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sábado, 2 de setembro de 2023

Concurso da PM: Nova prova deve acontecer em 45 dias a três meses

 Professores de cursos preparatórios falam sobre expectativas diante da anulação da primeira fase da seleção realizada no último domingo



O governador do Rio, Cláudio Castro, decidiu anular a prova objetiva do concurso da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ), após diversas denúncias de fraudes durante sua aplicação, no último domingo (dia 27). As novas diretrizes da seleção ainda estão sendo definidas. Mas o EXTRA perguntou a especialistas quando a nova prova deverá acontecer.

Nos cursos preparatórios, a expectativa é que a aplicação do novo exame demore 45 dias a três meses. E outras etapas do cronograma do concurso devem ser impactadas.

— Nós podemos tomar como referência para essa nova prova o tempo entre a publicação do edital e a data da aplicação da primeira prova, que foi de cerca de três meses. E a prova discursiva, de redação, necessariamente terá que ser adiada — opina o professor do Colégio e Curso Zero Hum Wilker Gassen.

Érico Palazzo, professor do Gran Cursos Online, aposta num processo mais ágil:

— Esperamos que a prova seja remarcada já na próxima semana. E acredito que essa nova data seja para entre 45 dias e dois meses, sendo realizada a prova em outubro, com atenção para o calendário e datas de outros concursos que podem impactar — afirma.

O professor, no entanto, cita outra possibilidade:

— Existe uma remota possibilidade de cancelarem o contrato com a banca e contratarem uma nova organizadora. Se isso acontecer, é necessário um novo processo licitatório e tende a demorar meses até a escolha da banca e mais ainda para a publicação de um novo edital. Assim, seria publicado novo edital, com novas inscrições, e a Ibade teria que devolver os valores de todas as inscrições anteriores.

Jornada prolongada

O concurso da Polícia Militar do Rio de Janeiro visa a preencher duas mil vagas de soldados e é organizado pelo Instituto Brasileiro de Apoio e Desenvolvimento Executivo (Ibade). No último domingo, foi aplicada a prova objetiva, primeira etapa da seleção, em mais de 120 locais da Região Metropolitana do Rio.

Nas redes sociais, candidatos reclamaram da falta de fiscalização e estrutura nesses endereços. Segundo eles, não havia compartimento para guardar o celular, e candidatos chegaram a usá-los para fazer consultas. Vídeos e fotos dentro das salas de prova circularam na internet, assim como mensagens em grupos privados de candidatos admitindo a "cola". Inscritos nos concursos também relataram atrasos na aplicação da prova e falta de detectores de metais.

Aluno do Gran Cursos Online, Marlon Felicio não notou problemas no seu local de prova. Foi apenas ao chegar em casa e navegar na internet, que descobriu os problemas ocorridos, após se preparar por um ano e meio para o concurso.

— Sempre trabalhei no horário noturno, então eu tenho que cronometrar minhas horas de sono, meu tempo na academia e até minhas horas de estudos, pois é extremamente difícil manter a constância em qualquer coisa além do trabalho. Normalmente tirava quatro horas de estudos por dia e mais a hora do jantar no trabalho, resolvendo questões ou fazendo alguma revisão — relata.

Com a decisão de anulação da prova objetiva, a jornada de sacrifícios dele vai ser prolongada. Para os professores, a medida foi a mais correta e justa a ser tomada diante das denúncias de irregularidades. Mas a situação é lamentável.

— A anulação afeta a disputa dos candidatos. Aquele que já tinha conseguido uma nota alta vai ter um novo peso emocional para lidar na próxima prova. Para aqueles que tiveram uma pontuação razoável ou abaixo do que precisavam, vai ser uma segunda chance — explica Wilker Gassen.

Ao todo, o concurso para ingressar no Curso de Formação de Soldados da Polícia Militar 2023 teve 119.541 candidatos inscritos, sendo 88.420 homens e 31.121 mulheres. Após a nova prova objetiva, os candidatos aprovados estarão aptos a participar da segunda fase: a prova escrita discursiva (redação).

Segundo a PM, uma vez aprovado nas duas primeiras etapas, o candidato participará de outras sete fases, todas de caráter eliminatório: preenchimento do Formulário de Informações Confidenciais (FIC) do exame social e verificação dos requisitos para inscrição no concurso; exame antropométrico — medida das dimensões físicas de uma pessoa, considerando peso, altura e Índice de Massa Corporal (IMC) —; teste de aptidão física; exame psicológico; exames médicos; exame social e toxicológico; e avaliação documental.

Vinte foram presos

Segundo a Secretaria estadual de Polícia Militar, durante a aplicação das provas objetivas foram presos também 20 candidatos, dos quais 19 tinham mandados de prisão em aberto. Outro foi detido em flagrante por tentar usar dados falsos no processo seletivo.

Para a operação do último domingo, a secretaria cruzou dados dos inscritos no processo seletivo com bancos de informações judiciais e identificou os locais de prova dos 19 nomes com pendências por crimes como fraude, deserção das Forças Armadas, receptação e roubo. Dessa forma, as equipes policiais puderam buscá-los no dia da prova e conduzi-los a delegacias.

Os agentes do serviço de inteligência da PM ainda efetuaram a prisão em flagrante de um ex-cabo da Polícia Militar expulso da corporação, após se envolver em uma tentativa de homicídio contra um vigilante de um centro comercial da Zona Norte do Rio, em 2016. O ex-militar recebeu voz de prisão por tentativa de fraude ao certame, quando tentava prestar o concurso para soldado com dados de outro candidato.




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