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quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Com Castro e Freixo na mira, corrupção marca debate da TV Globo com candidatos ao governo do Rio

 


À frente nas pesquisas, o atual governador do Rio, Cláudio Castro (PL), e o deputado Marcelo Freixo (PSB) se tornaram os principais alvos de ataques no debate com os concorrentes ao governo do Rio, promovido pela TV Globo na noite desta terça-feira. O tema da corrupção foi protagonista já no primeiro bloco e foi usado também por Rodrigo Neves (PDT) e Paulo Ganime (Novo) para mirar tanto em Castro quanto em Freixo.

Denúncias de irregularidades nas contratações da Fundação Ceperj, que movimentaram quase R$ 250 milhões em saques em espécie em esquema de cargos secretos, e delações premiadas contra o atual governador com acusações de recebimento de propina, hoje sob análise do Superior Tribunal de Justiça (STJ), foram citados pelos adversários de Castro. Já o marqueteiro da campanha de Freixo, Renato Pereira, que delatou à Lava-Jato caixa dois em campanhas do MDB fluminense, e a aliança com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foram explorados contra o candidato do PSB.

Freixo apontou o suposto envolvimento de Castro em fraude na Fundação Leão XIII, lembrando delação em que uma testemunha diz que o candidato recebeu US$ 20 mil para "passear com a família na Disney", no período em que ele ainda era vereador. Ele também citou denúncias na Saúde que culminaram com o impeachment do ex-governador Wilson Witzel (PMB), quando houve buscas e apreensões na casa de Castro. Em determinado momento, ressaltou que "há uma possibilidade, sim, da gente ter um governador preso novamente".

— (Castro) Teria recebido 20 mil dólares para passear na Disney. Ele visita, mas não explica. Ainda tem um inquérito de fraudes na saúde. O mesmo que tirou Wiitzel do poder. A corrupção mata — atacou Freixo, que pediu aos eleitores para pesquisar no Google "Cláudio Castro e mochila", a exemplo de sua propaganda na TV.

Além de ressaltar suspeitas contra Castro, Paulo Ganime mirou também em Freixo:

— Freixo fala do Castro, mas esquece quem é o marqueteiro dele, que tem condenação por caixa dois. Freixo está ligado a um condenado pelo maior esquema de corrupção, o ex-presidiário Lula. Ele é ligado por pessoas iguais — disse o candidato do Novo.

Em um direito de resposta, Castro se defendeu acusando Freixo de mentir sobre o caso do Ceperj.

— Há uma campanha aqui que foi a mais condenada na história do Tribunal Regional Eleitoral por mentir, por enganar, que é a campanha do candidato Marcelo Freixo. Ele teve 16 condenações, ele é condenado pelo TRE. Ele é condenado porque mentiu. O Ceperj não é nada disso, a gente vai explicar. Realmente, delações existem, é aquela indústria de delações que você viu. O Freixo, ele é curioso: o marqueteiro dele é envolvido em delação, o pessoal que o apoia é envolvido em delação, mas ele fala. Sabe a minha diferença? Estou processando todos os delatores para que apresentem as provas, e não tem nenhuma contra mim — afirmou o governador.

Em outro momento, Castro foi confrontado com uma pergunta de Ganime sobre prisões e acusações contra ex-secretários do governador, como Alan Turnowski, que chefiou a Polícia Civil e é acusado de ligação com o jogo do bicho, e Raphael Montenegro, que comandava a Administração Penitenciária e teria negociado com uma facção criminosa. Castro afirmou que é responsável por aqueles que nomeia.

— Eu sou responsável por aquele que eu nomeio. Só quem já meteu a mão na massa sabe o que é isso. O que a outra pessoa colocou é responsabilidade dela. Quando aconteceu o problema da Ceperj, eu fui dialogar com Ministério Público. Quem governa pode ter problemas sim — respondeu.

O candidato à reeleição evitou, ao longo do debate, o embate direto com Freixo, o que só ocorreu no último bloco, em uma pergunta do deputado federal sobre milícias. O primeiro embate gerou pedidos de direito de resposta em série de ambos os candidatos.

Contradição

Ainda no primeiro bloco, Rodrigo Neves apontou suposta contradição de Freixo no recebimento de financiamento de banqueiros em sua campanha. O candidato do PSB respondeu que se trata de um movimento de diálogo.

— A gente vive um momento no Rio e no Brasil muito agudo. Uma crise de desemprego, na violência e na saúde sem precedente. O que a gente conseguiu no Rio de Janeiro foi um movimento de união de diálogo. Onde é possível ter uma pessoa como Armínio Fraga, Marcelo Trindade e ter os movimentos sociais, uma liderança de favela, os professores, é isso que o Rio precisa. Sem isso o Rio não sai dessa crise enorme que está — respondeu Freixo.

Neves rebateu dizendo que "o papo de frente ampla não engana as pessoas":

— Olha Freixo, esse papo de frente ampla, de união, evidentemente não engana as pessoas. Você dizia que quem financia campanha cobra fatura depois. Armínio Fraga que é representante do sistema financeiro internacional doou mais de R$200 mil pra sua campanha. O sócio do banqueiro Daniel Dantas doou mais de R$100. As famílias do banco Itau financiaram com mais de R$1 milhão. Essa contradição você precisa explicar.

Ao debater soluções para combater o desemprego, Neves alfinetou Castro, após o governador ressaltar que indústrias voltaram ao Rio em sua gestão e que o estado é um canteiro de obras.

— Ouço você falar e me sinto em Marte. Você, Cláudio, fala em números mas ninguém vê empregos. As pessoas passam fome, mas o Castro fala em números que parece ser uma maravilha esse estado — atacou o pedetista.

Castro se afasta de Witzel e Freixo mira centro

Vice de Wilson Witzel, que sofreu um impeachment ao meio do mandato, Castro buscou se afastar do antigo aliado ao longo do debate. O chefe do Executivo chegou a chamar o antecessor de "outra pessoa", genericamente. Perguntado por Rodrigo Neves sobre transporte, Castro voltou a se desvencilhar de Witzel e alegou:

—Eu só estou no governo há dois anos.

Neves devolveu:

— Você está há quatro anos com o parceiro Witzel, que você traiu.

Já Freixo repetiu a estratégia de se mostrar como um candidato mais ao Centro e acenou a essa parcela do eleitorado ao ser perguntado por Paulo Ganime sobre segurança pública.

— Precisamos de dois braços. Uma é a polícia bem treinada para botar bandido na cadeia. O segundo é investimento social.

Freixo também repetiu que, em um eventual governo sob seu comando, "haverá, sim, operações policiais".

G1



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