadação, valor que, ao longo de 30 dias úteis, ultrapassa os R$ 6 milhões mensais.
“Multiplicando isso pelos últimos 24 meses, temos um montante superior a R$ 50 milhões. Esse dinheiro já seria mais do que suficiente para ter resolvido o problema do desvio e feito os investimentos necessários”, afirmou.
O prefeito também questionou a falta de investimentos na via, apontando que o trecho em questão, que tem cerca de 2 km de extensão continua esburacado, sem conservação e sem sinalização adequada, apesar da expressiva arrecadação. Ele alertou ainda para o risco de que a criação de pedágios municipais se torne uma prática comum, penalizando ainda mais a população que já paga IPVA, impostos estaduais e municipais.
Pirapetinga isenta, Pádua penalizada
Outro ponto levantado por Paulo Roberto foi o fato de que os moradores de Pirapetinga não pagam pedágio, enquanto os de Pádua são obrigados a arcar com a taxa para circular na região. “Isso é injusto. A gente precisa de contrapartida. Não acionaram os órgãos ambientais, nem a Secretaria de Obras de Pádua. Não houve planejamento, não houve consulta técnica, nem debate sobre como legalizar esse processo”, afirmou.
Ele também revelou que pretende buscar diálogo com o governador do Estado, o presidente do DER, e envolver o Judiciário, lembrando que há uma ação em andamento solicitando a suspensão do pedágio na localidade.
“Vamos atrás de saber para onde está indo esse dinheiro todo. É um mistério. Se a arrecadação é para a manutenção da estrada, por que não há conservação? Por que não há transparência com o Estado do Rio de Janeiro?”, questionou.
Educação, saúde e responsabilidades compartilhadas
Paulo Roberto ainda destacou que Pádua também acolhe moradores de Pirapetinga em serviços essenciais, como saúde e educação. “Vi mais de 150 crianças de Pirapetinga estudando na escola Pedro Batista. A gente divide responsabilidades com o município vizinho. Então por que não compartilhar também os encargos do trânsito e da infraestrutura?”, disse.
O prefeito também cobrou preparo técnico das equipes envolvidas no controle de tráfego: “Não pode colocar pessoas despreparadas para orientar motoristas. É preciso capacitação, treinamento e estratégias reais para evitar acidentes. Gente inexperiente não vamos aceitar.”
“Essa moda vai pegar?”
Ao final da transmissão, o prefeito questionou a legalidade da cobrança de pedágio por parte de municípios, sem respaldo estadual. “Esse é o segundo pedágio municipal do Brasil. E se essa moda pega? Cada município começa a criar seu próprio pedágio? Você já paga imposto sobre tudo. Agora vai pagar pedágio a cada cidade que atravessa? Isso precisa ser discutido”, alertou.
Paulo Roberto encerrou a live pedindo desculpas à população pelos transtornos, agradeceu sua equipe de governo pelo apoio durante o dia e reafirmou que seguirá cobrando providências imediatas das autoridades competentes.
Por Redação / jornaldonoroesteonline
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