Lançado pela FAPERJ há 25 anos, o programa Jovens Talentos ganhou ampla visibilidade nos últimos dias com a recente indicação do seu coordenador, Jorge Belizário, como finalista do Prêmio Faz Diferença, promovido pelo jornal O Globo. Despertando vocações para as carreiras científicas e tecnológicas entre os jovens ainda no Ensino Médio da rede pública ao oferecer bolsas de Pré-Iniciação Científica, o projeto está presente em mais de 60 escolas e universidades de 39 municípios fluminenses. Desde a sua criação, atendeu mais de 11 mil alunos. Em 2024, o Jovens Talentos deverá receber mais 900 jovens, que se juntarão aos 729 que estão cursando o programa atualmente. Cada estudante poderá se inscrever em até dois projetos de pesquisa desenvolvidos por professores das instituições parceiras. A carga horária dos bolsistas é de oito horas semanais, com bolsa mensal de R$ 300, paga pela FAPERJ ao longo de 18 meses. Acesse aqui o link para votar no Prêmio Faz Diferença, até o dia 28 de abril.
Aos 75 anos de idade, Belizário, professor e naturalista, esteve na FAPERJ nesta quarta-feira, 17 de abril, para apresentar à diretoria da Fundação seu novo assistente, Luís Otávio Rezende Castro, egresso justamente do Jovens Talentos. Ele contou que estava conversando com sua esposa sobre o cardápio do almoço de sábado, dia 13 passado, quando recebeu a ligação da chefe de Gabinete da FAPERJ, Consuelo Câmara. “Recebi a notícia da minha indicação com muita surpresa e felicidade. É uma honra também estar competindo com dois cientistas tão importantes”, disse Belizário. Ele concorre com o diretor do Instituto Butantan, o infectologista e professor de Medicina na Universidade de São Paulo (USP) Esper Kallás, e o oncologista do Hospital Albert Einstein, da Beneficência Portuguesa e diretor do Instituto Vencer o Câncer, Fernando Maluf, ambos de São Paulo. O menos conhecido dos concorrentes pode ser, no entanto, quem mais irá contribuir para a ciência no futuro, uma vez que sua missão é incentivar o gosto pela pesquisa entre os jovens da rede pública de ensino. E muitos deles, a partir desse primeiro contato, se tornam cientistas.
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Iniciativa do Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro (Cecierj), com apoio da FAPERJ, o programa Jovens Talentos recebe inscrições de estudantes do 1º e 2º ano do Ensino Médio ou Técnico – integrado ou concomitante nas escolas –, que tenham idade mínima de 15 anos e não completem 19 anos até a data final do edital (este ano, no dia 28 de abril). Os candidatos não podem ter vínculo empregatício ou outra bolsa de pesquisa, extensão e/ou cultura. Também é vetada a participação de estudantes que estejam cursando dependência em alguma disciplina. Para aqueles com 18 anos completos, será exigido o título de eleitor para inscrição no SisFAPERJ, sistema de administração das bolsas da FAPERJ. São ofertadas oportunidades em todas as áreas do conhecimento, que incluem desde temas de pesquisa básica de laboratório até pesquisas de campo, com atividades em parques como o Paleontológico de Itaboraí e os Sítios Arqueológicos de Angra dos Reis e Paraty.
