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sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018



A obrigatoriedade do teste, que consiste na avaliação do frênulo da língua em bebês recém-nascidos para verificar futuros problemas na amamentação, dentição e língua presa, já completa um ano.
Realizar a avaliação de um freno curto requer conhecimento especializado. Não há consenso nos critérios utilizados para a avaliação e a classificação anatômica do frênulo da língua, o que pode justificar a grande variação, entre 0,88% e 12,8%, nos índices de incidência de anquiloglossia.
De acordo com a Dra. Sílvia J. Chedid, cirurgiã-dentista e especialista em Odontopediatria, existe um protocolo de avaliação de frênulo de língua em bebês que foi desenvolvido pelos fonoaudiólogos Roberta Lopes de Castro Martinelli, Irene Queiroz Marchesan e Giédre Berretin-Felix e pelo especialista em Ciências Biológicas, Antonio de Castro Rodrigues.
Tal protocolo foi publicado no ano de 2014, na Revista. CEFAC. 2012 Jan-Fev; 14(1):138-145. “Com base neste protocolo, sugeriu-se um projeto de lei para a implantação do teste da linguinha nos hospitais, onde a avaliação deve ser realizada logo após o nascimento do bebê”.
Cabe lembrar que a avaliação da língua do bebê já era realizada nos hospitais, independentemente da lei sancionada. “A lei obriga que a avaliação seja uma obrigatoriedade, afirmando que um frênulo curto pode dificultar ou impedir a amamentação natural”, esclarece a odontopediatra.

Consequências do freio lingual inadequado

O freio lingual inadequado pode trazer algumas consequências para a saúde bucal e geral da criança.
Dra. Sílvia explica que a língua apresenta um papel muito importante no aleitamento materno, realizando, juntamente com os lábios e uma boa “pega” ao peito, a adequada pressão sobre os mamilos para a ordenha do leite.
“Quando o freno é muito curto, os movimentos da língua podem ficar prejudicados, e a amamentação natural também. Com a suspensão do aleitamento materno, o desenvolvimento das arcadas pode ser comprometido”, argumenta a também Diretora Científica da Associação Paulista de Odontopediatria.
  • A falta de aleitamento materno provoca a ausência de estímulo ao crescimento da mandíbula, que pode se manter retraída.
  • A deglutição, devido ao movimento limitado da língua, pode ficar alterada ou atípica.
  • A respiração e todo o desenvolvimento das vias aéreas podem ficar comprometidos, devido à ausência da amamentação natural.
“Além disso, sem o devido estímulo de crescimento das arcadas que o aleitamento proporciona, a cavidade oral pode não desenvolver adequadamente, causando problemas de oclusão”, argumenta a especialista. “Durante o desenvolvimento da fala poderão aparecer problemas referente à pronúncia de diferentes fonemas. Assim, dentre outros problemas, o maior dano que um freno curto pode causar é a limitação ao aleitamento materno e todas as consequências ao desenvolvimento oral”, completa.

O cirurgião-dentista como incentivador

O cirurgião-dentista exerce um papel de extrema importância na conscientização das futuras mamães sobre a necessidade do teste.
“A atuação mais importante do cirurgião-dentista está no pré-natal odontológico, quando poderá informar às futuras mamães sobre a importância do aleitamento materno e de como se preparar para que ele possa ser realizado de forma tranquila e segura”, elucida a cirurgiã-dentista e especialista em Odontopediatria.
A Dra. Sílvia ainda defende que todos os problemas decorrentes em relação à dificuldade na amamentação devem ser avaliados pelos profissionais envolvidos nesta transdisciplinaridade, para que, conjuntamente, decidam pelas melhores condutas e procedimentos.
É importante esclarecer que ainda há muita controvérsia sobre a questão da obrigatoriedade do Teste da Linguinha, no entanto, toda a informação e orientação pela saúde e sua promoção são válidos e devem ser estimulados.
“Os profissionais de saúde devem entender e orientar sobre a importância e complexidade dos procedimentos preventivos e de promoção de saúde. O teste da linguinha é mais um deles, assim como o teste do pezinho, do ouvido, o aleitamento materno, e tantos outros”, finaliza a Mestre e Doutora em Odontopediatria.

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