A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa (Alerj) criada para investigar o tráfico de crianças no Rio solicitará ao Governo do estado que seja criada uma delegacia especializada nesses desaparecimentos. O presidente da comissão, deputado Paulo Ramos (sem partido), tomou essa decisão ao fim de uma reunião com representantes de duas ONGs de São Paulo, que contaram sobre seu trabalho e sobre o programa “São Paulo em busca das crianças e adolescentes desaparecidos”, criado pelo Governo em 2012. O programa reúne secretarias e a Polícia Civil de SP em campanhas de conscientização e prevenção, e mantém também um banco de dados com fotografias atualizadas de alunos até 16 anos matriculados em escolas públicas, que frequentem instituições de saúde ou utilizem unidades de esporte. “Os depoimentos mostram a necessidade de uma política pública voltada para casos assim, que trate dessas situações com agilidade, para que informações importantes não se percam”, afirmou Ramos.
Vera Lúcia Ranu é presidente da Associação Nacional de Prevenção e Busca de Pessoas Desaparecidas – Mães e luta. Sua filha tinha 13 anos quando desapareceu, em novembro de 1992. Segundo Vera, a menina saiu para ir ao colégio e nunca mais voltou. “Não se pode falar em tráfico de crianças e não considerar esses casos isolados de desaparecimento, porque essas são as crianças levadas pelo tráfico. O poder público não tem noção concreta do número que crianças e adolescentes que some”, disse ela. Já Ivanise Esperedião da Silva é presidente da Associação Brasileira de Busca e Defesa da Criança Desaparecida – Mães da Sé, e passou pelo mesmo sofrimento com sua filha, que também tinha 13 anos quando sumiu. Segundo Ivanise, a menina brincava perto de casa quando aconteceu. “O que custa ao Governo federal fazer uma pesquisa por estado? Por que não nos dizer quantas crianças realmente somem no país?”, questionou.
“Tudo isso nos deixa frustrados. É uma luta diária, não ganhamos nada por isso”, completou Vera. “Parabenizo essas mulheres pelo apoio que dão às famílias que passam por isso e também pelo seu trabalho de prevenção. A prevenção é tão importante quanto a busca, mas é menos valorizada, porque nunca sabemos o que deixou de acontecer por causa das nossas ações”, disse Ramos. A delegada de Pessoas Desaparecidas de Minas Gerais, Cristina Coelli Cicarelli, será convidada pela CPI a participar de outra oitiva. “A ideia é que convidemos também a delegada Martha Rocha, chefe da Polícia Civil do Rio, para ouvir esse depoimento”, disse o relator da comissão, deputado Luiz Paulo (PSDB). Jovita Belfort, mãe da desaparecida Priscila Belfort (irmã do lutador Vitor Belfort), também estava presente na reunião. Participou da reunião, ainda, o deputado Jânio Mendes (PDT).
(texto de Amanda Lazaroni)
Pedro Motta Lima
Diretoria de Comunicação Social da Alerj
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