O
presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (SP), e o líder do partido
na Câmara, Rubens Bueno (PR), cobraram nesta terça-feira (11) a abertura
imediata de inquérito para investigar a atuação do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva no mensalão. O PSDB também afirmou que vai pedir convocação do empresário Marcos Valério
para prestar novos esclarecimentos ao Senado.
Valério
afirmou à Procuradoria-Geral da República que pagou despesas pessoais de Lula em 2003, por
meio de depósitos na conta de uma empresa do ex-assessor pessoal de Lula, Freud
Godoy, segundo revelou o jornal "O Estado de S. Paulo".
Líder do PSDB no Senado vai propor convocação de Marcos
Valério
Valério diz que pagou despesas pessoais de Lula, segundo jornal
Em Paris, Dilma evita falar de depoimento de Valério
Valério diz que pagou despesas pessoais de Lula, segundo jornal
Em Paris, Dilma evita falar de depoimento de Valério
"Diante
das declarações dadas ao Ministério Público não resta outro caminho. É abertura
imediata de inquérito", afirmou Freire, que no último dia 06 de novembro,
junto com o líder do partido e outros parlamentares da oposição, já havia
entrado com uma representação na Procuradoria-Geral da República pedindo a
abertura de investigação para apurar a atuação de Lula no esquema do mensalão.
Em
nota, o PPS defende que não há necessidade do partido apresentar um adendo a
representação, pois o depoimento de Marcos Valério foi dado diretamente ao
Ministério Público. "Eles já tem todos os elementos. Então, é hora de dar
início à investigação", defende o presidente do PPS.
Valério
também relatou que Lula avalizou pessoalmente, em encontro no seu gabinete, no
Palácio do Planalto, os empréstimos contraídos junto ao Banco Rural para
alimentar o esquema de compra de apoio parlamentar. Ainda segundo Valério, suas
despesas com advogado são pagas pelo PT.
Para
Rubens Bueno, a divulgação do teor do depoimento de Marcos Valério "agrava
a situação do ex-presidente". "Lula já estava complicado com o caso
da ex-chefe de gabinete da Presidência da República, Rosemary Nóvoa Noronha,
sua amiga íntima que foi indiciada pela Polícia Federal por formação de
quadrilha num esquema de tráfico de influência e corrupção. Agora vem à tona a
confirmação do que já sabíamos: ele era o verdadeiro chefe do mensalão. O
lamentável é que, em vez de se explicar à Nação, Lula se esconde no exterior',
critica o parlamentar do PPS.
O
deputado também defende que Ministério Público deve abrir imediatamente uma
investigação contra o ex-presidente. "Se ele não quer falar, acabará tendo
que prestar depoimento ao Ministério Público. As acusações são graves e
envolvem até ameaça de morte. Não há mais como postergar essa
investigação", afirmou Rubens Bueno em nota do partido, se referindo ao
fato de Marcos Valério ter revelado que foi ameaçado de morte por Paulo Okamotto,
atual diretor do Instituto Lula e amigo do ex-presidente.
PSDB
Após
a nova revelação de Valério, o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR),
também vai apresentar à bancada tucana uma proposta pela apresentação de
requerimento pedindo a convocação do empresário Marcos Valério Fernandes de
Souza, apontado como operador do mensalão, para prestar esclarecimentos. O
objetivo é fazer com que Valério apresente mais detalhes do teor de depoimento
sigiloso dado por ele ao Ministério Público Federal, em setembro deste ano.
Para
Álvaro Dias, o eventual pedido de convocação será um "gesto
político", já que as chances de aprovação são pequenas. Segundo ele, o que
cabia à oposição, minoritária no Congresso, já foi feito: uma representação ao
procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pedindo a abertura de
investigação sobre a participação e conhecimento de Lula sobre o esquema do
mensalão.
"Eu
não gosto de criar expectativas. Eu vou apresentar essa proposta na reunião de
bancada, mas sabemos que o governo não vai deixar convocar. Eles não deixam vir
nem a Rosemary [Noronha, ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo],
envolvida na operação Porto Seguro", disse o senador.
