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segunda-feira, 23 de maio de 2022

Covid-19: Subvariantes BA.2.12.1 e BA.5, responsáveis por aumento de casos nos EUA e na África do Sul, são detectadas no país

 



A subvariante da Ômicron BA.2.12.1, que tem provocado um aumento de casos de Covid-19 nos Estados Unidos, foi identificada em 4 amostras na cidade do Rio de Janeiro no mês de abril. As informações são do processo de vigilância genômica da rede de saúde integrada Dasa, obtidas com exclusividade pelo GLOBO. Na última semana, a sublinhagem já havia sido identificada pela primeira vez no Brasil, em Belo Horizonte, por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Além disso, o Laboratório de Vírus Respiratório e Sarampo (LVRS) da Fiocruz informou à Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro, nesta sexta-feira, que 4 casos da subvariante BA.5, que tem provocado uma nova onda na África do Sul, também foram identificados na cidade. É a primeira vez que essa sublinhagem é detectada no Brasil.
A BA.2.12.1 foi identificada pela primeira vez no mundo no início de abril pelo Departamento de Saúde do Estado de Nova York, que estimou uma transmissibilidade 27% maior que a BA.2, subvariante da qual ela é derivada. Segundo dados mais atualizados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), ela foi responsável por 47,5% dos novos casos no país na última semana – e está em ritmo de crescimento para se tornar prevalente. Na região de Nova York, por exemplo, já é responsável por cerca de 73% dos casos.
Esse aumento da proporção da sublinhagem acontece no momento em que o país vive um crescimento nas infecções pelo coronavírus. De acordo com a plataforma de dados da Universidade John Hopkins, Our World in Data, os Estados Unidos vivem uma alta de casos desde o início de abril, embora o número de mortes não esteja subindo no mesmo ritmo.
— Os casos no Rio foram detectados a partir de amostras coletadas em abril. No sequenciamento do mês, a gente identificou a maioria, cerca de 90%, de BA.2, uma parte ainda de BA.1 e, pela primeira vez, casos da BA.2.12.1. Hoje é difícil saber se o que está acontecendo nos Estados Unidos, que vive uma nova onda, vai acontecer aqui também, mas há essa possibilidade — explica o virologista da Dasa, José Eduardo Levi.
Segundo Levi, foram analisadas cerca de 320 amostras do Rio de Janeiro, o que faz com que os casos da nova subvariante representem cerca de 1% do total no estado.
Já a BA.5 foi registrada inicialmente na África do Sul, em fevereiro, onde já é prevalente junto à BA.4, detectada pouco antes. Ambas juntas são responsáveis pela maioria dos novos casos na região, que estavam subindo desde abril. Porém, desde o último dia 11 os números começaram a apresentar uma tendência de queda.

Maior potencial de reinfecção

As três subvariantes da Ômicron têm acendido o alerta de autoridades de saúde pelo mundo pela capacidade de reinfecção. A Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou diretrizes em que orienta os países a monitorarem os casos das três sublinhagens, explica o virologista da Dasa.
Segundo um estudo de pesquisadores israelenses, em análise na plataforma de pré-prints (pesquisas ainda não revisadas por pares) MedRxiv, a BA.2.12.1, BA.4 e BA.5 demonstraram uma capacidade “substancial” de escapar dos anticorpos produzidos tanto pela vacinação como pela infecção prévia, mesmo naquelas de outras sublinhagens da Ômicron, como a BA.1 e a BA.2.

— A BA.2 já tinha uma capacidade elevada de escapar dos anticorpos da BA.1. A BA.2.12.1 tem apenas uma única mutação específica dela, o resto é muito parecido com a BA.2. Então seu comportamento deve ser muito parecido, mas com maior transmissibilidade — afirma Levi.
Essa capacidade explica o aumento de casos mesmo em países com altas taxas de imunização ou que vivenciaram ondas recentes da doença, como o Brasil. Ainda assim, o crescimento de diagnósticos não tem sido acompanhado na mesma proporção pelas hospitalizações e mortes.
Não há ainda informações sobre possíveis mudanças na gravidade do quadro da doença pela BA.2.12.1, BA.4 e BA.5, ou se ela consegue levar mesmo pessoas vacinadas a cenários de hospitalização com mais facilidade.

Fonte: Jornal Extra

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