O padre Alfeu Motta, celebrou a missa vespertina da Ceia do Senhor
O Tríduo
Sagrado que nos introduz na dinâmica do mistério pascal de Cristo: a passagem
da morte para a vida gloriosa do Ressuscitado.
Na primeira leitura tirada do livro do Êxodo, o texto descreve
como os judeus celebram a sua páscoa, cada ano, para fazer memória da sua
libertação do Egito. A Páscoa para os judeus é memória da passagem de Javé que
livra as casas dos israelitas da morte dos primogênitos e da passagem do Mar
Vermelho, rumo à terra prometida.
Na ceia de Quinta-Feira Santa, Jesus antecipou a entrega de sua
vida, livremente e por amor. Nessa ceia, com os seus apóstolos, Jesus tornou
presente, sacramentalmente, nos sinais do pão e do vinho, sua oferta ao Pai
pela salvação de todos nós. “Isto é o meu corpo, que será entregue por vós”.
“Este é o meu sangue da nova aliança, que será derramado por vós, para a remissão
dos pecados.” A morte de Jesus na cruz é o sinal do seu amor extremo para
conosco.
Jesus instituiu a Eucaristia que é a atualização do seu
sacrifício, memorial de sua morte e ressurreição. “Todas às vezes, de fato, que
comerdes deste pão e beberdes deste cálice, estareis proclamando a morte do
Senhor, até que ele venha” (I Cor 11,26). É também a renovação da Ceia do
Senhor na qual ele nos dá o seu Corpo e o seu Sangue como alimento de vida
eterna.
A Eucaristia é também sacramento da presença real do Cristo
ressuscitado entre nós, para ser visitado, adorado e glorificado por nós e ser
levado aos enfermos e idosos impossibilitados de participar da celebração
eucarística
Na Quinta-Feira Santa, juntamente com a Eucaristia, Jesus
instituiu o sacerdócio ministerial.
O gesto de Jesus de lavar os pés dos discípulos durante a Última
Ceia narrado por São João, define toda a vida de Jesus: doação de toda a sua
existência para a libertação do homem do pecado e do mal. Lavar os pés de
alguém era, na antiguidade, uma tarefa própria de escravos. Jesus faz-se
escravo e lava os pés dos seus discípulos. A cena do Lava-pés, ao lado da cruz,
expressa o cume da doação de si mesmo que Jesus faz à humanidade na Eucaristia.
Ao substituir a narração da Eucaristia pelo lava-pés, São João mostra-nos que a
Eucaristia ao nos unir a Cristo, deve levar-nos também a solidariedade com os
nossos irmãos. Comungar o Cristo é comungar com o irmão. A cena do lava-pés expressa
o propósito de traduzir esse gesto de
Jesus em atos de amor e de serviço aos nossos irmãos na nossa vida cotidiana.
É impossível separar a Eucaristia do amor fraterno. A entrega
total de Cristo na Última Ceia pede de todo discípulo seu que se coloque a
serviço do irmão mais necessitado. “Se eu, Senhor e mestre, vos lavei os pés,
também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo, para que
façais a mesma coisa que eu fiz” (Jo 13, 13-15). Lavar os pés uns dos outros
significa fazer o bem aos outros, particularmente, aos mais necessitados. O
Senhor Jesus nos convida a aprender dele a humildade e a coragem de retribuir
sempre com a bondade e o perdão os que nos ofendem. Jesus manso e humilde de
coração faça nosso coração semelhante ao vosso.