Em meio à queda de braço sobre informações de transparência
do processo eleitoral brasileiro, as Forças Armadas solicitaram ao Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) receber arquivos referentes aos pleitos de 2014 e 2018. A
informação foi publicada pela Folha de S. Paulo no dia 12 de julho. Segundo
o jornal, no ofício datado de 24 de junho os militares justificam a solicitação
destacando a necessidade de “esclarecer e conhecer os mecanismos do processo
eleitoral com a finalidade de permitir a execução das atividades de
fiscalização do processo eleitoral”.
A mensagem ao TSE tem assinatura do general Paulo Sérgio Nogueira, ministro da
Defesa. Por sua vez, a listagem dos arquivos solicitados é assinada pelo
coronel do Exército Marcelo Nogueira de Sousa, chefe da equipe das Forças
Armadas que vai participar da fiscalização do processo eleitoral. Os militares
solicitaram arquivos de imagens dos boletins de urnas (emitidos ao final da
votação com a totalização dos votos de cada urna), arquivos com o registro
digital do voto e os logs das urnas (que registram o que ocorreu ao longo da
eleição). As Forças Armadas ainda solicitam acesso ao relatório de urnas
substituídas e dados sobre comparecimento e abstenção em cada seção eleitoral.
A reportagem entrou em contato com o Ministério da Defesa para pedir uma
posição sobre o ofício ao TSE, mas a pasta não comentou o episódio até o
momento de publicação. A nota será atualizada se as Forças Armadas se
manifestarem.
Bolsonaro e o TSE
A lisura dos pleitos de 2014 e 2018 tem sido contestada pelo
presidente Jair Bolsonaro (PR) em seu discurso sobre transparência eleitoral.
Na última semana, durante a transmissão semanal na internet, o ocupante do
Palácio do Planalto manifestou a intenção de apresentar
dados sobre eleições passadas a embaixadores estrangeiros no Brasil. A
manifestação do presidente aconteceu no mesmo dia em que o ministro Luiz
Edson Fachin, atual presidente do TSE, afirmou em evento nos EUA que teme por
reações golpistas depois das eleições, em menção indireta à visão crítica do
Poder Executivo. Fachin, que vai ser substituído por Alexandre de Moraes no
comando do TSE em agosto, mencionou o episódio da invasão
do Congresso norte-americano por apoiadores de Donald Trump em 2021 como
exemplo do que pode ser visto no Brasil.
No dia 14 de julho, o Senado marcou uma sessão para tratar do tema, convidando
representantes do governo federal e do TSE. A audiência na Comissão de
Fiscalização e Controle aguarda a participação de Alexandre de Moraes, além do
ministro Paulo Sérgio Nogueira, da Defesa, além de integrantes da Polícia
Federal e da ONG Transparência Internacional.
REVISTA OESTE
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