Sabemos que prevenir é melhor que remediar, mas não
existe muito interesse daqueles que poderiam fazer esse trabalho.
A questão da PREVENÇÃO ao uso de drogas não deve ser somente
atribuída ao governo.
Se as empresas privadas e as instituições religiosas se
unissem nessa causa, a ação seria também muito grande e os resultados seriam
bastante satisfatórios.
Mas as empresas não fazem PREVENÇÃO, pois comprometeria a
produção. Imagina ter que mandar o funcionário parar de produzir para
participar de palestras de prevenção, o prejuízo seria enorme. Mas o empregador
não considera o “quanto” ele perde por ter um funcionário dependente químico,
não considera os riscos de acidentes de trabalho, as brigas e discussões, o mau
atendimento do empregado, as faltas, atrasos, indenizações, etc.
Também fica difícil do empregador fazer PREVENÇÃO ao uso de drogas, se ele mesmo faz o
uso.
As instituições religiosas também não dão muita
atenção, pois fazem em suas festas o comércio de bebidas. Se fizerem um
trabalho de PREVENÇÃO ao uso de álcool e outras drogas, como
venderão bebidas alcoólicas em suas festas e quermesses?
Percebem como sempre a um jogo de interesses e o ser
humano vai ficando vulnerável ao álcool e outras drogas.
Não sei se posso dizer que há um descaso da sociedade
com o dependente, mas esse é meu ponto de vista e gostaria muito que não fosse
assim.
As pessoas comuns da sociedade olham de maneira
marginalizada para o dependente químico e alcoólico, e se esquecem de que é um
problema de saúde reconhecido pela OMS
Organização Mundial da Saúde, além de ser um problema social e educacional.
Se pararmos para pensar os diversos motivos que levaram
uma determinada pessoa a chegar ao ponto de se tornar um dependente, admitimos
então, que não se trata de um simples caso de falta de vergonha na cara como na
maioria das vezes é associada.
Pobreza:
Na grande maioria dos casos o dependente é de família
pobre, é muito mais fácil e rentável para o jovem trabalhar no tráfico de
drogas e assim também fazer o uso, do que conseguir arrumar um emprego.
Existe um grande número de crianças abandonadas por
todo o mundo e uma vez que a parte boa da sociedade não as abriga,
automaticamente são engolidas pela parte ruim onde fazem parte já um grande
número de dependentes.
Os locais de moradia das pessoas menos favorecidas
(pobres) não recebem a devida segurança ao qual é o direito de todo cidadão,
facilitando o acesso de traficantes e dependentes.
As pessoas menos favorecidas (pobres) infelizmente
sofrem com discriminação por parte da sociedade, não tendo acesso a
determinados locais de lazer, educação e cultura.
Em alguns casos é mais fácil conseguir droga ou álcool
do que alimento, muitas crianças iniciam-se nas drogas por passarem fome.
Por não terem estrutura familiar, educacional e social
o individuo muitas vezes inicia-se na droga ou álcool por se sentir rejeitado,
discriminado e humilhado.
Más companhias:
Por falta de acompanhamento familiar, por estar
vulnerável devido ao local em que reside, por não haver o devido controle
dentro e fora das escolas, por discriminação social ou racial, o indivíduo
encontra em grupos ou tribos, pessoas que o acolhem oferecendo aquilo que ele
não obteve aonde mais precisava.
Falta de incentivo aos estudos:
Até hoje eu não consegui entender porque o pobre começa
estudar em uma escola pública e tem que terminar em uma universidade paga
(quando consegue), enquanto o mais privilegiado financeiramente inicia em uma
escola paga e termina em uma universidade pública.
Devido muitas vezes os pais terem que trabalhar fora,
não acompanharem devidamente seus filhos, pelo fato de as crianças pobres não
terem livre acesso a locais de cultura e lazer, por não terem condições de
lazer e diversão, eles deixam de estudar para buscar essas coisas nos momentos
em que os pais não estão próximos.
