O fisiculturismo é um esporte muito pouco difundido no interior, mas aqui de Porciúncula destaca-se um atleta esforçado e discreto, que já conquistou posição privilegiada no segundo maior campeonato da Federação de Culturismo e Fitness – o Mister Rio Estreantes, realizado em 16 de abril.
De uma beleza escultural invejável, João Pedro Sanches Andrade tem 23 anos, nasceu e foi criado em Porciúncula. Filho de Wagner Andrade e Geovana Sanches, desde cedo sonhou ser jogador de futebol. Em busca de seus sonhos, morou fora de 2008 a 2012, passando pela categoria de base de diversos clubes – Democrata, de Governador Valadares/MG, Boavista, de Saquarema/RJ, e Botafogo/RJ. Por causa do futebol, começou a frequentar academias de ginástica a fim de melhorar a forma física. Assim, conheceu a musculação, e teve início uma nota etapa em sua vida. Percebendo o rápido desenvolvimento corporal, investiu e aprofundou no esporte e se apaixonou. O futebol, que lhe trouxe algumas decepções, deixou de ser aspiração. Ele passou, então, a se dedicar ao fisiculturismo, um esporte que depende quase que exclusivamente do esforço e treinamento do atleta.
O fisiculturismo é um esporte de construção do corpo que visa o máximo desenvolvimento muscular aliado à máxima definição e escultura corporal. O julgamento do atleta é no palco e torna-se campeão quem consegue reunir melhor volume muscular e definição. Consciente dos preconceitos arraigados ao esporte, João Pedro enfrentou e enfrenta comentários maldosos, mas diz não se abalar com nada pela certeza de que está cultivando seu corpo, sua saúde física e mental. “O fisiculturismo tem me ajudado muito no desenvolvimento pessoal, intelectual, espiritual. Amadureci bastante desde que comecei no esporte.”
O início foi no ano de 2012 e, com muita disciplina, autocontrole e dedicação, transfere o que aprende com o esporte para outros aspectos da vida, inclusive em relação às conquistas. “Se você deseja algo, deve correr atrás, independente do que seja, ou da aprovação de terceiros. Tenho aprendido que sou o primeiro e único responsável pelo meu sucesso ou fracasso”.
Filiado à IFBB (Federação de Culturismo e Fitness), a principal federação do esporte no mundo, João Pedro está na categoria bodybuilding juvenil (até 23 anos), e se prepara para concorrer ao Mister Rio no dia 18 de junho no Tijuca Tênis Clube, visando o título e a classificação para o campeonato brasileiro, que acontecerá em São Paulo, em 29 de julho. Eu conversei um pouco com esse atleta determinado, que já tem a postura dos grandes campeões. Simples, humilde, educado, grato e gentil. Uma massa de 100 quilos em 1,78 m de altura que, durante a competição cai para 75 kg, com 5% de gordura corporal.
Rosimere Ferreira
Cultura Porciúncula - O que você tem ganhado com o esporte?
João Pedro – Consegui o terceiro lugar no campeonato estreantes do IFBB Rio, a categoria adulta até 80 kg, sendo que ainda sou juvenil. Foi um grande feito e muito comemorado. A preparação exigiu muito de mim e conquistei um troféu inédito para mim e para a minha cidade. Além disso, o esporte me trouxe disciplina, autocontrole e desenvolvimento pessoal, intelectual e espiritual.
CP – Como é a sua preparação para um campeonato?
JP – Envolve muito suor e dedicação. Tento conciliar o esporte com o nono período do curso de Engenharia Civil que faço na Faculdade Redentor. Treino todos os dias, mas para campeonato, geralmente, inicio a preparação faltando 12 semanas. Tenho como objetivo eliminar o máximo de gordura possível e manter a maior quantidade de massa magra simultaneamente. Nas semanais finais, o processo fica cada vez mais difícil, com menos ingestão de comida e maior intensidade e quantidade de exercícios, tanto na parte cardiovascular, como em esteiras e bicicleta, visando aumento da taxa metabólica e, consequentemente, perda de gordura. No grande dia, é só apresentar o trabalho no palco e esperar pelo melhor. Todo o trabalho do atleta é feito nas semanas que antecedem o campeonato.
CP - Qual a maior dificuldade enfrentada por um fisiculturista?
JP – Sem dúvida é a parte financeira, principalmente nessa fase inicial do esporte, quando há gastos com alimentação, viagens, inscrições, suplementação etc. Mas costumo dizer que quem realmente quer arruma um jeito. Acordo todos os dias às quatro e meia da manhã e tenho muito apoio para realizar meu sonho. A academia Top Fitness em Natividade, do Diogo Bazeth, tem as portas abertas para que eu treine o dia e a hora que quiser, além de suplementos alimentares; meu amigo de infância Paulo Mulinari, formando em Nutrição, me ajuda com a dieta alimentar e apoio psicológico; o Vitor Valle, da academia do Caça e Pesca, também me ajuda muito no treinamento; meus pais, Wagner e Geovana, que me financiam, incentivam e me ajudam em tudo o que podem. Sou muito grato a eles e também à minha maior inspiração, minha namorada, Renata Braga, que me atura na fase final, quando meu mau humor é gritante. Declaro aqui meu amor a ela e o desejo de passar o resto da minha vida ao seu lado.
CP – E depois de tornar-se engenheiro, como vai ser sua vida?
JP – Pretendo atuar na profissão, mas não descarto outras possibilidades. O ideal seria viver do esporte, mas como isso é muito difícil no Brasil, pretendo conciliar o sonho (fisiculturismo) com a realidade. Não pretendo parar. Estar bem consigo mesmo não tem preço. É um esporte viciante e que me faz muito feliz. Vou continuar até quando Deus me permitir.
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