Quatro pessoas morreram e mais de 230 foram presas durante uma operação da Polícia Civil do Rio que mira suspeitos de roubo, receptação e latrocínio, deflagrada na manhã desta terça-feira. Batizada de Espoliador III, a ação acontece em todo o estado e visa a cumprir mandados de prisão expedidos pela Justiça para inquéritos de diversas delegaciais, além de um levantamento feito pela Polinter. Duas das mortes ocorreram em Resende, no Sul Fluminense, e outras duas em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Armas e produtos roubados foram apreendidos.
As investigações concluíram que a maior parte dos roubos é patrocinada por traficantes de drogas e milicianos. Eles emprestam armas para os assaltantes. De acordo com um levantamento da Polícia Civil, tráfico e milícia são responsáveis por cerca de 79% dos roubos de veículos praticados na capital; 73% em municípios da Baixada Fluminense; e 84% em Niterói e São Gonçalo, na Região Metropolitana. Em relação aos roubos de cargas, as facções criminosas e os paramilitares têm participação em pelo menos 65% dos roubos na capital, 64% na Baixada e 62% em Niterói e São Gonçalo.
Além dos assaltantes, há mandados de prisão também contra receptadores. São eles que adquirirem os produtos roubados, estimulando, assim, os roubos. E também contra os suspeitos de latrocínio.
- Muitas vezes, no momento do roubo, o criminoso acaba matando a vítima. Muitos desses bandidos fazem parte de organizações criminosas que são responsáveis por boa parte dos crimes no estado. A prisão dessas pessoas vai impactar na redução da criminalidade, que já está caindo em todo o estado - disse o delegado Felipe Curi, subsecretário operacional da Polícia Civil.
Participam da operação - que começou a ser planejada há dois meses - equipes dos departamentos gerais de Polícia da Capital (DGPC), da Baixada Fluminense (DGPB), do Interior (DGPI), de Polícia Especializada (DGPE) e de Homicídios e Proteção à Pessoa (DGHPP).
Profissionais do roubo
Segundo o DGPE, os assaltantes atuam de forma reincidente e se tornam profissionais do roubo de carros e cargas. As investigações apontam que os casos de roubo de carga estão em alta em São Gonçalo (Região Metropolitana), Duque de Caxias (Baixada), Belford Roxo (Baixada), Vila Kennedy (Zona Oeste da capital) e Costa Barros (Zona Norte da capital).
— São vias de fluxo de transporte. E muitas delas estão às margens de comunidades — disse o delegado Pedro Henrique Brandão Medina, diretor do DGPE.
Segundo a Polícia Civil, alguns do presos respondem a outros inquéritos. A partir da prisão dos suspeitos na operação desta terça-feira, os investigadores vão focar nos receptadores que atuam no estado.
Carro clonado
Durante a prisão de um dos suspeitos, em Queimados, na Baixada Fluminense, os investigadores encontraram um Honda HRV. Novo, o veículo pode custar mais de R$ 100 mil. Os policiais fizeram uma pesquisa no Detran e descobriram que era clonado. Eles conseguiram localizar o carro original e fizeram contato com o proprietário. O carro clonado foi apreendido.
Redução de crimes
De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), no mês de julho deste ano houve redução do número de vários crimes, como roubo de rua (-42%), roubo de cargas (-34%) e roubo de veículos (-37%) em relação ao mesmo período do ano passado. Nos últimos meses, policiais já prenderam mais de 2.500 suspeitos de assalto e, com isso, a Polícia Civil calcula que 12 mil roubos no estado foram evitados.
A Polícia Civil acredita que haverá um enfraquecimento do tráfico de drogas a partir das prisões desta terça-feira. Isso porque, em troca do empréstimo das armas para os assaltos, os suspeitos davam uma parte do que conseguiam nos roubos para traficantes.
Questionado sobre o motivo da operação nesta terça-feira, Felipe Curi afirmou que houve um pedido para que as delegacias agilizassem conclusões de investigações em aberto:
- Fizemos um monitoramento desses alvos, para cumprir ação e o expressivo número de prisão mostra a importância dessas investigações.
Sobre operações anteriores que resultaram em grande quantidade de presos, que acabaram sendo soltos pela Justiça, o delegado disse que as leis atuais dão margem para isso.
- Isso é uma questão de legislação. Todos nós, polícia e poder judiciário, obedecemos o que está na legislação. Infelizmente, a gente tem um sistema que é retroalimentado. A gente tira de circulação e muitas das vezes outros criminosos saem da cadeia e voltam a cometer o mesmo crime. Por isso, a importância dessas operações da polícia no sentido de tirar esses criminosos das ruas. Infelizmente, muita das vezes, a Justiça é leniente com esses bandidos - afirmou o delegado.
Por conta da determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) nenhuma das prisões ocorreu em comunidades.
Fonte: Ana Carolina Torres e Rafael Nascimento de Souza/ Jornal Extra
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