Contato direto com álcool, drogas, traficantes e
usuários dentro e nas proximidades dos colégios: é muito comum dentro e nas
proximidades dos colégios a droga transitar livremente e com fácil acesso por
todos.
Interessante é saber que mesmo todo mundo sabendo
disso, ninguém faz nada.
Importante:
A dependência química deveria ser
matéria obrigatória dentro das escolas, explicando os males que ela traz para o
indivíduo, á família e á sociedade.
Os responsáveis pela educação
deveriam contratar pessoas dependentes e que se recuperaram para fazerem
palestras de prevenção contra álcool e drogas, em todas ás escolas do país, com
certeza o número de pessoas que iniciam na droga ou no álcool seria bem menor,
bem como os usuários também.
Discriminações e preconceitos:
Jovens, adolescentes e crianças, são discriminadas a
todo momento devido a sua condição social, cor, raça, estado de origem, credo
religioso, defeitos físicos, etc., não são aceitas na sociedade como um ser
humano, e o pior de tudo é que a discriminação e o preconceito hoje é lição de
casa dentro de grande parte das famílias brasileiras, principalmente por
aquelas que não sabem o que é passar fome ou não ter aonde dormir.
Falta de emprego: Faltam
projetos sociais aonde incentive o jovem e o adolescente a estudar em um
período do dia e no outro estagiar em alguma empresa aonde possa receber um
salário e aprender uma profissão.
Essas condições infelizmente são oferecidas á uma parte
da sociedade mais bem sucedida.
Como o jovem pode começar a trabalhar se não existe
nenhum programa de profissionalização e muito menos de incentivo?
O país caminha para um futuro caos em mão de obra, pois as empresas não oferecem
oportunidades aos jovens e discriminam quem tem um pouco mais de 40 anos.
Porque uma criança, adolescente e jovem inicia o uso
desta ou daquela substância?
Infelizmente vemos que normalmente as pessoas iniciam o
uso por:
A falta de atenção e amor dos pais para com o
indivíduo, as constantes discussões entre os pais, a agressão familiar, a falta
de compreensão, as regras e normas impostas (muitas vezes de forma excessiva),
o excesso de liberdade, os locais e pessoas com aos quais os pais se relacionam
o excesso de cobrança de resultados nos estudos e no trabalho, o excesso de
mimo, o uso de álcool e drogas dos próprios pais, são fatores que normalmente
fazem com que haja fuga do indivíduo para grupos sociais onde a droga e o
álcool são as “soluções dos problemas”.
Muitos pais dão ao jovem ou adolescente a condição de
tomar as suas próprias decisões e se comportarem da maneira que pensam com
relação ás pessoas e a tudo o que o mundo oferece. Porém se esquecem, que o
adolescente ou jovem é imaturo, ainda não conseguiu formar opinião própria e se
deixam facilmente serem influenciados por opiniões e atitudes de outras
pessoas, espelhando-se em indivíduos que aparentemente são felizes agindo de
forma de que, tudo pode, tudo convém e nada lhes é proibido.
Os pais devem tomar muito cuidado com relação á
liberdade atribuída aos filhos, ela não pode ser demais, porém também não pode
ser de menos, A conversa franca, honesta e muito diálogo, são fundamentais no
desenvolvimento dos adolescentes e jovens. Os pais devem formar as opiniões dos
filhos, caso contrário, outras pessoas a formarão, e pode ser que seja um
traficante ou usuário de drogas, ladrão, pedófilo, prostituta, estuprador,
desocupado, delinqüente, alcoólatra, etc.
Hoje infelizmente dentro de nossas casas é comum ter
bebida alcoólica, é comum os filhos verem os pais se divertindo bebendo em
festas, viagens, churrascos, encontro familiar ou com amigos. A cabeça de uma
criança diante dessa situação associa que o álcool é bom, pois os pais estão
sempre alegres e felizes quando bebem, daí a curiosidade de experimentar e
quando vai se dar conta já é um alcoólatra.
