Na véspera do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), o senador Aécio Neves (PSDB-MG) voltou a procurar a imprensa para tentar se defender da denúncia contra ele. Em conversa com jornalistas na segunda-feira, 16, Aécio questionou "ilegalidades" no processo, disse que a Procuradoria-Geral da República (PGR) "falseou" informações e que "acredita na dimensão" dos ministros do STF, que podem torná-lo réu amanhã. "Decisão do STF se cumpre", disse.
Com a expectativa de que a Primeira Turma do STF vai aceitar a denúncia na terça-feira, 17, Aécio declarou que "ninguém transformado em réu é considerado culpado a priori". "Principalmente com as fragilidades dessas acusações, seja em relação à obstrução de Justiça ou em relação a esse empréstimo que não envolveu dinheiro público. Qualquer investigação vai mostrar que isso foi uma construção envolvendo Joesley e membros do Ministério Público", reforçou.
Ele reclamou que não teria havido investigação no processo e também criticou a celeridade da elaboração da denúncia pela PGR, o que teria "impedido que conferências sobre os fatos fossem feitas". "O lamentável é que a ânsia de punir impediu aquilo que é normal, o inquérito. Se tivesse havido investigações, minhas alegações teriam sido comprovadas." Ele disse ainda que "se a Justiça falta hoje a um, amanhã faltará a outros".
O senador justificou a coletiva de imprensa, convocada na véspera do julgamento por sua equipe, como uma forma de se contrapor com suas "armas" ao "tsunami" de informações que o atingiram. "Ninguém foi lesado, a não ser eu e minha família."
Aécio afirmou ainda que suas tratativas com Joesley Batista, dono da JBS, sobre um empréstimo de R$ 2 milhões ocorreram entre pessoas "privadas" e que não envolveram dinheiro público. "Qual empresa pública foi prejudicada (por conversas com Joesley)?", questionou Aécio.
O parlamentar disse que Joesley Batista, ao gravá-lo, tinha uma "encomenda clara" e recebeu benefícios por ela (com o acordo de delação premiada). Também disse que, em trecho de outra conversa, os irmãos Batista afirmaram anteriormente que o senador nunca "fez nada" por eles.
Assim como já havia afirmado em artigo publicado na Folha de S. Paulo, hoje, Aécio disse que cometeu um erro, mas não cometeu qualquer irregularidade. "Não serão 20 minutos de uma conversa infeliz que vão definir minha história", declarou na coletiva de imprensa.
Aécio Neves foi um dos mais atingidos pelo acordo de delação premiada de executivos do grupo J&F, controlador do frigorífico JBS, em maio do ano passado. Em uma conversa gravada pelos então candidatos a delatores, o senador mineiro pede R$ 2 milhões para pagar um advogado (na época, o senador era defendido pelo escritório do criminalista Alberto Toron) para defendê-lo na Operação Lava Jato. A Procuradoria Geral da República (PGR) diz que o dinheiro seria propina em troca de atuação parlamentar favorável à JBS. É a denúncia neste caso que será julgada pelos ministros da Primeira Turma do Supremo nesta terça.
Nenhum comentário:
Postar um comentário