Ansiedade e medo são os principais problemas relatados por pacientes preocupados com desemprego e dívidas
Rio - A turbulência política e econômica, destilada a todo momento no tenso e frenético noticiário, que no estado culminou com a decretação de estado de calamidade pública, tem influenciado direta e negativamente na saúde, sobretudo mental, de muita gente. De acordo com psicólogos e psiquiatras do Rio de Janeiro, pelo menos 80% dos pacientes passaram a perceber e atribuir novos transtornos psicológicos à crise que assola o país. Quem tem plano de saúde passou a lotar consultórios do ramo em busca de ajuda. Quem não tem está procurando a rede pública ou conseguindo descontos com profissionais do setor, que cobram em média R$ 250 por sessão.
A aeroviária Cristiane Franck, de 49 anos, mãe de duas adolescentes, frequenta a terapia de Márcia. “Decidi que não vou mais adoecer. Estou aprendendo a enxergar que crises não são para sempre”, justifica Cristiane.
O escriturário Gelson da Silva, de 45 anos, morador do Engenho de Dentro, também procurou a ajuda de um psicólogo para resolver tensões. “Para cada sessão, desembolso R$ 300. É caro, mas comecei a entrar em paranoia de uma hora para outra, só de ouvir os comentários sobre as incertezas do cenário atual”, revela ele, que viu sua ansiedade se transformar em depressão.
“Meu temor era perder o emprego. Começava a suar frio, ter diarreia e palpitações, além de uma vontade louca de chorar. Não fui demitido, mas agora corro esse risco, por causa dos constantes atestados médicos que levei à empresa devido ao problema”, lamenta. Segundo especialistas, alguns sintomas servem de alerta: vontade de chorar sem motivo aparente, sensação de incapacidade; suor excessivo; taquicardia, sensação de insegurança constante, insônia, irritabilidade, alterações de humor, e até mesmo os perigosos pensamentos suicidas.
Medo de perder emprego cresceu 32% em três meses
O medo de perder o emprego aparece entre os principais motivos que desencadeiam pânico e depressão entre os que passaram a procurar consultórios de psicologia no Rio. “Com medo de arriscar a vaga que ocupo há 25 anos, passei a trabalhar dobrado. Ando cansado e deprimido”, conta X., gerente de uma loja no Centro.
De acordo com Márcia Modesto, o medo é uma sensação natural, mas é preciso ter cuidado para que ele não se torne um obstáculo. “Nosso objetivo é impedir que o medo, agravado pelo noticiário de crise a todo momento, se transforme em transtornos graves. Para isso, vamos em busca da raiz do problema, discutindo com cada paciente qual a melhor maneira de não cair nessa armadilha.”
Uma das recomendações para evitar dependência de antidepressivos é tentar distrair a mente com outras ocupações. A última pesquisa da Confederação Nacional da Indústria revelou que o medo do desemprego cresceu 32% em apenas três meses, e o índice de satisfação com a vida caiu 8% no mesmo período.
Atenção ao trabalho, família e lazer
O presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Antônio Geraldo da Silva, concorda que a instabilidade política e econômica causa “prejuízos físicos e mentais”. Mas o que fazer diante do massacre da mídia em torno do assunto?
“O segredo é a pessoa ter uma vida regulada, organizada. É preciso dividir o tempo para o trabalho, família e lazer”, aconselha Antônio. “Outra dica é saber discernir as notícias, o que é boato ou não é”, ensina Antônio.
Membro do Conselho Regional de Psicologia (CRP-RJ), Alexandre Trzan Ávila sugere a busca de prazer e alegria. “Se a satisfação está numa caminhada, num passeio, num jantar, num show, reserve sempre tempo para essas atividades.”
“Para os outros 20%, basta tocar no assunto que eles se manifestam imediatamente. Ninguém fica indiferente. A maior parte dos clientes passou a relatar falta de esperança assustadora em relação ao futuro. Isso, claro, faz mal à saúde em geral”, adverte a psicóloga e psiquiatra Márcia Modesto, especialista em terapia de famílias e grupos. “Boa parte dos pacientes chega falando em desemprego, inflação, dívidas e juros altos, para depois relatar problemas pessoais”, comenta.
Em um grupo de mulheres que se trata com Márcia, em Ipanema, por exemplo, exercícios direcionados ao combate à ansiedade, medo e insegurança, provocados pelo cenário nacional, passaram a ser colocados em prática no início do ano. “É preciso impedir que o medo coletivo avance e se transforme numa bola de neve”, explica.A aeroviária Cristiane Franck, de 49 anos, mãe de duas adolescentes, frequenta a terapia de Márcia. “Decidi que não vou mais adoecer. Estou aprendendo a enxergar que crises não são para sempre”, justifica Cristiane.
O escriturário Gelson da Silva, de 45 anos, morador do Engenho de Dentro, também procurou a ajuda de um psicólogo para resolver tensões. “Para cada sessão, desembolso R$ 300. É caro, mas comecei a entrar em paranoia de uma hora para outra, só de ouvir os comentários sobre as incertezas do cenário atual”, revela ele, que viu sua ansiedade se transformar em depressão.
“Meu temor era perder o emprego. Começava a suar frio, ter diarreia e palpitações, além de uma vontade louca de chorar. Não fui demitido, mas agora corro esse risco, por causa dos constantes atestados médicos que levei à empresa devido ao problema”, lamenta. Segundo especialistas, alguns sintomas servem de alerta: vontade de chorar sem motivo aparente, sensação de incapacidade; suor excessivo; taquicardia, sensação de insegurança constante, insônia, irritabilidade, alterações de humor, e até mesmo os perigosos pensamentos suicidas.
Medo de perder emprego cresceu 32% em três meses
O medo de perder o emprego aparece entre os principais motivos que desencadeiam pânico e depressão entre os que passaram a procurar consultórios de psicologia no Rio. “Com medo de arriscar a vaga que ocupo há 25 anos, passei a trabalhar dobrado. Ando cansado e deprimido”, conta X., gerente de uma loja no Centro.
De acordo com Márcia Modesto, o medo é uma sensação natural, mas é preciso ter cuidado para que ele não se torne um obstáculo. “Nosso objetivo é impedir que o medo, agravado pelo noticiário de crise a todo momento, se transforme em transtornos graves. Para isso, vamos em busca da raiz do problema, discutindo com cada paciente qual a melhor maneira de não cair nessa armadilha.”
Uma das recomendações para evitar dependência de antidepressivos é tentar distrair a mente com outras ocupações. A última pesquisa da Confederação Nacional da Indústria revelou que o medo do desemprego cresceu 32% em apenas três meses, e o índice de satisfação com a vida caiu 8% no mesmo período.
Atenção ao trabalho, família e lazer
O presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Antônio Geraldo da Silva, concorda que a instabilidade política e econômica causa “prejuízos físicos e mentais”. Mas o que fazer diante do massacre da mídia em torno do assunto?
“O segredo é a pessoa ter uma vida regulada, organizada. É preciso dividir o tempo para o trabalho, família e lazer”, aconselha Antônio. “Outra dica é saber discernir as notícias, o que é boato ou não é”, ensina Antônio.
Membro do Conselho Regional de Psicologia (CRP-RJ), Alexandre Trzan Ávila sugere a busca de prazer e alegria. “Se a satisfação está numa caminhada, num passeio, num jantar, num show, reserve sempre tempo para essas atividades.”
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