Outros pais totalmente desinformados têm o habito de
levar seus filhos á bares, acostumando-os desde pequenos ao ambiente do bar, e
o que se aprende de pequeno se põem em prática quando adulto.
Alguns pais até chegam a molhar o bico da chupeta de
crianças em cervejas, aguardente ou vinhos, em champanhe em festas de fim de
ano, despertando desde a infância a disposição do indivíduo a fazer o uso do
álcool.
Muitos pais quando descobrem que seus filhos estão
fazendo o uso de drogas ou bebendo demais, normalmente condenam os filhos,
chegando até a agredi-los verbalmente e fisicamente, mas se esquecem, que tudo
isso começou do incentivo que eles ”os próprios pais” deram á seus filhos durante
a sua infância.
É também comum, jovens iniciarem o uso de álcool e
drogas após separações de seus pais, o jovem não entende a separação, assimila
um sentimento de perca, do pai ou da mãe, se sente solitário, desprotegido,
triste, infeliz, angustiado, depressivo, rejeitado, e assim fica vulnerável,
buscando consolo e apoio na sociedade externa, amigos de escola, trabalho,
lazer, porém na sua condição deplorável não é aceito no grupo de pessoas
alegres e felizes, mas é aceito no grupo dos derrotados, e uma vez no grupo dos
derrotados, se torna também um.
No mundo em que vivemos onde o individualismo
prevalece, ás pessoas perderam a intenção de viver em pró do bem comum,
tornando-se egoístas, orgulhosos, materialistas, amantes do dinheiro e do
poder. E, é essa a educação que em muitos casos o jovem/adolescente recebe de
seus pais. Nessa educação os valores da família não são preservados, os valores
do bem comum muito menos, a educação religiosa é esquecida e os
jovens/adolescentes se frustram com o ser humano, pois devido à imaturidade não
compreendem os verdadeiros valores da existência.
Os jovens/adolescentes, desde cedo, dentro mesmo de sua
própria casa percebem que, a paz, a harmonia e o amor não são tão primordiais
como o sucesso financeiro e materialista, ficando assim devido a sua
fragilidade expostos a tudo o que o mundo lhes oferece.
É importante ressaltar que uma educação religiosa ajuda
e muito a compor uma personalidade positiva para cada indivíduo, pois tudo que
é ensinado dentro de uma igreja é de grande proveito pessoal, familiar e
social, pois os verdadeiros valores de amor, humildade, caridade, perdão e paz
são revelados pelos ensinamentos religiosos.
Partimos agora para outra questão importantíssima
relacionada ao motivo pelos quais as pessoas fazem o uso de drogas:
PROBLEMAS SENTIMENTAIS E EMOCIONAIS
O ser humano é muito vulnerável as questões emocionais
e sentimentais, e muitas vezes não consegue lidar com esses problemas, fazendo
então o uso de álcool e outras drogas, mascarando de alguma forma suas emoções
e sentimentos.
As drogas então se tornam uma verdadeira válvula de
escape para o ser humano, que no momento em que faz o uso, de alguma forma se
sente aliviado, pois o álcool e as drogas a partir das substâncias que são
liberadas no cérebro como a serotonina, a dopamina e a noradrenalina geram
sensação de alívio e prazer.
Porém, os efeitos dessas substâncias passam e o
problema não, a partir daí o ser humano começa a fazer o uso repetitivo das
substâncias a fim de voltar a sentir novamente as sensações de alívio e prazer.
Com o uso repetitivo o organismo humano começa então
criar tolerância á droga utilizada, exigindo que a pessoa aumente a quantidade
a ser ingerida.
Após o organismo criar a tolerância e com o aumento no
consumo desenvolve-se então no indivíduo a DEPENDÊNCIA
QUÍMICA.
