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terça-feira, 3 de março de 2020

Avó de 86 anos pede medida protetiva contra neto que matou gato brutalmente na manhã desta terça-feira

Na manhã desta terça-feira um vídeo chocou e revoltou a população paduana e as redes sociais, onde B.W.R aparece matando um gato com raiva e requinte de crueldade. B.W.R que sofre de transtornos mentais, já agrediu a avó que na época registrou boletim de ocorrência, ele já esteve internado no Hospital Hélio Montezano, mais segundo sua vó Sra. Altair ela já tentou a internação dele por diversas vezes junto a prefeitura através do CAPS e da secretaria de saúde mais nenhuma providência foi tomada, tanto que ela vive em sua casa com medo. Assista aos vídeos da jornalista Márcia Mendes na Delegacia de Pádua e na casa da Avó de B.W.R, que está sendo procurado por agentes da Secretaria de Assistência social para que seja feita a sua internação compulsória e efetuar um tratamento.

Márcia Mendes apurando o fato na Delegacia de Pádua-RJ


Avó preocupada com sua integridade física


Momento em que B.W.R mata o gato. Cena forte e revoltante

Conforme Boletim de ocorrência abaixo.






Relação entre homicídio e transtornos mentais, o assunto veria ser levado mais asserio entre o poder público segundo estudo de pesquisadores da UFF(Niteroi).

RESUMO

OBJETIVO: Diversos estudos encontraram uma relação entre transtornos mentais graves e violência. Uma das abordagens de estudo deste tema são as investigações com criminosos homicidas. O objetivo do presente artigo foi investigar a associação entre homicídio e transtornos mentais.


MÉTODO: Foi realizada uma revisão da literatura, através das seguintes bases de dados: Medline, Scientific Eletronic Library Online e Lilacs. No sistema Medline também foi pesquisada a seção de artigos relacionados.



RESULTADOS: Embora exista uma associação entre transtornos mentais e homicídio, não está claro porque alguns pacientes comportam-se de forma violenta e outros não. Transtornos relacionados ao uso de álcool/drogas e transtornos de personalidade comórbidos e falta de aderência ao tratamento podem aumentar este risco.

CONCLUSÕES: É justificável a identificação de pessoas com risco elevado de comportamento violento e oferta de tratamento em serviços de saúde mental para as mesmas. Estes serviços deveriam prevenir a perda de contato e não-colaboração com o tratamento que freqüentemente precedem o homicídio perpetrado por pessoas com transtornos mentais graves. É de fundamental importância que a sociedade e as autoridades governamentais diminuam as barreiras de acesso ao tratamento psiquiátrico e psicossocial.


Descritores: Violência; Homicídio; Crime; Transtornos psicóticos; Esquizofrenia

Fonte:scielo.br

Introdução

A violência cometida por indivíduos com transtornos mentais graves tem se tornado um crescente foco de interesse entre médicos, autoridades policiais e população em geral. Diversos estudos na última década têm mostrado uma associação entre transtornos mentais e comportamento violento.1-3 Uma das principais abordagens para estudar esta relação são as pesquisas com indivíduos homicidas, uma vez que o homicídio é considerado uma expressão mais grave da violência.

A maioria dos estudos que descrevem a relação entre homicídio e transtornos mentais utiliza a expressão inglesa traduzida "transtornos mentais maiores". Na prática, essa expressão se refere a transtornos mentais graves, como esquizofrenia, transtorno bipolar, depressão maior e transtorno delirante.

É difícil interpretar os dados sobre o risco de comportamento violento entre indivíduos com transtornos mentais que vivem na comunidade. Para países como os Estados Unidos, com elevadas taxas de homicídio, a proporção de homicídios atribuídos a transtornos mentais é menor do que em países como o Reino Unido, onde há baixas taxas deste tipo de crime.4 Um dos poucos estudos comunitários sobre a associação entre transtornos mentais e violência foi a pesquisa do Epidemiologic Catchment Área.3 Oito a 10 por cento dos indivíduos com esquizofrenia relataram aos pesquisadores que tinham sido violentos nos últimos 12 meses anteriores à entrevista, comparados a 2% da população geral. 
Os que abusaram de drogas, apresentando ou não transtornos mentais, tiveram um risco maior.

