COMEÇO COM ELA MESMO SE APRESENTANDO EM UMA CARTA ESCRITA EM 2011
"HISTÓRICO E PROPOSTAS QUE JÁ FIZ PARA O CAPS- SANTO ANTONIO DE PÁDUA - RJ - BRASIL
Carta de apresentação
Sou Tânia Maria da Silva, hoje moro em Santo Antônio de Pádua, trabalhei em diversas áreas, como comerciaria, atuei em Jornal Regional de terceiros, e posteriormente montei o meu; “Opção”. E agora, depois dos filhos, formados, resolvi entrar para a Universidade, que hoje representa para mim, mais um objetivo, o de continuar aprendendo e ajudando a formar cidadãos.
Estou cursando o 5º período de Licenciatura em Pedagogia na FAETRJ, e tenho alguns Projetos que fiz, diante da necessidade de um trabalho mais pedagógico e prazeroso, dirigido a adultos e crianças.
O trabalho a que me refiro agora, é dirigido aos usuários dos CAPS –
Centro de Atenção Psicossocial, Que deveria ser um Hospital dia, mas com a falta de recursos, em alguns municípios, tornou-se simplesmente uma casa de acolhimento. Sendo que alguns oferecem pouquíssimas oficinas para entreter e socializar seus frequentadores. Quiçá um posto de atendimento médico sem humanização e alternativas para, pessoas que tem sofrimento mental terem um ponto de referência para tomar remédio, ir à médico, almoçar e ir embora após a refeição.
O Transtorno Mental requer mais que um tratamento objetivo, um prato de comida, LOAS, remédios e um tratamento muitas vezes, por parte de alguns funcionários, totalmente frio e distante. Todos sabem de Hospitais referência como o Pinel, que tem até uma rede de TV. Sei que ainda é uma proposta inusitada para o interior, mas, em Pádua por exemplo, o psicólogo Allan Aguiar, vêm fazendo um trabalho maravilhosos na Ilha da Convivência, que o Jornal da Ilha, onde todos, tem vez e voz. Mas por falta de dinheiro, vinha sendo editado dentro das possibilidades financeiras do grupo.
Diante do exposto, venho propor aos senhores que avaliem o Projeto que Idealizei para o CAPS, que uma proposta de Letramento e Recreação, para os usuários que se propõe a priori, trabalhar com atividades lúdicas, abordando vivências do cotidiano de cada um, procurando nortear o usuário para um resgate de identidade e cidadania. Sendo feito de forma suave e gradual, acompanhando as necessidades individuais e coletivas.
Para eliminar qualquer preconceito, me apresento também, como usuária do CAPS de Santo Antônio de Pádua, há 17 anos, conhecendo intimamente o sofrimento Mental e o esforço que travo todos os dias, para poder continuar a trabalhar, estudar e ser útil à Sociedade de alguma forma. Eu amo Trabalhar e peço aos senhores que me concedam a oportunidade de mostrar o meu potencial, tendo mais uma oportunidade de aprender e principalmente ter a minha independência financeira, longe das cadeiras do INSS. Para isso, peço que façamos uma experiência de mão dupla, e me dê a oportunidade de trabalhar no que amo e ter uma remuneração para viver.
Conto com a apreciação dos senhores do Projeto de Letramento e Recreação, agradecendo desde já a atenção:Escrito em 2011 por Tânia Maria da Silva."
• "Não se curem além da conta. Gente curada demais é gente chata. Todo mundo tem um pouco de loucura. Vou lhes fazer um pedido: Vivam a imaginação, pois ela é a nossa realidade mais profunda. Felizmente, eu nunca convivi com pessoas ajuizadas".
• "É necessário se espantar, se indignar e se contagiar, só assim é possível mudar a realidade..."
• “Para navegar conta a corrente são necessárias condições raras: espírito de aventura, coragem,
perseverança e paixão.”
• “Todo mundo deve inventar alguma coisa, a criatividade reúne em si várias funções psicológicas importantes para a reestruturação da psique. O que cura, fundamentalmente, é o estímulo à criatividade.”
• “Desprezo as pessoas que se julgam superiores aos animais. Os animais tem a sabedoria da natureza. Eu gostaria de ser como o gato: quando não se quer saber de uma pessoa, levanta a cauda e sai. Não tem papo.”
• “Eu me sinto bicho. Bicho é mais importante que gente. Pra mim o teste é o bicho, se não passar por ele, não tem vez. Freud disse que quem pensa que não é bicho, é arrogante.”
• “Porque passei pela prisão, eu compreendo as pessoas e os animais que estão doentes, pobres, que sofrem. Eu me identifico com eles. Sinto-me um deles.”
• “Só os loucos e os artistas podem me compreender.” FRASES DA DRA. NISE
O que falar?