As questões emocionais e sentimentais que induzem o ser
humano a fazer o uso de drogas são das mais variadas possíveis, portanto damos
aqui alguns exemplos de sentimentos
e emoções que
normalmente fazem com que a pessoa comece a fazer o uso de drogas.
Depressão, tristeza, desanimo,
negação própria, negação por parte de terceiros, ficar ansioso, estressado,
angustiado, ter solidão, preocupação, frustração, desilusão, decepção, traição,
timidez, rejeição, ser humilhado ou criticado, auto piedade, ter lembranças
ruins, ciúmes, inveja, raiva ou ressentimento, ódio, nervosismo, tédio da vida,
sentir-se incapaz de realizar algo, sentimento de perca, falta de aceitação,
falta de perdão próprio, dificuldade em perdoar a terceiros, desilusão amorosa,
euforia, alegria, paixão em excesso, etc.
Também temos as pessoas que iniciam o suo de drogas
devido as mais diversas situações
difíceis que a vida
oferece, ou situações difíceis do dia a dia de qualquer ser humano, como:
Compromissos, reuniões sociais,
reunião de trabalho, negócios, falar em público, falar com estranhos, falar com
o chefe, desentendimentos ou discussões, desentendimento familiar, iniciar
relacionamento amoroso, terminar relacionamento amoroso, ficar em companhia de
pessoas que usam drogas ou álcool, doença ou morte, acidentes, notícias ruins,
problemas financeiros, etc.
Em outros casos pessoas fazem o uso de álcool e/ou
drogas por situações de diversão e
prazer:
Festas, euforia, alegria, ficar exaltado,
estar em momentos de alegria com amigos que bebem e usam drogas, receberem boas
notícias, dinheiro, estar apaixonado, sexo, prática de esportes, viagens, fins
de semana e feriados, férias, etc.
Outros começam o uso por:
Problemas físicos ou psicológicos,
insônia, problemas sexuais, dores físicas, doenças próprias, doenças de
familiares, sono, cansaço, solidão, pensamentos desagradáveis, medo de sair á
rua, ociosidade, etc.
Uma das questões principais para a pessoa iniciar o uso
de drogas deve-se também aos traumas de
infância, como:
Ter sofrido descriminação da
sociedade, da família ou no colégio, por o seu nascimento ter sido indesejado
pelos pais, morte de alguém que amava muito, ter sido espancado pelos pais, ter
sido espancado por terceiros, ter pais usuários de álcool e drogas, abuso
sexual, ofensa moral, desilusão amorosa, por ter se sentido inferior ou mais
pobre que os demais, por ter sido abandonado pelo pai ou pela mãe, por não ter
se sentido amado, por ter se sentido excluído, por ter vivido na miséria, por
ter pais que foram presos, por ter pais contraventores da lei, etc.
Temos que admitir também que existem questões PSIQUIÁTRICAS que
podem levar uma pessoa ao uso de álcool e drogas, e somente com um bom
profissional fazendo o devido acompanhamento clínico é que se obtêm resultados
satisfatórios na recuperação.
Vale lembrar que pessoas também fazem o uso de drogas
com a intenção de permanecer mais tempo acordado e outras fazem até para
emagrecer.
Enfim, temos uma infinidade de motivos ao qual leva uma
pessoa a fazer o uso de álcool e drogas, apenas identificamos alguns casos,
porém, muitos outros motivos existem e baseado nessa questão é que afirmamos
que a dependência química deve ser tratada de forma individual, pois somente
assim poderemos verificar realmente os motivos que levaram a pessoa a começar a
fazer o uso de alguma substância entorpecente e conseqüentemente torná-la um
dependente químico.
Vale lembrar que a dependência química não tem cura,
mas, tem controle, e quanto antes a pessoa iniciar um tratamento mais fácil
será dela se libertar do vício.