Existe vida em alto-mar. E muita vida. São, em média, 180profissionais, que embarcam por dia, entre brasileiros e estrangeiros,homens e mulheres, que passam duas semanas por mês longe da terrafirme, distante dos amigos e parentes, em alguma das 130 plataformas(86 fixas e 47 flutuantes) só da Petrobras em operação, espalhadaspelos 151 mil quilômetros quadrados de área exploratória de petróleono Brasil. Na Bacia de Campos, são 40 unidades — entre plataformas enavios adaptados — com aproximadamente 35 mil funcionários. De acordocom o Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro(Sindipetro), o aumento da procura por profissionais de nível técnicopelas empresas que compõem a cadeia produtiva do setor de petróleo egás ampliou também a busca dos jovens pela qualificação. A decisão decomeçar uma carreira na indústria petrolífera offshore, entretanto,deve ser tomada com muito cuidado, devido aos riscos. Por outro lado,trabalhar embarcado pode ser não apenas lucrativo, mas tambémgratificante, tanto para homens quanto para mulheres.Engenheiros, eletricistas, caldeireiros, mecânicos, profissionais dehotelaria, professores de educação física, rádio-operadores,mergulhadores e técnicos de diversas áreas são os profissionais quemantêm o funcionamento das ilhas que buscam petróleo no fundo do mar.Com o funcionamento automatizado, esses profissionais passam o diamonitorando equipamentos pesados, guiando sondas por computadores,analisando o que vem debaixo da água ou simplesmente cuidando de quemestá ali, desde a temperatura do ar condicionado da plataforma,passando pelo aspecto físico e psíquico dos funcionários, até o queserá servido em uma das até oito refeições diárias.Mas, para chegar ao alto-mar não é nada fácil, pelo menos na opiniãodo técnico de automação Arthur Crespo, 26 anos, morador de São João daBarra e há dois anos trabalhando embarcado. Ele informou que esse foiseu primeiro emprego e a opção foi baseada no alto salário oferecidopelas empresas multinacionais.Para trabalhar numa empresa terceirizada ou multina-cional não énecessário curso superior e sim técnico e foi a minha opção. Comeceicom um salário de R$ 1,5 mil e hoje consegui alcançar os R$ 6 mil.Trabalhar embarcado tem seus prós e contras. Entre os prós está o bomsalário e entre os contras está o confinamento, com o qual a gente nãoconsegue se acostumar, mas isso faz parte da nossa opção — disse ele,que na última quarta-feira esperava para embarcar no Heliporto doFarol de São Thomé, para mais uma jornada de trabalho em alto mar.A vida dos petroleiros não se resume a apenas trabalho, há tempo paradescanso — considerado fundamental devido à periculosidade daatividade —, diversão, festas de confraternização, práticas esportivase religiosas. Na maior parte das plataformas da Petrobras há academiade ginástica, quadra de futebol, sala de televisão, cinema, jogos emúsica. Há também o contato com quem está no continente, garantido portelefone ou internet. Os funcionários, em seus camarotes, têm aliberdade para levar equipamentos de TV, DVD e lembranças para tentarconter a saudade da vida que deixaram quando entraram no helicópteropara a extensa jornada de trabalho.--João Dias (Joãozinho)
Colunas: cantinho do Direito e Esporte
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