A democrata Hillary Clinton e o republicano Donald Trump enfrentam o julgamento dos eleitores nesta terça-feira, quando milhões de norte-americanos vão comparecer às urnas para escolher o próximo presidente dos Estados Unidos e encerrar uma campanha marcada por ofensas, que as pesquisas apontam ter Hillary como favorita.
Em uma batalha concentrada principalmente no caráter dos candidatos, Hillary, de 69 anos, ex-secretária de Estado e ex-primeira-dama, e Trump, de 70 anos, empresário bilionário de Nova York, fizeram seus últimos apelos fervorosos aos eleitores na noite de segunda-feira em busca de conquistar mais votos.
Uma pesquisa Reuters/Ipsos deu à democrata 90 por cento de chance de derrotar Trump, e disse que ela caminha para obter 303 votos no Colégio Eleitoral, contra 235 de Trump. São necessários 270 votos para ser eleito presidente.
Os mercados mundiais se prepararam para o desfecho de uma das eleições presidenciais mais acirradas da história recente dos EUA, com ligeira alta nas ações com as expectativas cautelosas de uma vitória de Hillary.
A candidata democrata votou em uma escola de ensino fundamental em sua cidade natal de Chappaqua, no Estado de Nova York, na manhã desta terça-feira.


Trump, que planejava votar mais tarde em Manhattan, iniciou o dia da eleição com uma ligação já costumeira para o programa de notícias matinal "Fox & Friends". "Sou um pouco supersticioso", disse. "Venci muitas primárias falando com vocês logo cedo".
Os dos dois candidatos esperam fazer um comício noturno para comemorar a vitória na cidade de Nova York.
A última semana de campanha foi marcada por uma série de eventos em busca de votos nos Estados-chave onde a eleição deve ser decidida.
"Nós escolhemos acreditar em uma América de esperança, inclusiva, com o coração grande", disse Hillary na Filadélfia ante uma multidão de 33 mil pessoas, o maior público em um comício da democrata nesta campanha.
Ela teve a companhia do presidente Barack Obama, também democrata; da primeira-dama, Michelle Obama; e do ex-presidente e marido de Hillary, Bill Clinton. Mais tarde, fez outra participação repleta de estrelas em Raleigh, na Carolina do Norte, ao lado de Bon Jovi e Lady Gaga.
Trump fez uma de suas últimas aparições na noite de segunda-feira em Manchester, New Hampshire, onde as pesquisas indicam uma disputa bastante apertada.
"Amanhã a classe trabalhadora americana vai responder", disse Trump. "É uma questão de tempo".
Ele levou grande parte de sua família ao palco para seu último comício no Estado, onde conquistou sua primeira vitória na disputa interna dos republicanos pela nomeação para concorrer à Presidência.
Mais tarde, Trump visitou o Estado tradicionalmente democrata de Michigan, onde apresentou sua candidatura como uma escolha histórica para o eleitorado trabalhador, o que ele espera colocá-lo na Casa Branca.
"Hoje é nosso Dia da Independência", disse o magnata em Grand Rapids. "Hoje a classe trabalhadora norte-americana irá contra-atacar, finalmente".
Primeira mulher
Hillary chegou ao dia da eleição como favorita para se tornar a primeira mulher presidente dos EUA, após passar oito anos na Casa Branca como primeira-dama na década de 1990.
Mas conselheiros de seu adversário disseram que o nível de apoio não transparece nas pesquisas e que acreditam que o empresário nova-iorquino está bem posicionado para uma vitória surpreendente, nos moldes do referendo de junho que decidiu a separação do Reino Unido da União Europeia.
"Temos visto um ímpeto enorme", disse o vice-gerente de campanha de Trump, Dave Bossie.
Embora as pesquisas de opinião mostrem uma disputa apertada, mas tendendo para Hillary, as maiores casas de aposta e operações cambiais da internet se revelaram mais confiantes em uma vitória da ex-primeira-dama. O mercado Predictit estimou em 81 por cento as chances de Hillary conquistar a Casa Branca.
Os investidores, que a veem como uma figura familiar, também se animaram com o anúncio do diretor do FBI, James Comey, que no domingo a livrou de uma polêmica envolvendo seu uso de um servidor particular de email quando era secretária de Estado do presidente Barack Obama entre 2009 e 2013.
Os eleitores da pequena Dixville Notch, em New Hampshire, foram os primeiros a depositar votos no país à meia-noite, e o placar ficou em 4 x 2 para Hillary, de acordo com reportagens.
(Reportagem adicional de Emily Stephenson e Amanda Becker viajando com os candidatos)