Após uma briga pública com o presidente Jair Bolsonaro no
final de semana sobre a aprovação do fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões, o
vice-presidente da Câmara dos Deputados Marcelo Ramos (PL-AM) pediu nesta
segunda-feira cópia de todos os pedidos de impeachment protocolados na Casa
para fazer uma "análise política" sobre o assunto.
A prerrogativa de acolher um pedido de impeachment cabe
unicamente ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Ao GLOBO, Ramos
afirmou que vai fazer uma "análise política" sobre o assunto. Para
ele, caso Lira esteja afastado temporariamente do cargo, como no caso de uma
viagem internacional ou algum outro imprevisto, o vice-presidente da Câmara
assumiria a presidência interinamente e poderia ter a prerrogativa de decidir
sobre os pedidos.
— Se eu estiver no exercício e o presidente Lira estiver
viajando, por exemplo, eu posso (dar prosseguimento). Mas, claro, eu não sou
irresponsável. Preciso fazer uma análise política se cabe a quem está no cargo
provisoriamente dar o prosseguimento — disse Ramos ao GLOBO.
Segundo Marcelo Ramos, ele fez o pedido para que pudesse ler
e formar opinião sobre os mais de 100 pedidos contra Bolsonaro.
Na semana passada, Lira descartou a chance de aceitar
qualquer pedido contra Bolsonaro. Segundo ele, não é possível "fazer um
impeachment" sozinho.
— Neste momento, tem que trabalhar mais para por água na
fervura do que para botar querosene. Nós estamos trabalhando para manter o
ambiente do Brasil estável, previsível, votando as reformas — disse Lira.
Ao deixar o hospital no domingo, Bolsonaro criticou
nominalmente Marcelo Ramos e o responsabilizou pela votação e aprovação do
fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões na Câmara. Em resposta, o parlamentar afirmou
em suas redes sociais que o presidente queria "correr de suas
responsabilidades". A base governista apoiou a proposta do fundão.
"Se depender do Bolsonaro ele não é responsável por
nenhuma das mais de 530 mil pessoas mortas na pandemia, nem por 15 milhões de
desempregados, nem por 19 milhões de brasileiros com fome e nem mesmo pela
escandalosa tentativa de roubo na compra de vacinas. Ele deveria é dizer que
vai vetar, mas vai tentar arrumar alguém para responsabilizar também, porque é
típico dele e dos filhos correr das suas responsabilidades e obrigações", afirmou
Marcelo Ramos.
Jornal Extra
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