Como linha de ação propositiva da COP 29 sobre o Clima do Azerbaijão aprovou-se um Acordo para a criação de um mercado global de carbono que trocaria créditos de carbono para gradualizar a emissão de gases de carbono nos países ricos, em favor do financiamento de políticas de desenvolvimento sustentável e de contenção nos países pobres. Um primeiro passo de uma transição energética, pautados por uma visão pragmática e realista, afirmam os apoiadores desta proposta. No entanto, percebem-se logo algumas lacunas. Não se muda o olhar sobre a Criação e as leis de equilíbrio e sustentabilidade. Não se verifica nesta ótica uma preocupação com a vida e os bens públicos globais, mas a otimização do seu uso comercial. Onde a própria natureza é convertida em commodities, reduzida a valor de mercado.
Assim os ecocídios, morte de espécies, biomas ou mesmo de vidas humanas, são vistas como externalidades que podem ser sempre compensadas. Sempre se protela a solução a um futuro sem data ou referência concreta. Um otimismo ingênuo que oculta as contradições visíveis e passa de longe as situações cada vez mais graves de refugiados climáticos e catástrofes “naturais” cada vez mais intensas e devastadoras. Precisamos de uma conversão de mentalidade e de estilo de vida, que nos faça compreender a responsabilidade pela nossa pegada ecológica e nossa vocação e missão de cuidadores e guardiões da terra e das teias e redes da vida. Certamente este debate e reflexão continuará no G20 especialmente no G20 social, no Congresso onde o Senado aprovou critérios para o mercado de carbono, e na própria COP 30 em Belém, onde se fará presente a delegação do Vaticano com o secretário de Estado Cardeal Antonio Parolim e Dom Michel Zcerny, Presidente do Conselho Pontifício para o Serviço do Desenvolvimento Integral. Trata-se de contribuir e testemunhar o valioso legado da Ecologia Integral da Laudato Si e Laudato Deum apresentando caminhos de superação da crise climática rumo a esperançosa sobriedade feliz e a comunhão com a Criação. Deus seja louvado!
+ Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo Diocesano de Campos
Ruan Sousa
Comunicação Diocese de Campos
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