Exposição de 20 trabalhos, entre pinturas,
esculturas e instalações, o artista visual Henrique Resende na
inauguração do Espaço Cultural Maria de
Bragança em Aperibé.
Ricardo Gomes
Um novo espaço para as artes na
Casa de Cultura de Aperibe será inaugurado no dia 9 de agosto com a Exposição
Arqueologia da Saudade, do artista visual itaocarense Henrique Resende. A Casa de
Cultura e Museu de Aperibé reúne uma serie de documentos que contam a historia
da cidade. Na opinião de Marcelo da Cunha Hungria o Espaço Vivo já não
comportava as exposições e o novo espaço recebe o nome da artesã Maria de Lourdes Martins Bragança. Para Marcelo uma
homenagem justa para uma das grandes colaboradoras da cultura em Aperibé.
O nome foi
sugerido pelo diretor-presidente do Museu e casa da Cultura de Aperibé, Marcelo
da Cunha Hungria, ao prefeito Dr. Flávio Gomes de Sousa e este, em sua
sensibilidade à cultura, tão logo recebeu o memorando, de pronto proferiu
satisfatoriamente.“Homenagear esta ilustre carioca
que se tornou cidadã aperibense é manter viva parte da nossa própria
história.”, disse Marcelo Hungria
Na exposição, intitulada Arqueologia da Saudade, Resende, que
tem mãe aperibeense e pai itaocarense, explora materiais como óleo, renda,
ecoline e grafite em seus quadros, e papel, renda, ferro fundido e até ossos em
suas esculturas. Com temática muitas vezes autobiográfica, o resultado é
eclético, indo de um neo-expressionismo mórbido ao contemplativo, mas sempre
com uma linguagem contemporânea.
Pinturas retratando personalidades como a saudosa
Dercy Gonçalves (por quem nutria grande amizade) e como o ex Presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (mostrado completamente nu) estarão presentes e o maior
escritor brasileiro de todos os tempos, Machado de Assis, estará retratado numa
escultura em tamanho natural e realista toda feita com papel, cola e tinta.
“Esses trabalhos retratam pessoas específicas, mas o meu desejo é, através do
particular, atingir uma questão universal. A condição humana é que me interessa.
Acredito na arte como uma busca de crescimento espiritual e em sua importância
para fazer com que o homem se torne aquilo que é”, revela Henrique Resende.
“Hoje vemos um trabalho que merece destaque em
Aperibé, e vem sendo realizado pelo Marcelo Hungria, na Casa de Cultura e Museu
de Aperibé. Poucas cidades ainda se preocupam em preservar sua história e sua
cultura. E vemos como esse trabalho tem o apoio do Prefeito Flávio Gomes de
Souza, um dos grandes intelectuais aperibeenses, e isso tem proporcionado
exposições e agora com este novo espaço cultural que presta uma justa homenagem
a Maria de Lourdes Martins de Bragança, uma mulher que deixou como legado seu
interesse pela cultura e pelas artes.”, enfocou Pe. José Maurício Peixoto.
Maria de Lourdes Martins Bragança muito contribuiu para o
progresso de Aperibé. Ela foi a primeira grande empresária do ramo das
marmorarias, uma mulher à frente de seu tempo. “Carioca da gema, era filha de
um casal de portugueses, comerciantes e residentes na cidade do Rio de Janeiro
desde o início do século XX.
Veio parar nestas sertanias do estado do Rio de Janeiro,
quando de seu casamento com o aperibense Luis Carlos Boechat Bragança, no ano
de 1953. Em uma de suas viagens à Velha Europa, acabaram se esbarrando por lá,
e tudo aconteceu. Tiveram dois filhos: Maria Luiza e Rodrigo, ainda na cidade
maravilhosa, mas nos finais dos anos 1960, vieram em definitivo para a fazenda
de propriedade da avó materna de seu marido, Maria Reis
Boechat.”, ressalta Marcelo Hungria
Para a cultura, Maria Bragança contribuiu com a sua arte
espontânea, através do artesanato principalmente o patch-work, técnica de
recriar mosaicos coloridos para a confecção de colchas, edredons, toalhas,
panos e outros artigos de decoração e uso geral. Seus trabalhos eram bastante
conhecidos e admirados, mas não parava nesta técnica. Era uma exímia
confeccionista de bordados, tricô, crochet e outras habilidades que somente
mãos sensíveis como as suas podiam criar.
Muito ajudou na fundação da Associação de artesãos de
Aperibé - APEART - instituição que ajuda a divulgar o nome e a criatividade de
Aperibé para diversos cantos do Brasil, tendo inclusive esta
associação emprestado seu nome para angariar os recursos para a construção
do espaço que será brevemente inaugurado.
“Maria Bragança era uma mulher de temperamento bastante
forte. Era intensa em tudo e por essa razão, nem sempre era compreendida,
porém, aqueles que tiveram o prazer de sua convivência, certamente muito
aprenderam com ela. Defendia e aplicava valores como autenticidade e
ponderância e era contra qualquer tipo de hipocrisia.”, disse Marcelo.
Ela deixou um legado principalmente no ramo empresarial
de como gerir uma empresa participativa, tendo assim contribuído para a
formação e independência profissional de muitos que pela empresa Aperibé,
Granitos e Mármores passaram e depois fundaram suas próprias firmas no mesmo
ramo.
No campo da cultura, seus trabalhos sempre muito
disputados por amantes do bom e velho artesanato, encontram-se espalhados por
muitos lugares, mas a sua sensibilidade para criar, seu capricho nos mais
rebuscados detalhes, estes requisitos encontram-se nas mentes e nos corações de
todos os que a conheceram e puderam um pouco que seja, presenciar sua arte tão
espetacular que transformava o que ninguém mais queria em trabalhos tão
singulares.
Maria de Lourdes Martins Bragança empresta seu nome a
mais este espaço cultural, que será incorporado pelo Museu e casa da Cultura de
Aperibé, este importante equipamento cultural que tem resgatado muito da nossa
história através de seu trabalho junto à comunidade.