Para
o presidente do PMDB, o senador Valdir Raupp (RO), Valério precisa ir além do
depoimento e provar o que diz. Mas, segundo ele, não cabe aos parlamentares
provocar o empresário nesse sentido. "Temos que esperar as provas",
disse.
REVELAÇÕES DE VALÉRIO
O
empresário, segundo o jornal "O Estado de São Paulo", afirma ainda
que o ex-presidente Lula deu aval para os empréstimos que serviriam de
pagamentos a deputados da base aliada. Isso teria ocorrido em reunião no
Palácio do Planalto com a presença do ex-ministro José Dirceu e do
ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.
Dirceu
teria dito que Delúbio, quando negociava, falava em seu nome e no de Lula.
Procurado pelo jornal, o advogado de Dirceu negou a acusação.
Em
setembro passado, Valério havia procurado o procurador-geral da República,
Roberto Gurgel, afirmando ter novas informações a apresentar sobre o caso do
mensalão.
De
acordo com o que a Folha apurou, um depoimento do empresário mineiro foi
prestado na ocasião às procuradoras Raquel Branquinho e Cláudia Sampaio --esta
última mulher de Gurgel.
Uma
possível estratégia de Valério seria buscar, com eventuais novas informações, a
sua inclusão no programa de proteção a testemunhas, o que, na prática, poderia
reduzir a sua pena no julgamento do Supremo. A redução da pena não evitaria sua
condenação, mas, por exemplo, poderia livrá-lo do regime fechado na prisão.
O
empresário foi condenado a mais de 40 anos por formação de quadrilha, corrupção
ativa, peculato e lavagem de dinheiro. Como a soma supera oito anos, o
empresário deve cumprir parte da pena em regime fechado.
No
mesmo depoimento, Valério teria dito que os R$ 4 milhões pedidos por seus
advogados para defendê-lo no processo foram pagos pelo PT. Segundo ele, essa
foi a única "contrapartida" por sua participação no mensalão.
AMEAÇAS
No
fim de setembro, o STF recebeu um fax, assinado pela defesa do empresário
Marcos Valério, pedindo para ser ouvido e relatando correr risco de vida.
Ao
receber o recado, o presidente da corte, ministro Carlos Ayres Britto,
determinou sigilo e encaminhou o documento ao relator do caso, Joaquim Barbosa.
O
STF confirmou ter recebido a mensagem, mas não divulgou o conteúdo, quem
assinou, nem mesmo em que data a mensagem chegou.
Valério
teria dito, em seu depoimento à Procuradoria-Geral, que o diretor do Instituto
Lula e amigo do ex- presidente, Paulo Okamotto, teria o ameaçado de morte, caso
ele "contasse o que sabia". Segundo o empresário, Okamotto o teria
procurado por ordem de Lula.
"Tem
gente no PT que acha que a gente devia matar você", teria dito Okamotto.
Procurada pelo jornal, a assessoria do diretor informou que ele responderá às
acusações "quando souber o teor do documento".
CASO CELSO DANIEL
Reportagem
da revista "Veja" do início de novembro informou que Marcos Valério
revelou em depoimento recente ao Ministério Público Federal ter detalhes
envolvendo o PT no assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, em
janeiro de 2002.
Segundo
a reportagem, Valério disse que o ex-presidente Lula e o secretário-geral da
Presidência, Gilberto Carvalho, estavam sendo extorquidos por figuras ligadas
ao crime de Santo André.
Ronan
Maria Pinto, que é apontado pelo Ministério Público como integrante de um
esquema de cobrança de propina na prefeitura, seria um dos suspeitos de
chantagear Lula e Carvalho.
A
revista diz que Valério foi procurado por petistas para pagar o dinheiro da
chantagem, mas que ele teria se recusado. Segundo ele, quem teria ficado com a
missão seria um amigo pessoal de Lula, que utilizou um banco não citado no
mensalão.
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