Os orientadores, como é o caso de Luís Otávio Castro, são pesquisadores vinculados às instituições de pesquisa, que apresentam titulação mínima de Mestre e concordam voluntariamente em receber e orientar os estudantes. Os alunos poderão ser inseridos em projeto de pesquisa já existente no laboratório do orientador, ou, de outra forma, ter um um projeto específico criado para eles. Morador de Itaboraí, Luís Otávio se interessou pela ciência quando conheceu o Parque Paleontológico do município – conhecido como “o berço dos mamíferos”, composto por uma bacia sedimentar de 1.400 metros de comprimento e 500 metros de largura, considerado um dos mais importantes jazigos de fósseis do Brasil. Após passar pelo programa, Castro graduou-se em Biologia, mas seu interesse pela Paleontologia o levou a cursar mestrado em Geociências na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Atualmente, ele está no seu último ano de doutorado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Os jovens são selecionados pela coordenação do projeto, em comum acordo com as instituições que os receberão para o estágio e com as escolas estaduais vinculadas ao programa. Ao fim dos 18 meses, os estudantes apresentam um relatório das atividades realizadas e têm a oportunidade de apresentar seus resultados na Jornada Científica, que é realizada anualmente em cooperação com a FAPERJ e as instituições parceiras. A Jornada Científica de 2024 será realizada em cinco etapas, abrangendo instituições e participantes das regiões dos Lagos, Noroeste, Norte e Centro-Sul fluminenses, além de um evento final, na capital, quando três dos melhores participantes de cada etapa são selecionados para a apresentação no Rio de Janeiro. “A logística não é fácil, pois requer o deslocamento, a hospedagem e alimentação de uma centena de pessoas”, explicou o coordenador do projeto.
Com política de acessibilidade, o programa conta com a participação de jovens indígenas Guarani, da Aldeia Sapukaí em Bracuí, além de manter parcerias com o Instituto Nacional de Surdos (Ines), o Instituto Benjamin Constant e a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), para inclusão de estudantes surdos, cegos e com outras deficiências. Em uma ação pioneira, o programa também inseriu jovens detentos do Presídio Evaristo de Morais Filho, na Quinta da Boa Vista.
Segundo o coordenador, o programa já revelou diversos talentos e muitos se tornaram mestres e doutores. Ele dá o exemplo de Igor Santiago, natural do município de Santo Antonio de Pádua, no Noroeste Fluminense, que teve seu primeiro contato com a pesquisa no campus da Universidade Federal Fluminense (UFF). Graduado em Ciências Biológicas na Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), seu trabalho de conclusão de curso chamou tanta atenção que Igor foi convidado pela Universidade de São Paulo (USP) para o doutorado, sem cursar o mestrado. Em 2022 foi contratado como pesquisador (Research Fellow) no Departamento de Imunologia do Hospital Mayo Clinic (Scottsdale, Arizona/EUA), onde cursou seu doutorado-sanduíche.
Prêmio Faz Diferença
A 21ª edição do Prêmio Faz Diferença homenageia brasileiros que se destacaram em 2023 por seus trabalhos e dedicação. São 14 categorias, das quais 13 têm nomes indicados pela redação do jornal: Brasil, Rio, Economia, Mundo, Esportes, Diversidade, Ciência e Saúde, Educação, Livros, TV, Cinema e Séries, Música e Ela. Na categoria Desenvolvimento do Rio, a Firjan seleciona os candidatos entre empresas que uniram boa visão de negócios, bem-estar de funcionários, projetos sociais e preservação do meio ambiente.
Em todas as áreas, os vencedores serão definidos pelos votos de um júri de jornalistas, ganhadores de 2022 e leitores, que podem escolher suas preferências no site do GLOBO. Já um grupo composto por jornalistas e colunistas do Globo (Alan Gripp, Ancelmo Gois, Lauro Jardim, Merval Pereira e Míriam Leitão) e pelo presidente da Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, escolherá a Personalidade 2023. Todos os vencedores do prêmio vão ser conhecidos em 11 de maio, quando será publicado um caderno especial no Globo. Os jurados da categoria Ciência e Saúde são a editora de Saúde do Globo, Adriana Dias Lopes; o editor de Opinião Helio Gurovitz, a repórter especial Ana Lucia Azevedo e a vencedora na categoria em 2022, Mercedes Bustamante.
Pesquisadores apoiados pela FAPERJ já foram agraciados pelo Prêmio Faz Diferença, entre eles, o neurocientista Roberto Lent, chefe do Laboratório de Neuroplasticidade do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ e o presidente da Fundação, Jerson Lima, que venceu a 10ª edição do prêmio concedido pelo jornal O Globo.
Confira no Canal oficial da FAPERJ no YouTube vídeo sobre projeto desenvolvido por duas alunas egressas do Programa Jovens Talentos, que foi premiado no Brasil e no exterior. Clique no link a seguir para assistir: https://youtu.be/QcIOuhSRxLY?si=J5SSg536ERcM6zYP
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