domingo, 24 de julho de 2011
Compromisso com jovens
Padre Renato é oitavo a receber medalha de ‘O DIA’ por retirar mais de 35 mil das ruas.
Formado em Teologia e Filosofia pela Universidade de Milão, na Itália, o padre Renato Chiera recebeu, há 33 anos, um convite da Igreja Católica para conhecer o Brasil. Ao ver crianças morrendo nas garras da violência ou destruídas pelas drogas, desistiu de voltar para seu país de origem e resolveu se dedicar a salvar vidas na Baixada. Fundador da Casa do Menor São Miguel Arcanjo, em Nova Iguaçu, ele já conseguiu retirar das ruas mais de 35 mil jovens abandonados e, por isso, é a oitava personalidade a receber de O DIA a medalha ‘Orgulho do Rio’.
Ao receber a premiação comemorativa aos 60 anos do jornal, o padre também ganhou o carinho e os aplausos de jovens que estão sob a tutela da instituição. “O reconhecimento vem provar que estamos no caminho certo. O que esses meninos e meninas precisam não é apenas de um tratamento médico ou psicológico para abandonar as drogas e a vida de crimes. Acima de tudo, eles precisam de amor e exercer o direito de serem respeitados”, declarou.
A maior parte da verba que ajuda a manutenção e pagamento dos funcionários das diversas unidades da Casa do Menor espalhadas pela Baixada Fluminense, Região Serrana e em outros estados vem de doações do exterior. O padre estuda a possibilidade de conseguir um sítio para abrigar crianças de 7 e 8 anos, viciadas em crack.
Trajetória
O padre Renato chegou ao Rio em 1978 e seguiu imediatamente para Miguel Couto, em Nova Iguaçu, onde, durante cinco anos, atuaria como pároco na localidade de Cruzeiro do Sul. Ele hoje dá uma gargalhada quando lembra que, um dia, o seu grande sonho era lecionar Filosofia na Itália. Ele agora só viaja para lá esporadicamente, para não perder o contato com os parentes. “Adotei os filhos do Brasil e eles me adotaram. Quero permanecer aqui para sempre. Até mesmo depois da morte”, anuncia.
Na ditadura militar, luta para que lavradores conseguissem ter terra
Na ditadura militar, o Padre Renato engajou-se também no movimento de lavradores que enfrentavam as autoridades na luta por um pedaço de terra. “Pertenço a uma família de camponeses. Na minha aldeia (Villa Nova Mondovi, próxima a Turim, no Norte da Itália), qualquer pedacinho de terra é sagrado para que possamos semear o alimento de amanhã. Aqui no Brasil, existem essas terras abandonadas. E quando um grupo de lavradores lutava para ocupar um terreno que ninguém queria, era humilhado pelas forças militares. Eu não conseguia ficar quieto em ver tamanha injustiça. Pegava meu megafone e dizia para eles (os militares): em vez de espancá-los, vocês deveriam dar uma medalha para eles!”, lembra dos idos de 1982, quando picharam as paredes de sua paróquia e escreveram em letras garrafais vermelhas: ‘Padre comunista’.
Hoje ele luta para conseguir mais verba para seu projeto: “Os professores das oficinas profissionalizantes têm que receber; assim como os pais e mães sociais, que cuidam dessas crianças. Precisamos comprar mantimentos”.
POR CLAUDIO VIEIRA
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