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segunda-feira, 19 de julho de 2021

Casa bagunçada pode gerar incômodo para os moradores

 


Uma casa diz muito sobre seu dono. A rotina atarefada e dividida entre trabalho e cuidado com os filhos torna difícil manter os ambientes organizados à perfeição — e um pouco de desordem é até aceitável. Afinal, são muitas as responsabilidades que, em tempos de pandemia, estão sobre os ombros de todos.

Mas, se a bagunça atrapalha o dia a dia, dificulta tarefas simples, como cozinhar ou encontrar as chaves do carro, e começa a afetar o humor, é hora de parar tudo e arrumar a casa. O incômodo da desorganização pode se juntar a outros problemas e criar desconforto no relacionamento em família. Então, mãos à obra! Dê uma geral na casa e aproveite para se desfazer de coisas que já não fazem mais sentido e que só ocupam espaço.

O primeiro passo é identificar os ambientes de convivência na casa. Para quem está em home office, a dica do arquiteto Gabriel dos Reis Joia é organizar os espaços de trabalho e de convívio familiar de forma simples, a partir da definição dos ambientes. Uma forma eficiente e barata de se fazer isso é definir os cômodos com a pintura das paredes em cores diferentes.

— Para que os ambientes fiquem mais agradáveis, uma sugestão é utilizar caixas organizadoras e prateleiras decorativas. Quanto menos interferências houver nos espaços, maior a sensação de amplitude e mais confortáveis eles ficarão — sugere.

Os brinquedos das crianças têm um papel à parte na bagunça. Espalhados por todos os cantos, dão a sensação de caos o dia inteiro. Brinquedos devem ficar guardados nos quartos dos pequenos em armários ou baús e não no chão ou sobre a cômoda, por exemplo. Quando o móvel estiver muito cheio, quer dizer que está na hora de doar alguns brinquedos para ganhar mais espaço.

— As caixas ou módulos organizadores servem tanto para guardar itens que não devem ficar expostos, como também para decorar os ambientes — afirma Gabriel Joia, sugerindo ainda a colocação de vasos de plantas, que têm efeito tranquilizador, principalmente nestes tempos em que as pessoas passam tanto tempo dentro de casa.

Móveis versáteis

A arquiteta da Avanço Realizações Imobiliárias, Monique Nunes, ressalta que, nas moradias alugadas, a personalização dos ambientes fica mais engessada. Ela sugere que, nesses casos, os moradores lancem mão de móveis mais versáteis e flexíveis, como prateleiras com suportes para vários nichos.

— Usar araras em substituição ao guarda-roupa deixa o ambiente mais descolado e mais descontraído. Prateleiras na cozinha e na lavanderia também facilitam muito a organização — comenta Monique.

Outra sugestão são as antigas chapeleiras, que ganharam espaço nas decorações modernas, dando um toque "retrô" e charmoso aos ambientes. Elas são ótimas para se pendurarem bolsas e lenços que, em geral, são jogados sobre os sofás.

— Além de criar um ambiente bacana na entrada do imóvel, a chapeleira desempenha ainda um papel organizador, evitando coisas espalhadas pela casa.

Outro incômodo muito comum são os fios e cabos elétricos espalhados pela casa, que não só causam uma sensação de bagunça como representam perigo. Para esses casos, a indicação são os passa-fios, calhas de plástico próprias para embutir a fiação, facilmente encontrados em lojas de material de construção, ou o uso de painéis feitos sob medida ou vendidos em lojas de decoração.

— Os painéis possibilitam a passagem da fiação elétrica por trás, de maneira oculta e sem incomodar visualmente, e têm sido usados de forma decorativa também — destaca Monique.

Quando a desorganização é um problema de saúde

 

A desorganização pode ser a causa ou consequência de questões relacionadas a aspectos psicológicos ou a transtornos mentais, por exemplo. Nesses casos, o indicado é buscar a ajuda de um profissional.

A psicóloga Carolina Farias da Silva Bernardo, especialista em terapia cognitivo-comportamental, afirma que quem tem um quadro depressivo, sem energia para fazer as coisas e sente muita tristeza e desânimo, pode não conseguir arrumar a casa. Da mesma forma, quem tem transtorno de déficit de atenção ou hiperatividade terá dificuldade de organizar e gerenciar ambientes e tarefas.

— Há casos até mais graves, como os transtornos de acumulação — diz ela, apontando situações em que a pessoa não tem espaço suficiente para acomodar todos os objetos acumulados, deixando as áreas de convívio tão lotadas e desorganizadas que fica impossível utilizá-las.

Diferentemente de colecionadores, a pessoa acumula coisas de forma desorganizada e tem dificuldade de se desfazer de objetos de pouco valor. O transtorno pode ser leve inicialmente, mas tende a piorar gradativamente conforme a pessoa envelhece.

— Em um ambiente desorganizado, a chance de a pessoa ter emoções agradáveis é muito baixa. Quando não há um senso de controle do ambiente, a probabilidade de se ter engajamento para fazer as tarefas também é quase nula. Por isso, muitas vezes a pessoa procrastina a organização dos ambientes e vai empurrando as tarefas com a barriga — afirma Carolina.

Para Marcelo Abuchacra, psicólogo comportamental, a desorganização está relacionada ao ambiente em que a pessoa foi criada — e ela nem sempre se sente mal nesse ambiente de bagunça.

— A criança não nasce sabendo como organizar as coisas, isso é um comportamento aprendido, o que chamamos de comportamento operante — diz ele, acrescentando que, no Brasil, há quem preze viver no caos, diferentemente do Japão, em que a organização do lar é uma questão cultural.

Para ele, o problema fica mais difícil de contornar quando se divide o imóvel com outra pessoa que tenha ponto de vista diferente, pois vai gerar conflitos, oscilação de humor, desequilíbrio emocional e divergências.

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