Ela sempre foi autentica, muito inteligente, verdadeira, só queria uma oportunidade de levar a vida adiante,formada não teve uma chance de aplicar o que um diploma lhe concedeu,o preconceito paduano,o medo das pessoas em lhe dar uma única oportunidade de trabalho,e olha que já havia trabalhado antes,como diretora e sócia do Jornal A folha,na Igreja de Santo Antonio de Pádua,como ela ficou feliz com esse emprego e voltou a estudar se formou e de repente as portas se fecharam.A sociedade não gosta de pessoas francas,verdadeiras e procuram logo rotular,para tirar a credibilidade de suas palavras,nunca vi uma pessoa mesmo em suas crises tão lúcida,ela lembrava de tudo e de todos,contava cada fato e historias que muitos educadores duvido que conheça,ela estuda,buscava,infelizmente só não ouvida. Suas palavras “ Para eliminar qualquer preconceito, me apresento também, como usuária do CAPS de Santo Antônio de Pádua, há 17 anos, conhecendo intimamente o sofrimento Mental e o esforço que travo todos os dias, para poder continuar a trabalhar, estudar e ser útil à Sociedade de alguma forma. Eu amo Trabalhar e peço aos senhores que me concedam a oportunidade de mostrar o meu potencial, tendo mais uma oportunidade de aprender e principalmente ter a minha independência financeira, longe das cadeiras do INSS. Para isso, peço que façamos uma experiência de mão dupla, e me dê a oportunidade de trabalhar no que amo e ter uma remuneração para viver.”
Quanto ela entrava em crise era necessário a internação, só que não existe hospital psiquiátrico na região em Bom Jesus os políticos conseguiram acabar com a única opção de tratamento desses pacientes. Então ela era internada no hospital municipal de Santo Antonio de Pádua, No dia da internação fomos questionar o porquê de ela ficar em uma enfermaria com dois homens com problemas mentais também, a partir desses momentos os problemas começaram. Os pacientes mentais não eram bem vistos e sim um incomodo, como disse o Presidente do hospital ali é só uma rede hoteleira para abrigar os pacientes mentais, não é obrigação dele e da equipe de enfermagem sequer colocar as mãos no paciente, isto dito ao Vinicius filho da Tânia e sua nora Patrícia. E proibiu o filho de ficar na enfermaria sendo homem foi quanto Vinicius questionou “Eu como filho não posso, mas ela pode ficar com dois homens desconhecidos e com problemas mentais, se ocorrer algo com minha mãe, ate mesmo um estrupada você se responsabiliza?”
E o presidente soltou essa perola: “Me responsabilizo” Como? Não importava se o fato ocorresse, a dor, o sofrimento, o direito dela de proteção e privacidade, não importava só ego do presidente, do advogado, como ele mesmo disse e ameaçou entre palavras que conhecia de leis, ali não importava a lei e sim a vida, essa é a lei maior que existe, o direito de prevenção, cuidados com os todos os doentes.
Pedi que Vinicius para acalmasse procurássemos a defensoria publica,já que ele disse que era advogado, para saber quais o direito da paciente, se caso o que ele informava,que o leito era misto,que eu ficaria com ela,com isso o presidente se irritou mas ainda,proibindo a minha entrada no hospital,só se família permiti-se,na mesma hora Vinicius que me tem como sua mãe,autorizou e disse “ Ela é como se fosse Irma de minha e tão todo direito de ficar ao lado dela,eu assino qualquer documento.”
Para complementar seu filho Yuri que mora no RJ,ao tentar se despedir da mãe fora do horário,foi barrado por uma enfermeira,que chamou a policia para retira-lo do hospital,isso tudo só agravou o estado de saúde da Tânia.Ela agrediu a enfermeira e gritava “ Você não tem filhos,deixa eu me despedir do meu filho!”.
A partir daí ela só piorou as crises aumentaram e pelo visto a medicação também ela fica topada o tempo todo,no dia de sua morte estive no hospital pela manha,ela estava muito topada,com a língua enrolada,e como estavam arrumando sua cama e dando medicamentos resolvi ir embora,quando o enfermeiro me chamou de volta e ela se agarrou em meu pescoço e disse no meu ouvido “tira daqui eles vão me matar”.Choro o todo quanto me lembro disso,devia ter ficado com ela,mas queria evitar problemas com o presidente do hospital.Procurei ajuda com o Secretario de saúde,pedi a ele que ajuda-se a Tânia e outro paciente internado.E nada foi feito,não deu tempo ela morreu,morreu.......................
Não consigo escrever mais as lagrimas não permitem, a família promete tomar as devidas providencias para descobrir a causa da morte, pois nem os médicos que acompanhavam o seu tratamento sabem a causa e se negaram a dar um laudo, ficando seu atestado de orbito como causa indeterminada,.
A família procurou a 136 DP de Pádua para registrar o ocorrido, mas foi negado a ocorrência devido a uma resolução de n 34 de 29 de abril de 203 assinada pelo Secretario de Saúde Woodrow Pimentel Pantoja. A lei é enterrar e depois se o juiz achar que ocorreu algo de errado libera a exumação do corpo.
A família tem o direito de saber qual o motivo da morte já que os médicos não podem afirmar. Parece uma resolução criada por médicos, para defender eles mesmo, é, mas fácil atestar morte indetermina do que fazer de imediato a autopsia, isso agora vai levar tempo e sofrimento a família. Outra situação que chamou atenção dos familiares, doente mental não tem direitos a outros exames?
Talvez nem todos leiam esse desabafo, pois ocorrem muitas festas, inaugurações na cidade, e a morte já se faz uma coisa banal em nossa sociedade,é só mais que morreu, só dói quando é na sua carne.
Vou parar por aqui, minha parte já fiz e encerro aqui, agora passo o bastão para os filhos. Que Deus lhe de forças e que a justiça seja feita. Se não for a do homem, a de Deus se ocorreu algum ato criminoso que a justiça faça valer, se não ocorreu à paz vai reinar entre familiares e amigos, mas verdade tem que aparecer.
Porque a Tânia morreu, qual a causa? Será que um dia teremos a resposta?