A necessidade de geração de empregos formais é histórica, o que provoca uma fuga de talentos para outras cidades, porque o setor produtivo regional é incapaz de absorver tantos jovens recém-formados
O Noroeste do estado é um celeiro de oportunidades pouco exploradas. Estatísticas mostram que é a mais pobre das regiões do Estado do Rio, sobretudo pela ausência de um projeto de desenvolvimento focado em suas grandes potencialidades econômicas. Há diferentes áreas para atuação assentada em planejamento adequado, desde a referencial produção de café até a indústria extrativista de pedras ornamentais, passando por áreas de imenso interesse turístico, favorecido pelo clima, equidistante dos verões escaldantes e dos invernos de congelar.
Itaperuna, Santo Antônio de Pádua e Bom Jesus do Itabapoana são as cidades mais populosas e localizadas em pontos estratégicos. Pádua, por exemplo, fica na divisa com Minas Gerais; Bom Jesus do Itabapoana faz fronteira com o Espírito Santo; e Itaperuna, geograficamente no centro do Noroeste, pode ser considerada um hub logístico porque o município é atravessado por duas rodovias federais, a BR-356 e a BR-393 e conta com um aeroporto regional dotado de pista asfaltada.
Porém, diferentemente do Médio-Paraíba, também localizado na divisa com dois outros estados brasileiros, Minas Gerais e São Paulo, o Noroeste não consegue ampliar o seu parque industrial. O Médio-Paraíba, localizado no eixo Rio – São Paulo, sem dúvida, oferece muitas possibilidades e é um facilitador, porém há de se considerar que o Noroeste fica na rota da futura ferrovia intercontinental, que prevê a ligação do Porto do Açu, em São João da Barra, ao Oceano Pacífico, num percurso de milhares de quilômetros. Próximo de Campos dos Goytacazes, mais ao Norte, haveria um cruzamento importante com outro corredor logístico, a Ferrovia Vitória - Rio (EF-118).
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Ou seja, tudo isso deveria despertar o interesse político para um plano de desenvolvimento específico para o Noroeste. É necessário discutir o desenvolvimento da região, com o objetivo de conquistar a independência econômico-financeira e, sobretudo, favorecer sua população de 341 mil habitantes.
A necessidade de geração de empregos formais é histórica, o que provoca uma fuga de talentos para outras cidades, porque o setor produtivo regional é incapaz de absorver tantos jovens recém-formados. O maior empregador da região, segundo dados publicados em estudo da Firjan, é a administração pública e isso é um fator sabidamente pouco condizente com as necessidades de desenvolvimento. As prefeituras, por outro lado, têm uma capacidade de investimento muito baixa e essa limitação impede projetos que reduzam a distância da infraestrutura disponível em relação a outras regiões. Isto, claro, deixa o Noroeste em desvantagem no quesito competitividade, não despertando o interesse por investimentos privados.
A dificuldade das prefeituras em termos de desenvolvimento de projetos também é outro ponto crucial e que poderia ser remediado através do Instituto Estadual de Engenharia e Arquitetura (IEEA/RJ), órgão que presidi em dois períodos, e tendo deixado elaborado à disposição do Governo do Estado um plano diretor para o IEEA, propondo o seu fortalecimento institucional, financeiro, orçamentário e administrativo para essa finalidade. Colocá-lo em prática seria um passo importante.
Guilherme Fonseca é arquiteto/urbanista, ex-presidente do Instituto Estadual de Engenharia e Arquitetura do Estado do Rio de Janeiro
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