Segundo pesquisas australianas, o aumento do número de condenações por homicídio em pessoas com esquizofrenia acompanhou os níveis de aumento de homicídio da sociedade em geral.

2,5 Pessoas com transtornos mentais graves são mais condenadas por crimes violentos do que aquelas sem transtornos mentais. São três os tipos de investigação que dão suporte a estes achados. Primeiro, estudos que acompanham indivíduos a partir de seu nascimento até a idade adulta (denominados de "birth cohort studies") e comparam aqueles indivíduos que desenvolveram transtornos mentais graves e são hospitalizados com aqueles sem história de internação por transtorno mental.

1,6-8 Estes estudos têm encontrado um número maior de pessoas que desenvolveram transtornos mentais condenadas por pelo menos um crime, comparadas àquelas sem transtornos mentais. As diferenças nas taxas de prevalência entre aqueles com e sem transtornos mentais foram maiores para crimes violentos do que para crimes não violentos, sendo a associação entre transtornos mentais e criminalidade (incluindo criminalidade violenta) mais importante para as mulheres.

Um segundo tipo de investigação é aquela que compara a atividade criminal de pessoas que receberam alta de hospitais psiquiátricos àquelas sem transtornos mentais, que vivem na mesma comunidade. Estes estudos têm encontrado taxas mais altas de criminalidade entre indivíduos com transtornos mentais graves.9 Steadman et al. seguiram amostras de pacientes de hospitais psiquiátricos gerais dos Estados Unidos, liberados para a comunidade e provenientes de quatro cidades.10 Os diagnósticos primários incluíram: 42% de depressão, 21,8% de abuso de substâncias, 17% de esquizofrenia, 14% de transtorno bipolar, 2% de transtornos de personalidade e 3% de outros transtornos psicóticos. Foi constatado que, durante o ano que se seguiu a alta, 27,5% dos pacientes cometeram pelo menos um ato violento que resultou em necessidade de ajuda médica por parte da vítima. 

As maiores freqüências de comportamento violento foram de 14,8% na esquizofrenia; 28,5% na depressão e 22% no transtorno bipolar. Um achado importante deste estudo foi que o maior preditor de comportamento violento era a existência de comportamento violento prévio.

Um outro estudo de metodologia semelhante recrutou 110 pacientes do sexo masculino liberados de hospitais forenses do Canadá, Finlândia, Alemanha e Suécia, com diagnóstico de esquizofrenia, transtorno esquizoafetivo ou transtorno esquizofreniforme.11 Vinte e cinco (22,7%) dos pacientes forenses tinham sido condenados por homicídio. Estes foram comparados com 47 pacientes liberados de hospitais psiquiátricos gerais, com o mesmo diagnóstico. Foi encontrado que os atos violentos, incluindo o homicídio, foram oito vezes mais prevalentes entre os pacientes forenses do que naqueles provenientes de hospitais psiquiátricos gerais. Ainda neste estudo, uma avaliação do grupo de pacientes provenientes de hospitais psiquiátricos gerais verificou que aqueles com passado de condenação tinham uma prevalência significativamente maior de diagnóstico de abuso de substâncias e transtorno de personalidade anti-social.

Em um terceiro tipo de investigação, estudos conduzidos entre prisioneiros homens, condenados por homicídio, descreveram prevalências elevadas de esquizofrenia (10,9% a 12,6%)12-13 e Transtornos do Humor (20,6%).12 Côté e Hodgins selecionaram uma amostra de 650 internos homicidas de uma penitenciária em Quebec, no Canadá, o que representava 22% da população penitenciária masculina em abril de 1988. Destes, 460 (71%) foram entrevistados, havendo também acesso aos seus processos criminais.12 Houve 109 indivíduos que apresentavam um transtorno mental ao longo da vida: 31 casos de esquizofrenia, 4 de transtorno esquizofreniforme, 51 de depressão maior, 21 de transtorno bipolar e 2 de transtorno mental orgânico. 

