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terça-feira, 7 de junho de 2022

Varíola do macaco: saiba o que ainda é um mistério para a ciência

 







Quase um mês após o primeiro caso confirmado, cientistas seguem sem saber por que o número de infectados cresce tão rápido e como há pessoas doentes em lugares tão diferentes

Desde o dia 6 de maio, o mundo tem lidado com um surto global de varíola do macaco, que começou na Europa e hoje já há infectados em quase 30 países. 
Teoricamente, essa doença não causaria tanta preocupação nos pesquisadores, uma vez que ela é altamente conhecida. Surgiu nos macacos em 1958, e o primeiro caso em humanos foi em 1970. Além disso, a transmissão sempre foi considerada difícil pelos especialistas. 
Mas o crescimento exponencial de infectados e o aparecimento em lugares teoricamente sem conexão mudou essa história, e alguns pontos intrigam a comunidade científica

A infecção pelo vírus da varíola do macaco pode ocorrer pelo contato com animais ou entre pessoas. Sempre esteve associada a viagens aos países africanos onde a doença é endêmica (acontece frequentemente). Além disso, nos surtos anteriores, os infectados se concentravam e rapidamente sumiam. Uma das hipóteses levantadas é que o vírus tenha sofrido mutações, que facilitariam a transmissão entre humanos. 
De acordo com os primeiros resultados de análise genômica, houve mais de 47 alterações no DNA do vírus, mas ainda não é possível afirmar que ele está mais patogênico ou mais transmissível. Não se sabe, por exemplo, há quanto tempo o vírus atual está circulando entre humanos.

A varíola do macaco é transmitida por relação sexual?

Segundo as agências de saúde dos países que têm casos registrados, a maioria dos infectados são homens que fazem sexo com homens. Por isso, pesquisadores investigam se algo mudou na transmissão do vírus, que sempre foi por contato próximo, principalmente com a pele, ou com secreções, como saliva.
"Não é possível saber se é uma doença transmitida por meio do sêmen, não há comprovação. O que aconteceu é que os primeiros casos na Europa foram registrados em homens que tinham como link epidemiológico o fato de serem homens que fazem sexo com homens. Mas isso não se deve ao fato que o vírus está sendo transmitido sexualmente, igual ao HIV.
Provavelmente, eles tiveram pontos convergentes de exposição, por exemplo, um aplicativo de encontro. O vírus vai passando por meio dessas redes, ou festas, encontros em massa. O vírus conseguiu pegar uma cadeia de muita sorte e foi por essa rota de homens que fazem sexo com homens", explicou Giliane Trindade, virologista da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais)

Os casos dos diferentes países têm a mesma origem?

O fato de a doença ser detectada em pessoas sem conexão sugere que o vírus pode estar se espalhando silenciosamente. A epidemiologista do CDC (Centro para Prevenção e Controle de Doença) dos Estados Unidos Andrea McCollum considera “profundamente preocupante”.
Essa resposta só será possível descobrir a partir das análises genômicas. "As análises até agora comprovam que o surto nos diferentes países partiram de uma única 'reintrodução' na espécie humana", afirma Camila Malta, pesquisadora do Laboratório de Investigação Médica do Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e do Instituto de Medicina Tropical

Os casos dos diferentes países têm a mesma origem?

O fato de a doença ser detectada em pessoas sem conexão sugere que o vírus pode estar se espalhando silenciosamente. A epidemiologista do CDC (Centro para Prevenção e Controle de Doença) dos Estados Unidos Andrea McCollum considera “profundamente preocupante”.
Essa resposta só será possível descobrir a partir das análises genômicas. "As análises até agora comprovam que o surto nos diferentes países partiram de uma única 'reintrodução' na espécie humana", afirma Camila Malta, pesquisadora do Laboratório de Investigação Médica do Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e do Instituto de Medicina Tropical

Vai ser necessário vacinar toda a população?

Por ora, a OMS acredita que a vacinação pode ser localizada e indicada para pessoas próximas às infectadas, como está sendo feito no Reino Unido e nos Estados Unidos. Profissionais de saúde da linha de frente também podem ser beneficiados com o imunizante. 
Existe uma vacina contra a varíola do macaco produzida pelo laboratório Bavarian Nordic, na Dinamarca. Além disso, a vacina usada anteriormente poderia ser usada, mas precisaria passar por atualização. A questão é que não há produção em larga escala de nenhum imunizante.
A epidemiologista Andrea McCollum do CDC disse, em entrevista à revista Nature, acreditar que as terapias provavelmente não serão implantadas em grande escala para combater a varíola. Deve ser usado o método chamado vacinação em anel para conter a propagação do vírus. Aplica-se o imunizante nos contatos próximos de pessoas que foram infectadas para cortar quaisquer rotas de transmissão. “Mesmo em áreas onde a varíola [do macaco] ocorre todos os dias, ainda é uma infecção relativamente rara”, afirmou a especialista.

É possível a reinfecção da doença? 

Por ser até então uma doença rara, ainda não é possível saber se há casos de reinfecção ou se as pessoas que já pegaram outros tipos de varíola estão imunes à doença. 
"Não se sabe se a doença pode ser pega mais de uma vez. O que se sabe é que a imunidade gerada pela doença ou pela vacinação é uma imunidade protetora e que dura um longo período de tempo. Até porque, se não fosse assim, a varíola não teria sido erradicada", ressalta Giliane Trindade.


Fonte: R7

 

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