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segunda-feira, 29 de julho de 2013

Um novo espaço para as artes

Exposição de 20 trabalhos, entre pinturas, esculturas e instalações, o artista visual Henrique Resende na inauguração do  Espaço Cultural Maria de Bragança em Aperibé.
Ricardo Gomes

Um novo espaço para as artes na Casa de Cultura de Aperibe será inaugurado no dia 9 de agosto com a Exposição Arqueologia da Saudade, do artista visual  itaocarense Henrique Resende. A Casa de Cultura e Museu de Aperibé reúne uma serie de documentos que contam a historia da cidade. Na opinião de Marcelo da Cunha Hungria o Espaço Vivo já não comportava as exposições e o novo espaço recebe o nome da artesã Maria de Lourdes Martins Bragança. Para Marcelo uma homenagem justa para uma das grandes colaboradoras da cultura em Aperibé.
O nome foi sugerido pelo diretor-presidente do Museu e casa da Cultura de Aperibé, Marcelo da Cunha Hungria, ao prefeito Dr. Flávio Gomes de Sousa e este, em sua sensibilidade à cultura, tão logo recebeu o memorando, de pronto proferiu satisfatoriamente.“Homenagear esta ilustre carioca que se tornou cidadã aperibense é manter viva parte da nossa própria história.”, disse Marcelo Hungria
Na exposição, intitulada Arqueologia da Saudade, Resende, que tem mãe aperibeense e pai itaocarense, explora materiais como óleo, renda, ecoline e grafite em seus quadros, e papel, renda, ferro fundido e até ossos em suas esculturas. Com temática muitas vezes autobiográfica, o resultado é eclético, indo de um neo-expressionismo mórbido ao contemplativo, mas sempre com uma linguagem contemporânea.
Pinturas retratando personalidades como a saudosa Dercy Gonçalves (por quem nutria grande amizade) e como o ex Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (mostrado completamente nu) estarão presentes e o maior escritor brasileiro de todos os tempos, Machado de Assis, estará retratado numa escultura em tamanho natural e realista toda feita com papel, cola e tinta. “Esses trabalhos retratam pessoas específicas, mas o meu desejo é, através do particular, atingir uma questão universal. A condição humana é que me interessa. Acredito na arte como uma busca de crescimento espiritual e em sua importância para fazer com que o homem se torne aquilo que é”, revela Henrique Resende.
“Hoje vemos um trabalho que merece destaque em Aperibé, e vem sendo realizado pelo Marcelo Hungria, na Casa de Cultura e Museu de Aperibé. Poucas cidades ainda se preocupam em preservar sua história e sua cultura. E vemos como esse trabalho tem o apoio do Prefeito Flávio Gomes de Souza, um dos grandes intelectuais aperibeenses, e isso tem proporcionado exposições e agora com este novo espaço cultural que presta uma justa homenagem a Maria de Lourdes Martins de Bragança, uma mulher que deixou como legado seu interesse pela cultura e pelas artes.”, enfocou Pe. José Maurício Peixoto.
Maria de Lourdes Martins Bragança muito contribuiu para o progresso de Aperibé. Ela foi a primeira grande empresária do ramo das marmorarias, uma mulher à frente de seu tempo. “Carioca da gema, era filha de um casal de portugueses, comerciantes e residentes na cidade do Rio de Janeiro desde o início do século XX.
Veio parar nestas sertanias do estado do Rio de Janeiro, quando de seu casamento com o aperibense Luis Carlos Boechat Bragança, no ano de 1953. Em uma de suas viagens à Velha Europa, acabaram se esbarrando por lá, e tudo aconteceu. Tiveram dois filhos: Maria Luiza e Rodrigo, ainda na cidade maravilhosa, mas nos finais dos anos 1960, vieram em definitivo para a fazenda de propriedade da  avó materna de seu marido, Maria Reis Boechat.”, ressalta Marcelo Hungria
Para a cultura, Maria Bragança contribuiu com a sua arte espontânea, através do artesanato principalmente o patch-work, técnica de recriar mosaicos coloridos para a confecção de colchas, edredons, toalhas, panos e outros artigos de decoração e uso geral. Seus trabalhos eram bastante conhecidos e admirados, mas não parava nesta técnica. Era uma exímia confeccionista de bordados, tricô, crochet e outras habilidades que somente mãos sensíveis como as suas podiam criar.

Muito ajudou na fundação da Associação de artesãos de Aperibé - APEART - instituição que ajuda a divulgar o nome e a criatividade de Aperibé para diversos cantos do Brasil, tendo inclusive esta associação emprestado seu nome para angariar os recursos para a construção do espaço que será brevemente inaugurado.
“Maria Bragança era uma mulher de temperamento bastante forte. Era intensa em tudo e por essa razão, nem sempre era compreendida, porém, aqueles que tiveram o prazer de sua convivência, certamente muito aprenderam com ela. Defendia e aplicava valores como autenticidade e ponderância e era contra qualquer tipo de hipocrisia.”, disse Marcelo.
Ela deixou um legado principalmente no ramo empresarial de como gerir uma empresa participativa, tendo assim contribuído para a formação e independência profissional de muitos que pela empresa Aperibé, Granitos e Mármores passaram e depois fundaram suas próprias firmas no mesmo ramo.
No campo da cultura, seus trabalhos sempre muito disputados por amantes do bom e velho artesanato, encontram-se espalhados por muitos lugares, mas a sua sensibilidade para criar, seu capricho nos mais rebuscados detalhes, estes requisitos encontram-se nas mentes e nos corações de todos os que a conheceram e puderam um pouco que seja, presenciar sua arte tão espetacular que transformava o que ninguém mais queria em trabalhos tão singulares.

Maria de Lourdes Martins Bragança empresta seu nome a mais este espaço cultural, que será incorporado pelo Museu e casa da Cultura de Aperibé, este importante equipamento cultural que tem resgatado muito da nossa história através de seu trabalho junto à comunidade.



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