Significativamente mais indivíduos homicidas (35%) comparados a outros criminosos (21%) apresentavam transtornos mentais graves. Na maioria dos casos, o transtorno mental estava presente antes do homicídio. Em resumo, a associação entre transtornos mentais graves e comportamento violento ou homicida é demonstrada nos três tipos de investigação.

É importante salientar que essas pesquisas estão focalizando os transtornos mentais do eixo I. Talvez isso explique o porquê de não aparecer de forma evidente a associação entre transtorno de personalidade anti-social (que gera comportamento violento mais do que psicoses) e comportamento violento.

Quando se estuda a relação entre homicídio e transtornos mentais, um conceito importante é o de homicídio "anormal". Este é assim denominado por sua bizarria e incompreensibilidade,14 sendo também reconhecido pelo exame psiquiátrico do perpetrador e sua caracterização como indivíduo que apresenta um transtorno mental grave. A incidência de homicídios anormais tende a ser constante em diversas sociedades, acompanhando a incidência dos principais transtornos mentais, enquanto a incidência de homicídios "normais" reflete realidades mais amplas de uma sociedade, como a violência urbana, por exemplo.

15 Alguns estudos têm encontrado maior incidência de homicídios de familiares ou pessoas próximas em indivíduos psicóticos,16 enquanto homicídios de pessoas desconhecidas pelas vítimas seria mais frequentemente associado ao abuso de álcool ou drogas pelo perpetrador.17 Simpson et al. encontraram que, em 74% dos homicídios "anormais", as vítimas eram familiares ou companheiros dos perpetradores, sendo esta relação de proximidade encontrada em apenas 9% dos homicidas "normais".18 Não se pode desprezar estudos sobre a importância da vítima no processo criminal.19

As taxas encontradas de homicídios "anormais" têm variado entre diferentes estudos. O estudo de Simpson et al. encontrou uma taxa de 1,3 por mil habitantes.Vários estudos encontraram taxas maiores de homicídios "anormais".18 Estudos do Reino Unido4 e Canadá12 encontraram taxas de 11% e 12,6%, respectivamente. Quanto maior a taxa de homicídios de um país, menor é a proporção cometida por pessoas com transtornos mentais. A maioria dos estudos não encontrou alterações das taxas de homicídio "anormal" após o período de desinstitucionalização.4,20

Um dado curioso é que há menos estudos de homicídios anormais em amostras formadas apenas por mulheres, comparados aos estudos com homens. Eronen estudou 127 homicidas na Finlândia, ao longo de um período de 13 anos, avaliando tanto os transtornos mentais do eixo I quanto os transtornos de personalidade (eixo II).21 Constatou-se que as mulheres homicidas tiveram um risco 70 vezes maior do que as mulheres da população geral de apresentar transtorno anti-social de personalidade, dependência de álcool\drogas com transtorno de personalidade, e esquizofrenia com dependência de álcool/drogas. Outro estudo realizou um seguimento de 132 mulheres homicidas, incluindo aquelas mencionadas no estudo anterior, com finalidade de avaliar o recidivismo criminal nestas pacientes.22 Verificou-se que, após o homicídio inicial, 31 (23%) das 132 mulheres cometeram novos delitos, 15% dos quais foram violentos. Das mulheres com recidiva criminal, 81% apresentavam transtornos de personalidade e 10% transtornos psicóticos. As demais não apresentavam transtornos mentais. Após o homicídio inicial, 3% das mulheres cometeram outro homicídio. Num estudo semelhante,23 envolvendo indivíduos do sexo masculino, 2% foram homicidas recidivantes.

Na atual política de desinstitucionalização, na qual a hospitalização é cada vez mais limitada, tem havido uma prioridade para o desenvolvimento de estratégias de manejo do risco de violência na comunidade. Estas estratégias incluem procedimentos formais de avaliação de risco de comportamento violento, maior controle do tratamento ambulatorial, mais atenção à comorbidade com abuso de substâncias e crescentes esforços para aumentar a adesão ao tratamento.24

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