A internet — que conecta pessoas e empresas, oferece serviços e lazer e encurta distâncias — tem sido usada como mais uma armadilha para fisgar pessoas de boa-fé, principalmente trabalhadores e beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Eles são bombardeados por todos os lados com as falsas ofertas de liberação de recursos ou rápida concessão de aposentadorias ou pensões. Em meio à pandemia e à crise de desemprego, há quem prometa pelo YouTube a liberação do 14º salário para os segurados da Previdência Social, o que sequer foi aprovado pelo Congresso Nacional, ou sugira revisões de benefícios que não existem, além de outras supostas facilidades.
Até nas rádios, anúncios com ofertas de vantagens estão sendo veiculados. Um deles promete “aposentadoria com 65 anos” para quem nunca fez uma contribuição previdenciária. É uma nova versão do “Aposente-se já”, velha isca conhecida de trabalhadores que sonham pendurar as chuteiras. A propaganda, igualmente enganosa, continua espalhada pela cidade, pintada em muros e faixas.
Os rostos de personalidades da TV, por exemplo, são indevidamente utilizados para dar um tom de veracidade aos vídeos na web. As imagens são usadas sem consentimento. Da mesma forma, frases de efeito como “Falha no INSS” e “Dinheiro na conta” funcionam como atrativos.
— Essas propagandas visam a atrair pessoas de boa índole e com pouca informação, que acabam caindo na lábia dos fraudadores — diz o advogado Guilherme Portanova, segundo o qual, em certos casos, as propagandas de escritórios têm como objetivo ampliar a base de clientes.
No celular: ‘Alô, aqui é do INSS’. Mas não é
Uma aposentadoria “magrinha” e um desconto de 30% tiraram o sono de uma professora aposentada por alguns bons meses. Vítima da “engenharia social”, uma espécie de golpe que convence a pessoa a passar informações confidenciais, a octagenária diz que tomou um susto ao pegar o extrato de benefício e ver o desconto de um empréstimo consignado que nunca havia pedido.
— Fiquei muito envergonhada de ter caído nesse conto do vigário, mas a pessoa disse que era do INSS, e que minha aposentadoria seria bloqueada se não confirmasse os dados pessoais e passasse os documentos por e-mail para provar que era eu — conta a professora aposentada Maria Aparecida Vilela, de 83 anos, moradora do bairro do Riachuelo, na Zona Norte do Rio.
O golpe do qual ela foi vítima, infelizmente, é comum: o celular toca e, do outro lado da linha, uma voz simpática, normalmente carregada com um sotaque diferente, diz ser do INSS e pede a confirmação de alguns dados “por questão de segurança”. Normalmente, são solicitados números de identidade, CPF, benefício previdenciário e até endereço.
De posse dessas informações, os golpistas fazem empréstimos consignados, compram bens e deixam o aposentado sem saber como o nome foi parar em transações financeiras.
Tia Cida, como é conhecida, conseguiu com a ajuda dos netos bloquear o desconto e ter o dinheiro devolvido depois de provar que não fez a solicitação de empréstimo.
Procurado, o INSS informou que se o segurado já caiu em um golpe precisa registrar uma queixa na delegacia policial e comunicar o fato aos órgãos envolvidos (o próprio instituto e o banco em que recebe o benefício, se for o caso).
Fonte: Jornal Extra
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