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domingo, 31 de agosto de 2014

Enfeitando a história da fé na Igreja São José de Leonissa em Itaocara interior do RJ

 Mural em teto de igreja de Itaocara com mais de 200 anos faz sucesso entre fiéis

AZIZ FILHO
Rio - Ter uma obra de arte eternizada em um patrimônio bicentenário não é para qualquer um. É para o artista Henrique Resende, de 42 anos, que caiu nas graças dos católicos do Noroeste do estado depois de passar quatro meses pintando o teto da Igreja de São José de Leonissa. Construído com a ajuda de índios em 1810, o templo é a maior preciosidade histórica de Itaocara. A imagem em madeira do santo veio em 1809 da Itália, na bagagem do Frei Tomás de Castelo, fundador da cidade.


Com 12 metros por sete, o mural a óleo é a maior pintura do santo já feita no mundo, o que valeu a Henrique a admiração de artistas da cidade medieval de Leonessa, na região italiana de Lazio, terra do santo retratado na obra. Ele esteve na Itália para um curso de escultura em mármore e foi convidado para expor 32 trabalhos seus (bicos-de-pena), que acabaram sendo adquiridos para compor o acervo do Museu de Giulianova, na Itália. 

O teto ilustra um milagre atribuído ao santo italiano. Condenado à morte por um sultão na Turquia devido à fé cristã, ele teria ficado pendurado por uma perna e um braço sobre uma fogueira durante três dias, quando teria sido resgatado por um anjo.

Os amigos e fiéis de Itaocara carinhosamente comparam a obra de Henrique ao teto da Capela Sistina, de Miguelângelo — “a coisa mais fantástica que eu já conheci”, define Henrique. Para a proeza, foi instalada uma plataforma a seis metros de altura, isolando o “ateliê” do público das missas. Na plataforma, foram erguidos andaimes de três metros sobre os quais foi posto um colchão. Deitado nele, Henrique passou quatro meses pintando o teto. Valeu a pena.







“Os fiéis adoram e ficam supercuriosos sobre a história de São José”, diz o monsenhor Antônio Stael de Souza. Um dos fiéis é o prefeito Gelsimar Gonzaga, o único eleito do Psol no Estado do Rio. “Achei muito bacana. Valorizou muito a igreja e a cidade”, diz o prefeito.
O monsenhor lamenta a destruição das construções antigas de Itaocara, que ficou uma cidade como outra qualquer, sem estilo e sem história. “Isso é muito triste. As gerações precisam da preservação para compreender a história.” O artista mais famoso de Itaocara concorda: “O casario antigo não existe mais e, infelizmente, Itaocara é uma cidade detonada.” Uma pena.

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